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Tirei os últimos dias para uma certa folga em Fluminense, com exceção dos compromissos aqui da casa. O feriado de quarta e a semana sem jogos ajudaram no pequeno descanso.
É de se imaginar um grande empenho para o jogo do próximo sábado diante do Fortaleza, match decisivo para as pretensões do Flu no Brasileirão.
Claro, parte da torcida tirou o pé do acelerador e, por isso, teremos menos gente na arquibancada do que das últimas vezes. É natural. Passada a empolgação do Dinizismo, chegou a conta da realidade e ela parece um tanto salgada, ao menos para quem ainda vê o Fluminense como um clube vencedor.
Sim, ainda temos pequena chance no Brasileirão e razoável na Copa do Brasil. É preciso acreditar, mas sem cair em ilusão. Hoje, o risco de não ganharmos nada é também razoável.
Se pensarmos no começo do ano, o Fluminense teve uma temporada de oscilações. Ganhou o Carioca depois de dez anos, ainda que o atual certame não seja sombra de seu passado – mesmo assim, é claro que comemoramos. Por outro lado, foi humilhado nas competições internacionais. Está fazendo um Brasileirão respeitável, mas em nenhum momento foi o protagonista da competição. Na Copa do Brasil terá um duelo difícil daqui a menos de uma semana.
Por sorte, todo o “planejamento” da pífia gestão do clube foi pelos ares como sempre. O time que hoje atua é completamente diferente do Sub-40 de janeiro. O treinador foi trocado. Com Diniz, tivemos um momento de ótimo futebol e agora lutamos para reencontrá-lo. Vários dos titulares absolutos da gestão foram barrados, embora entrem em campo em muitas partidas, sabe-se lá por quê.
Mas, afinal, o que aflige – ou, ao menos, deveria afligir – o torcedor tricolor?
Tudo.
Um rombo imenso nas contas do clube. Alguém pode levar a sério balanços com números ressalvados? Ou que o clube tenha um banco parceiro para ajudá-lo a conseguir investimentos? O banco vai procurar outro banco? Quem pode ser tão idiota em acreditar nisso?
Dez anos sem títulos relevantes. Sim. Foi legal o Carioca, foi importante como desafogo, comemoramos, mas ninguém se engana com o tamanho atual da competição. Não há como comparar 2022 com 1985 ou 1983, infelizmente. Ganhamos porque, apesar de tudo, ainda somos grandes. Porque ainda temos força para superar uma das equipes mais abonadas da América num momento decisivo mas, definitivamente, é pouco.
Uma política administrativa extraterrestre, onde jovens jogadores não passam de moeda podre para bancar o salário de veteranos sem retorno esportivo. Por isso mesmo, o clube de esmera em ocultar e fazer desaparecer vários revelações, mas a troco de quê? Isso é normal?
Enquanto isso, é bom que se diga, mesmo com o disparate nas cotas de TV, o Fluminense está entre os times que mais arrecada dinheiro no Brasil. Arrecada e gasta mal.
Quem ganha com isso tudo, pessoal?
O Fluminense certamente não.
A verdade é que há um completo desalinho entre o Flu que queremos/torcemos e aquele da realidade, independentemente da boa colocação no atual Brasileiro.
Alguém crê sinceramente que seja possível disputar títulos expressivos tendo em campo Fábio, Crisdasilva, Felipe Melo, Wellington e Bigode juntos? Pois bem, essa era a base titular do começo da temporada, com a inclusão de Fred, que nos causou tanta vergonha. Alguém se esqueceu que o Carioca foi conquistado pelo time considerado e chamado de reserva, com o vergonhoso enxerto de Fábio por decreto na decisão estadual?
