Lendo o noticiário do Fluminense na internet durante o último fim de semana, encontrei num site tópicos de uma entrevista com o ex-presidente tricolor Francisco Horta. A reestruturação do clube é elogiada, mas Horta dá um conselho muito importante ao atual mandatário Pedro Abad: que consiga um jeito, com criatividade, de contratar um grande craque para atender aos anseios da torcida.
Apesar de não ter sido, na época, o candidato que mais me agradava, Abad tem feito um trabalho notável, digno de reconhecimento. Pegou um clube aos frangalhos e está, aos poucos, devolvendo-lhe a grandeza. Sei das dificuldades da obtenção de recursos, mas o conselho do presidente eterno não pode ser ignorado.
Lembro quando eu tinha 10 para 11 anos de idade e meu pai chegou do trabalho exultante: ‘Filho, contratamos o Rivellino! ” Seus olhos brilhavam e os meus, por consequência, brilharam também. Foi naquele dia que comecei, verdadeiramente, a gostar de futebol. E também a amar o Fluminense com todo o meu coração.
Assim como hoje, não havia grana. O clube estava entregue às moscas. Mas Horta deu um jeito, usou a criatividade pela qual clama agora. E Rivellino veio, veio jogar num Maracanã que, em jogos do Fluminense, estava sempre cheio. Até jogo contra o America – que naquela época ainda era muito grande – dava mais de 100 mil pessoas.
Os tempos eram difíceis. Não vivíamos a crise que destruiu o Estado do Rio como hoje, mas estávamos sobre a sombra da ditadura. A criatividade, contudo, prevaleceu e a torcida do Fluminense foi feliz. Uma época inesquecível para quem a viveu – e mesmo para quem ainda nem havia nascido e dela tomou conhecimento através de jornais, revistas, livros e das imagens de televisão que não foram destruídas com o passar do tempo.
Muito me dirão que, quando Horta saiu do poder, o clube ficou afundado em dívidas. Uma meia-verdade, pois o Fluminense, no mesmo ano em que foi obrigado a vender Riva para o mundo árabe – já na gestão de Sylvio Vasconcellos – contratou a dupla Nunes e Fumanchu por uma quantia invejável (na época, 9 milhões de cruzeiros).
Tive a oportunidade de conviver mais intensamente com Horta na virada deste século. Com o Fluminense afundado na terceira divisão, ele usou a mesma criatividade de antes para trazer Carlos Alberto Parreira, o homem que conduziu o clube de volta ao convívio dos grandes. Assistir jogos ao seu lado na Tribuna de Imprensa do Maraca foi um privilégio.
Por ter convivido com um dos heróis de minha infância, com o responsável pela formação da Máquina Tricolor, pude constatar o quanto este homem ama o Fluminense. Deve ser ouvido não só pelo que fez, mas pelo que ainda pode elaborar em prol do nosso clube.
Só de ler que Horta deu esse conselho a Abad e acreditar que nosso atual presidente pode, pelo menos pensar no assunto, meus olhos já brilharam tais quais àqueles do garoto de 10 para 11 anos que corria para abraçar o pai quando este voltava do trabalho.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: paro
Achei a entrevista do Horta muito sensata, no geral. Só desafio o Presidente Eterno e o prezado colunista a citar ao menos um “grande craque” disponível e acessível aos padrões do futebol brasileiro. Se a própria seleção só tem um craque, que é o Neymar, que obviamente é inviável, só sobram estrangeiros. E não valem vovôs em atividade.
ST
É conselheiro. Mas parece a Flu sócio não pensa deste modo. Até o Caldeira, que sempre admirei por sua independência, hoje vive defendendo o “modus operandi” desta diretoria no CD e nas páginas deste blog. Tenho 54 anos é entendo bem o que sentiu naqueles dias do Presidente Eterno no comando do Fluminense. Como era bom ir aos jogos no Maracanã.
Com certeza, os conselhos de nosso eterno Presidente Francisco Horta não podem ser desprezados. A diretoria não tem a intenção de levantar recursos com o empresariado? Creio que esses recursos possam ser utilizados na contratação de um grande craque.