Tricolores de sangue grená, Evanílson, Dodi e Marcos Paulo são jogadores que atuam em posições diferentes, têm funções distintas dentro do campo, mas primam por algo em comum: saíram ou sairão praticamente de graça. Com Evanílson, o Flu ainda manteve uma merreca em termos de porcentagem, logo, deve receber algo por ele. Dodi e Marcos Paulo, por outro lado, terão seus contratos encerrados em breve (sendo o caso de Dodi o mais breve) e sabemos que o volante, pelo menos, não ficará. Sim, o Fluminense gastou uma grana para tirá-lo do Criciúma, pagou seus salários por todo esse tempo, mesmo que a maior parte do tempo ele tenha sido reserva do reserva e, quando começou a se destacar… tchau e bênção, já que não querem quase quadruplicar meu salário e me pagar o dobro do que pediu o Yony González em luvas. Fato curioso: três empresários agenciando o atleta. Três. Fico me perguntando a função de cada um deles. Será que um é motorista e o outro, despachante, enquanto é o terceiro que realmente negocia com os clubes?
A Lei Pelé é um grande problema e é impossível não falar dela. Ao “libertar” os jogadores das amarras do passe, deixou-os à vontade para fazer dos clubes gato e sapato, invertendo a lógica da importância. Em vez de os clubes serem o que mais importa, agora são os jogadores. Não é à toa que clubes começaram a pipocar do nada, alguns sendo verdadeiras incubadoras futebolísticas, servindo apenas pra produzir atletas para o mercado e nada mais. Isto posto, não dá para não perceber que já faz algum tempo que a nefasta lei está aí, bem como o Estatuto do Torcedor. Os estádios se adequaram ao estatuto conforme suas possibilidades, e os que não conseguiram, não puderam mais abrigar jogos de certas competições. Imagino a razão pela qual os contratos dos atletas ainda não foram adequados para salvaguardar os clubes, de maneira geral, como uma contramedida à Lei Pelé. E isso me faz imaginar que não seria do interesse de algumas das partes envolvidas nos clubes que assim o fosse. Afinal, o futebol virou um grande negócio. Tem a comissão do empresário… e qualquer um pode ser empresário.
Ao mesmo tempo em que temos esses casos de não-renovações com jogadores que ou seriam úteis peças no elenco (caso do Dodi), ou titulares absolutos (caso do Evanílson), ou nos renderiam uma excelente venda (caso do Marcos Paulo) me causa espécie e me faz ponderar se é mesmo tudo culpa da tal lei ou se há algo que não sabemos rolando. Como eu disse, embora os três jogadores não tenham tido seus contratos assinados pela atual gestão, é ela que está gerenciando suas saídas. Afinal de contas, transparência é um dos principais lemas dos atuais dirigentes do clube. Enquanto não tivermos uma auditoria séria e independente – promessa de campanha do Mário, diga-se – ficará complicado entender os meandros do que acontece nas Laranjeiras e, principalmente, em Xerém, quando tratamos desse tópico. Afinal, não soa-lhes estranho o baixíssimo valor da venda precoce de Marcelo Pitaluga ao Liverpool? Vemos outros clubes praticando valores muito mais elevados que os nossos ao se desfazerem de seus atletas, até mesmo clubes médios, como o Athletico-PR têm conseguido mais sucesso. Por que nós não?
Outra questão bastante relevante que se levanta é a falta da restauração de Laranjeiras. Quando questionada, a gestão disse que já descartou o projeto Laranjeiras XXI, de que tanto falei nesta coluna. Sim, um projeto de restauração do nosso patrimônio histórico a custo zero para o clube, descartado sem justificativa plausível. Afinal, mesmo que não se queira ou se deseje jogos do time profissional em Laranjeiras, jamais se defendeu apenas a reforma do campo! A restauração abarcaria todo o complexo, e é necessária, posto que há uma chance real de parte da arquibancada desabar, o que geraria uma multa para o clube. Não é melhor restaurar agora, sem precisar colocar um centavo, do que “esperar cair” e precisar gastar para reformar, além da multa? A quem interessa tudo isso? Eu não sei, meus amigos, mas tenho certeza absoluta que ao Fluminense não é. A torcida não merece uma gestão omissa, que deixa jogadores promissores ou importantes saírem por merreca ou a custo zero sistematicamente e negligencia a reforma necessária de nossa sede. Sigamos cobrando, pois esse é o nosso papel.
Curtas:
– A despeito de tudo que falei sobre o fim da “novela Dodi” nas linhas acima, a realidade é que ele provavelmente vai sumir. Pode ser que não vá pro exterior e acabe até parando nos esgotos da zona sul, mas vai certamente desaparecer. Tinha potencial para crescer, como o Allan também tinha, mas preferiu seguir pelo caminho do olho grande, tenha sido ele influenciado por empresários, agentes, assessores ou o escambau a quatro. Fato é que Dodi foi apenas mais um de muitos. O Fluminense segue eterno sem ele.
– A restauração de Laranjeiras, que tanto parece ser evitada pela atual gestão, poderia ser o marco de um novo início para o Fluminense. Desde o dilaceramento da sede de Álvaro Chaves na década de 1960, o local tem perdido importância e, agora, nem mesmo o time profissional treina mais lá. Perdeu-se o contato entre os jogadores e os torcedores antes dos jogos, algo de suma importância para a manutenção da identidade tricolor e para a formação de novos tricolores. Restaurá-la traria um simbolismo muito necessário, seria realmente um novo ponto de partida na nossa história. Não esqueçamos essa questão.
– Felippe Cardoso não pode e não deve mais vestir a camisa do Fluminense Football Club sob hipótese alguma. Deve ser multado em seu salário pela atitude ridícula se o contrato permiti-lo e ser colocado para treinar à parte, fazendo companhia pro já desconhecido Dodi, já que seu contrato termina mês que vem. Se relacionado for (escrevo a coluna antes da definição do elenco para a partida contra o Inter), será (mais) um achincalhe às nossas cores e, a partir de hoje, farei campanha ativa para que esse jogador seja desligado até que ele suma finalmente na irrelevância que lhe define. #forafelippehorroroso
– Palpite para as próximas partidas: já dei meu palpite contra o Inter na coluna anterior, então aí vai o placar pro jogo da outra segunda: Fluminense 3 x 1 RB Bragantino.
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