Tricolores de sangue grená, o último ato da política tricolor, extremamente previsível, se consolidou nesta semana, com a saída de vários vice-presidentes da gestão Abad e, com eles, um dos grupos da base de apoio à gestão agora de forma plena. Muito bem, Aloisio, e daí? O que muda? Bom, para nós, torcedores, quase nada. Acredito que a comissão técnica será mantida, bem como os jogadores. Ainda jogaremos contra o Atlético-PR hoje às 19hs, e no próximo sábado contra a Chapecoense, precisando de duas vitórias para nos recuperarmos da injusta e bizarra derrota da última segunda-feira. Para os sócios do Fluminense, contudo, um sinal de alerta deve ser ligado, para o bem ou para o mal. Não é comum uma ruptura tão acentuada como houve de grupos da base de apoio com a gestão Abad. E o que isso pode indicar, Aloisio? Que precisamos ser mais participativos. Explico.
Eu prometi em um certo ponto há algum tempo aqui nesta coluna que não falaria mais sobre a política tricolor. E, de fato, não quero falar. Quero falar de outra coisa: do protagonismo do torcedor do Fluminense. Vejo muitas críticas à torcida, que não sai do sofá e das redes sociais; vejo uma divisão clara, com pessoas tomando lados como se torcessem pra times diferentes, e não para o mesmo. E vejo um afastamento cada vez maior do sócio eventual – principalmente o Sócio Futebol, seja de que categoria for – do cenário político do Fluminense. Com cenário político não digo que o sócio precisa fazer parte de um grupo político específico, longe disso… mas compreender como a política tricolor funciona, buscar conhecer os grupos e o que eles propõem, seja de situação ou de oposição, para não ficar refém de promessas vãs, como estádio na Barra ou contratação de um craque.
A única maneira de reverter essa situação de instabilidade por que passamos é aproveitar a melhor contribuição da gestão Peter ao Fluminense: a abertura para o sócio-futebol votar. Claramente, não teremos garantia que em 2019 tenhamos chapas em que confiemos, mas o processo democrático precisa ser estimulado e ampliado. Com o crescimento e fortalecimento deste processo, novas figuras surgirão, novos elementos participarão da política e a renovação há tanto sonhada acontecerá paulatinamente. O Fluminense é nosso e precisamos mostrar isso da maneira que podemos. Ainda não tive condições, por várias razões, de ir a um jogo sequer do Fluminense este ano. Mas mantenho-me como sócio, pagando a mensalidade, mesmo sem conseguir usufruir. O humílimo valor que pago, o único dentro das minhas capacidades atuais, me liga ao Fluminense de forma gigantesca.
Amigos, ser sócio votante é o modo mais eficiente de vislumbrar um futuro melhor para o nosso amado gigante. É a maneira que o torcedor comum possui para tomar posse efetivamente do que lhe é mais caro. O Fluminense não é uma empresa, o Fluminense é uma ideia, a melhor ideia que um ser humano já teve. E por essa ideia vale a pena lutar. Não adianta lutar só nas redes sociais, fazendo textão, tampouco lutar contra outros tricolores porque não concorda com seus pontos de vista ou acusar aqueles que não podem ir aos jogos para se sentir superior. Ou somos todos tricolores, iguais em importância, ou não somos nada. A falta de confiança nas últimas gestões levou o número de sócios a despencar, e isso é até compreensível, mas é preciso perceber que os maus gestores só se perpetuarão em seus postos se nada fizermos a esse respeito. E não é esbravejando no Twitter que se muda nada.
No compromisso deste domingo, contra o Furacão, e no próximo sábado, contra a Chape, que lotemos o Maracanã, que a torcida consiga, sim, jogar junto com o time e que isso nos leve a duas belas vitórias. Mas longe dos estádios, perto de Laranjeiras, que o torcedor comum entenda que ele tem a oportunidade de ser o protagonista que levará o Fluminense do amanhã às glórias. É muito fácil permanecer em nossa zona de conforto, afastados do chamado à retomada do nosso amado clube, munidos com pedras virtuais, prontos para atirá-las nos telhados de vidro digitais de todos os lados, reclamando do que não dá certo. Ou a gente começa agora a entender que não há mais “salvadores da pátria” e que, sem uma participação real e efetiva, vamos continuar dependendo da sorte e de eventuais brilharecos que não fazem jus à nossa imensa e gloriosa história, ou nada mudará. Associe-se.
– Curtas
– Duas vitórias são necessárias pra chegarmos a 13 pontos e acalmarmos nossos ânimos antes do difícil compromisso contra o Grêmio no Sul. Meus palpites: Fluminense 2 x 0 Atlético-PR; Fluminense 3 x 1 Chapecoense. Vamos exorcizar os verdinhos!
– Uma lástima a lesão de Ayrton Lucas. O Marlon não consegue fazer a mesma função e manter o mesmo ritmo. O substituto ideal seria o Mascarenhas… que não está no Flu atualmente. Lembram do que eu disse? Lesões virão, as peças vão começar a faltar… eventualmente vamos pagar pela falta de inteligência no scout e na montagem do elenco.
– Ibañez precisa voltar urgentemente. Agora que temos mais alguns zagueiros no elenco, a chance de em breve não termos que aturar nem Frazan nem Renato Chaves sendo escalados aumenta bastante.
– Fiquem tranquilos que, mesmo com a atual debandada dos vices, o projeto para a reforma e o uso das Laranjeiras para jogos do futebol profissional continua em vigor. Ele está sendo tocado por tricolores apolíticos, com a anuência do presidente Abad. Quem quiser saber mais sobre o mesmo, basta acompanhar o canal do Youtube “Leiteria do Castilho”, em que o tricolorzaço Caíque Pereira, um dos idealizadores do projeto de reforma, constantemente atualiza as informações sobre o andamento do mesmo. Segue o link: CLIQUE AQUI.
– Uma situação extremamente bizarra e desagradável vem ocorrendo nas redes sociais do Fluminense nos últimos dias: o repúdio a um convite para um determinado evento divulgado pelo grupo “Tricolores de Esquerda”. Aparentemente, muita gente não conhecia o grupo (que já existe há um tempão) e, só agora, resolveram “gritar” contra o mesmo, como se fosse um crime tal grupo existir. Meus queridos, antes de me acusarem de qualquer coisa, aconselho que vocês leiam o Estatuto do Fluminense. Perceberão, ao fazê-lo, que nada impede que se crie um grupo com viés de orientação política (e não político-partidária, o que é diferente) com “tricolores” no nome, tampouco que use o formato e as cores do escudo do Fluminense, que é efetivamente o que este grupo fez. Da mesma forma, é plenamente possível criar um grupo “Tricolores de Direita”, ou “Tricolores de Centro”, ou o que quer que seja, desde que o estatuto seja respeitado. Se você não gosta, repudia, ou nutre qualquer sentimento de antipatia pela iniciativa porque você não é de esquerda, ou entende que futebol e política não deveriam se misturar, é direito seu se sentir assim, mas não é direito seu censurar o outro se este não está violando nenhum estatuto ou nenhuma lei. E viva a democracia, a liberdade de expressão e a diversidade de ideias, ao menos enquanto o Brasil não estiver, declaradamente, vivendo uma ditadura. Todos deveriam apoiar os valores que hoje temos, inclusive você, que aparentemente não gosta deles.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
#JuntosPeloFlu
Imagem: alo