Pingos nos is sobre Marcelo (por T. T. Paixão)

Com todo respeito (e quando alguém começa uma frase assim, certeza que vai falar algo desrespeitoso), Marcelo nunca foi ídolo do Fluminense.

O cara só jogou 40 partidas e ganhou um Carioca em 2005.

Depois disso, foi para o Real Madrid, onde conquistou tudo que tinha direito, jogando pelo clube espanhol.

Lá sim, pode ser considerado ídolo absoluto. Mas essa condição não se transfere para o Tricolor, desculpem.

Seu retorno foi como tudo nessa “maior diretoria de todos os tempos”, o “maior retorno de jogador de todos os tempos”. Ao menos até o “maior retorno de todos os tempos” do “maior zagueiro de todos os tempos”.

Marcelo fez uma partida de gala no segundo jogo da final do Carioca de 2023, e com um gol antológico comandou o time ao título.

Apesar da conquista da Libertadores do mesmo ano, suas apresentações em campo passaram a ser meras participações como uma espécie de figurante de luxo.

Aos poucos foi perdendo a vaga de titular para Diogo Barbosa.

A panelinha Diniz chegou ao fim, e Mano Menezes chegou debaixo de reprovação velada do grupinho de estrelas do time.

Marcelo continuou não jogando absolutamente nada, e além disso iniciou uma queda de braço com o treinador. Mano queria Marcelo no meio, mas o jogador insistia que só jogaria na lateral.

Após a eliminação na Libertadores deste ano, Marcelo levianamente se isentou de culpa dizendo que não jogava naquele time, fazendo referência ao fato de que só estava sendo mandado a campo nos terços finais das partidas.

O jogador foi se escorando na boa vontade da torcida tricolor, que nutria carinho pelo não-ídolo.

Enfim, na partida entre Fluminense e Grêmio, que acabou empatada, Marcelo protagonizou um fato bizarro.

Ao receber instruções do treinador na beira do campo, quando substituiria Diogo Barbosa, Marcelo teria dito uma série de sandices para o treinador.

Mano teve uma reação surpreendente.

Empurrou Marcelo para o banco de reservas e disse: “Tu não entra mais”.

Marcelo voltou ao banco, vestiu o colete de reserva e permaneceu sentado com expressão tranquila. Provavelmente, seguro de que nada lhe aconteceria, já que no clube, os jogadores são amiguinhos de sauna do Princenete.

Relações pra lá de anti profissionais.

Só que, desta vez, o angu deu caroço.

Jogador e clube finalizaram a relação de maneira deprimente.

Parte da torcida foi rápida em dizer que nenhum jogador é maior que o clube. E sou obrigado pela lógica óbvia, concordar com eles. Já outra parte lamenta a saída do jogador e alega que a situação poderia ser resolvida com uma boa conversa, ou assume a estúpida premissa: quem é Mano para contrariar o “super ídolo”?

Desculpem, mas não há mais espaço no futebol moderno, com SAFs, contratos bilionários, etecetera e tal, para que jogadores veteranos se comportem como no tempo do futebol folclórico dos anos 1990, com direito a participações na Banheira do Gugu, que era a sauna da época.

E as torcidas, tanto do Fluminense quanto as demais, têm de acordar para o fato de que futebol hoje em dia é, mais do que nunca, dinheiro.

Marcelo, vá com Deus. E por favor, não volte mais, pois o Flu já tem jogadores aposentados demais em atividade.

Obrigado.