Por que tanto ódio e mentira contra o Fluminense? (por Paulo-Roberto Andel)

“O Fluminense é racista. O Fluminense é time de veado. É o Florminense. O Fluminense odeia pobre. O Fluminense é ladrão. O Fluminense tem que pagar a Série B.”

De uma vez por todas, a mentira repetida mil vezes ganha ares de verdade. Assim como os que acreditam em terraplanismo e outras incongruências, há quem realmente creia que, na capital da República do último país a banir a escravidão do mundo, seu núcleo de racismo estava limitado à sede do Fluminense, a mesma que há mais de 100 anos recebia ninguém menos do que Pixinguinha e seus Oito Batutas em pleno Salão Nobre do clube.

No Estádio Manoel Schwartz, grandes clássicos eram disputados diante de milhares e milhares de torcedores. Diversas partidas de praticamente de todos os clubes da cidade, acolhendo inclusive equipes que não dispunham de estádio próprio. Alguém pode ser tão estúpido em acreditar que este cenário era vivenciado exclusivamente por brancos? Só os estúpidos que jamais viram uma foto sequer das arquibancadas no decorrer dos tempos. O problema é quando alguns destes sujeitos viram jornalistas esportivos ou se auto proclamam pesquisadores de futebol…

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A manipulação da história que envolve o jogador Carlos Alberto e o pó de arroz, que se tornou símbolo do clube, nada tem a ver com combate ao racismo, mas sim de expressão homofóbica subliminar. É mero jogo retórico rasteiro para diminuir o Fluminense e só. Num tempo em que não existiam os produtos Bozzano, o Prestobarba e a limpeza do rosto era feita com navalha e álcool, quem pode ser tão estúpido em acreditar que Carlos Alberto era o único homem de seu tempo que usava pó de arroz, independentemente de sua sexualidade?

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Então pensamos em Pinheiro, Didi, Veludo, Waldo, Altair, Jair Marinho, Escurinho, Flávio Minuano, Denílson, Marco Antônio, Pintinho, Toninho, Cafuringa, Cristóvão, Tadeu, Gilberto, Edevaldo, Cláudio Adão, Washington, Assis, Renato “Cotia”, Marcão, Carlos Alberto, Antônio Carlos, Tuta, Leandro Guerreiro, Arouca, Thiago Silva, Roger Machado, Gum, Leandro Eusébio, Carlinhos, Julio Cesar, Edinho, Valência, Emerson Sheik, Marcos Junio, Jhon Arias, Luiz Henrique, Marcelo, Keno, Manoel, Felipe Melo, Alexsander e Samuel Xavier, isso apenas para falar de alguns jogadores diretamente ligados a conquistas desde os anos 1950 até os dias atuais. Todos homens negros.

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Algum jornalista já escreveu que, nos últimos 40 anos, no Brasil só o Fluminense tem três grandes ídolos descendentes de população indígena? Romerito, Conca e Cano.

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Algum jornalista já escreveu que o Fluminense tem um enorme contingente de torcedores em comunidades e favelas cariocas, com grande percentual de torcedores negros, sendo muitas dessas concentrações nas zonas norte e oeste do Rio, distantes de Laranjeiras e de uma elitização que só existe em cabeças lunáticas?

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O que incomoda, afinal?

O Fluminense ser disparadamente o time do coração de parte considerável da intelligentzia brasileira, com destaque para artistas de todas as áreas e intelectuais.

O Fluminense ter saído da quase morte para o protagonismo nacional e continental no século XXI.

O Fluminense desmentir todas as farsas que o envolvem de maneira cretina sobre rebaixamentos e viradas de mesa. Não foi o Fluminense que herdou os pontos depois de perder para o São Paulo por 6 a 1 em 1999 para escapar do rebaixamento, não foi o Fluminense que acertou suborno 1-0-0 por telefone em 1996, não foi o Fluminense que cairia de divisão se Heverton da Portuguesa não entrasse em campo na última rodada, na chamada “Flamenguesa” em 2013.

O Fluminense não ter que pagar Série B alguma, assim como o Bahia não pagou, nem o São Caetano, que pelos regulamentos de 2001 e 2001 disputou duas finais e foi vice-campeão da Libertadores em consequência disso – sem pagar Série B alguma.

O Fluminense ser o principal algoz do time mais patrocinado e midiaticamente poderoso do país em decisões de títulos. Com isso, ofusca outro coirmão pretendente ao protagonismo, que obteve sucesso nessa empreitada no final do século XX, mas a perdeu no século XXI.

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Independentemente das críticas merecidas que se faça ao modelo de gestão tricolor e suas contas, é impossível desprezar a fase que vivemos dentro de campo. Hoje o Fluminense é um dos protagonistas do futebol brasileiro, é o time que encanta, é o time que provoca respeito e admiração em torcedores adversários, que escolhem o bom futebol em vez do ódio e da cólera.

Caso o Flu consiga sobreviver às investidas econômicas nas janelas, sua chance de conquistar ao menos um grande título ainda em 2023 é grande, isso se não brigar por todos. É uma expectativa real.

É isso que tem levado alguns ao desespero, especialmente os que há muito não são protagonistas em nosso futebol, no máximo figurantes dignos. Ou ainda quem pensava que ganharia tudo e deu com a cara no chão.

A homofobia travestida de combate ao racismo é uma tática mofada de tão usada. Só engana os ignorantes e sua derivação, os estúpidos.

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Ainda há muita coisa a ser desvelada sobre os primórdios do futebol carioca. Muita. Mesmo.

Não é incomum ver sujeitos de fala empolada e tom professoral impondo títulos de pesquisadores, impondo narrativas enviesadas em causa própria que, no mínimo, geram desconfiança, lancando-se como senhores da verdade usando argumentações coléricas e odiosas. Em alguns casos, o tamanho da cólera é inversamente proporcional ao tamanho da produção acadêmica/científica/literária sobre futebol.

Portanto, o melhor de tudo é ler questionando e desconfiando, inclusive neste PANORAMA. Não é papel de nenhum site transformar o leitor num mero acompanhante passivo.

Ódio não rima com sabedoria.

O que é verdade não precisa de imposição. Com o tempo se estabelece.

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Por fim, quem tem estádio é quem o construiu com seu esforço e recursos próprios.

Quem conseguiu a concessão de estádio e sede às custas de acordos governamentais e muito jeitinho, que dobre a língua antes de falar do Fluminense.

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Quem já empunhou bandeira nazista em arquibancada, que dobre sua língua para malversar o Fluminense.

3 Comments

  1. Texto perfeito e muito oportuno!! Temos pessoas na mídia como o Sr. Peninha que foi um dos principais disseminadores de ódio ao clube distorcendo os fatos.

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