Temos a base mais badalada das Américas. Jogadores que pululam a cada temporada. Qual é a lógica dessa fábrica de futebol não dominar o elenco do clube? Simples: em vez de gerarem o retorno esportivo e financeiro, estes jogadores são usados simplesmente para bancar veteranos, que não trazem nenhum retorno financeiro e raro esportivo. Essa aberração já foi motivo de piada do treinador Abel Ferreira, sem citar nomes, em rede nacional no programa Roda Viva. Abel, bicampeão da Libertadores, dispensou dois jogadores que foram parar no Fluminense e, em dois anos, custarão quase 40 milhões aos cofres do clube…
Até quando parte da torcida vai cair na conversa fajuta de “influêncis” e panfleteiros eleitorais travestidos de parajornalistas e/ou picocelebridades? Amadores deslumbrados com likes comprados, cag@ndo regra diariamente, muitas vezes em troca de pequenas benesses ou a esperança delas, vendendo factóides como grandes êxitos. Outros amadores que só visam autopromoção. Basta que um desses dispare alguma sandice e logo a candinhagem trata de sacramentar verdades irrefutáveis, chegando a ponto de validar um sétimo lugar no Brasileirão como uma excelente posição, ou que não se pode criticar um time por estar a nove ou dez pontos do líder de um campeonato. Qualquer banana vira ídolo por decreto, qualquer medíocre é alçado a condição de herói nas redes sociais do Fluminense, que hoje mais parecem um departamento de marketing a serviço de empresários, que lucram muito com os, digamos, negócios.
“É o melhor goleiro do Brasil”. Nem o Fábio, que teve uma grande carreira e neste 2022 já falhou mais do que nos últimos dez anos, acredita nisso…
Aos amigos mais jovens, lembro que em seus 120 anos de história, o Fluminense muitas vezes conquistou grandes títulos comandado por gestões no mínimo medíocres, ou mesmo em campo com jogadores que não necessariamente honravam a tradição tricolor. Agora, sinceramente, não me lembro de outro momento do clube onde ele fosse tão massacrado economicamente, que tivesse tantos ex-jogadores contratados por altos salários e que tivesse sucesso estrondoso. Não se trata da estúpida dicotomia de “ser tricolor de verdade ou não”, mas de analisar a história de mais de um século.
Porém, nada está perdido, ao menos ainda. Mesmo com toda a verdadeira autossabotagem praticada dentro do Fluminense – e que definitivamente não interessa ao clube, mas a particulares -, ainda temos chances nas duas competições que disputamos. Um breve tempo nos dirá se é um sonho possível ou se continuaremos a saga da figuração valorizada, que vem há mais de uma década corroendo a história do clube. Mas uma coisa é certa: ou o Fluminense muda de verdade ou o século XXI nos tornará de vez um grande clube do passado. Hoje, apesar das boas campanhas, o Flu é o time da migalhinha, que comemora a festa mais bonita, o campeão dos mosaicos, o campeão de invencibilidade que merece celebrar seu passado maravilhoso, mas que também o faz porque o presente não contém triunfos definitivos. Quanto aos ídolos, é impossível tê-los, já que a maioria dos candidatos é negociada com menos de vinte jogos feitos pelo clube.
Ah, mas não tem nada de positivo nas contratações? Sim, tem. Arias e Cano, por exemplo. Mas quando pensamos que, nos últimos dois anos, o Fluminense teve laterais esquerdos como Danilo Barcelos, Egídio, Pineida e Crisdasilva, definitivamente não dá para dizer que foi “só” azar ou incompetência…
Enquanto isso, o Athletico está a mais um passo da América, assim como o São Paulo. Nem é necessário dizer sobre o grande rival, e não adianta sentar em cima da babaquice de não se dar atenção aos feitos de terceiros – o eventual título da Gávea na Libertadores 2022 é um tiro no coração do crescimento da nossa torcida mais jovem, que muitas vezes nos vê exclusivamente como temos sido desde 2012: um clube sofredor. Ah, mas o Fluminense melhorou porque não está mais lutando contra o rebaixamento… isso não é evolução, mas obrigação.
Evolução é conquistar grandes títulos.
Enquanto todos levarem algum por fora, o jabá diretoria x empresários persistirá. Fiquei surpreso com o aumento dos sócios, mas só quando houver voto online bateremos 100 mil associados ou mais, muito mais. Enquanto a base for subvalorizada, mas regar as contas dos gestores, nada mudará. ST.