Amigos, amigas, desde a derrota para o Atlético-MG eu mergulhei numa profunda e dolorida ressaca com o nosso Tricolor. Estava ali encerrada a nossa temporada, pelo menos no que dizia respeito às nossas remotas chances de superar em pontos a máquina de vencer do Palmeiras. Vencem jogando bem (quase sempre), vencem jogando mal e, suspeito, venceriam até sem entrar em campo.
Brincadeiras à parte, cabe a nós o desafio de tentar explicar a razão do declínio do Fluminense, que não chega necessariamente a ser um fato novo. Embora os resultados muitas vezes tenham sugerido o contrário, o futebol do Fluminense já vem oscilando para baixo desde o princípio do returno.
De uma defesa difícil de ser vazada, sofremos gols em onze dos últimos dez jogos. Nossa capacidade de construção ofensiva já não é a mesma. Nosso desempenho dentro do modelo de Diniz vem oscilando para baixo tem tempo. Algo que não se via antes, agora é quase uma rotina, que é a perda de bolas nas imediações e até dentro da nossa área, com articulações de jogo que muitas vezes não fazem sentido.
É natural que ganhe força aquele velho mantra de que os times do Diniz têm prazo de validade, mas isso, por si só, não quer dizer absolutamente nada. É uma tese vazia, embora, com um pouco de aprofundamento, talvez possa ser preenchida. Antes, porém, é preciso trazer para dentro dessa análise alguns fatos a que podemos atribuir essa queda.
Desde a negociação de Luiz Henrique, andamos a fazer a contabilidade do equilíbrio entre entradas e saídas. Perdemos o atacante, perdemos Lucas Claro e perdemos Nonato. Estamos falando de dois titulares e de um zagueiro que nos dava segurança na hora que precisávamos de um reserva à altura. Por incrível que pareça, a saída que mais profundamente nos penalizou foi a do reserva, Luccas Claro. É essa saída que explica vermos Felipe Melo aparecer como titular em algumas ocasiões.
Na porta de entrada, chegaram Marrony, Alan e Michel Araújo. A chegada de Alan até faria algum sentido se, sabendo de suas condições ainda precárias, o Fluminense tivesse peças para povoar o nosso banco no setor ofensivo. Só que o que vemos é Marrony, um jogador incompreensível, enquanto Michel Araújo pouco tem jogado. Em outras palavras, essa contabilidade é absurdamente desfavorável ao Fluminense.
Isso poderia ter sido contornado se, em vez de fazermos contratações sem nenhum sentido, houvéssemos montado um plano para o aproveitamento dos jovens da base no profissional. É bom ressaltar que a gestão Diniz foi a primeira, em anos, a não trazer uma viva alma da base e Sub-23 para os profissionais, contrariando o seu próprio estilo de trabalho, muito evidente nas passagens pelo próprio Fluminense, em 2019, e pelo São Paulo (2019-20).
Política de vestiário? Política do futebol? Por enquanto, eu prefiro ficar na análise técnica das quatro linhas. Uma análise que me leva a atribuir, pelo menos parcialmente, os nossos fracassos recentes à visão de elenco. E o que chamo visão de elenco? Aquilo que todo munto está vendo. Construímos um time titular que não perde em qualidade para praticamente ninguém no país, mas a escolha dos titulares que ficam no banco, aqueles cinco ou seis de sempre, é péssima, incapaz de modificar o rumo das partidas e, muitas vezes, até de sustentar nossas vitórias.
Eu cansei de dizer aqui que poderíamos ter seguido na perseguição ao Palmeiras, mas essa visão teria que ter mudado. Não mudou, estamos pagando o preço. Não por dizer o óbvio, mas porque a política de futebol do Fluminense não se rende a ele em hipótese alguma. Aliás, quando eu digo dizemos, estou evocando uma coletividade, que inclui os colegas de PANORAMA e de outros sites, todos com um sério problema em comum: nunca demos dois treinos.
Chegamos às últimas rodadas da temporada ameaçados de sequer conquistarmos uma vaga na fase de grupo da Libertadores. E, pelo que tenho visto nas últimas rodadas, o risco é real. Ouso dizer que o Fluminense se transformou em um elenco com doze ou treze jogadores. Os demais, quando entram, nada acrescentam, quando não atrapalham.
Diante disso, tem uma outra questão, que talvez explique o declínio dos times de Diniz em fim de temporada. O tipo de jogo que o Fluminense pratica exige muito mentalmente dos jogadores. Sem contar que o nosso jogo é estudado e compreendido cada vez mais pelos adversários, sendo que o próprio Diniz vem tentando construir variações dentro do modelo, mas o problema tem sido o time executar essas variações.
Até mesmo a intensidade dos treinos, no aspecto mental, não físico, pode contribuir para essa perda de motivação dentro das partidas. Falo de motivação, não de entrega, que são coisas diferentes. É claro que isso é uma tese, que se sustenta no desempenho dos jogadores em campo e não no conhecimento dos treinos, aos quais não temos acesso. Seja lá o que for, a conjuntura atual precisa ser equacionada, para que não tenhamos um final de temporada tenebroso, que é o que sugerem as últimas atuações do Fluminense.
Só a comissão técnica pode dar as respostas de que precisamos. Ainda acho que haja tempo para oxigenar o elenco, para melhorarmos nossas alternativas no banco. Temos Marcos Pedro, Calegari tem tido mais oportunidades, temos JK, Alexsander, João Neto e outros. Isso, até já pensando na próxima temporada, porque é por ela que estamos jogando, com o objetivo único de garantir uma vaga na fase de grupos da Libertadores e, são duas coisas que dialogam entre si, uma posição digna na classificação ao final do Campeonato Brasileiro.
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O que me parece ser uma notícia alvissareira é a chegada de Rafael Rolim à arena eleitoral tricolor. Vi sua entrevista, por ocasião do anúncio de sua candidatura, e suas ideias me parecem muito alinhadas com o que o Fluminense precisa nesse momento, contrapondo as opiniões enigmáticas do atual alcaide da Rua Álvaro Chaves.
Aguardando os próximos episódios, saudações Tricolores e Todo Poder ao Pó-de-Arroz!
Analise perfeita, não sei se estou certa mais acho que sentimos mais a falta do Lucas do que do próprio LH. Quanto as , essas, só aconteceram pra engsnar o torcedor. Como se contrata jogadores no meio da competição pra não jogarem?