Essas quatro letras possuem uma importância bem grande no mundo empresarial. É a sigla do método de gestão bolado por William Edwards Deming, equivalendo a quatro passos básicos na condução de uma empresa: Plan, Do, Check e Act. Em bom português, algo como planejar, fazer, verificar e corrigir.
A coisa é bem lógica e simples – por isso o cara é reconhecido como um dos “gurus” da administração –, primeiro planeja-se o período, levando em conta os investimentos necessários, os custos da produção e o cenário em que a empresa se encontra; depois, passa-se a fazer aquilo que foi planejado; o terceiro passo é de verificar se os objetivos foram alcançados daquela forma; por fim, propõem-se modificações que corrijam os erros cometidos ou melhorias no processo para alcançar objetivos maiores.
Essa introdução administrativa tem tudo a ver com o futebol. Ainda mais com o futebol moderno, em que todos estão em busca de uma “gestão profissional”. O que se vê, porém, na prática, é amador. Ou desanimador, para falar a verdade. Mas nosso assunto é Fluminense, às favas com os rivais. Talvez, em uma análise mais fria, veremos que há no Laranjal uma evidente separação entre a administração do clube e aquela ligada ao futebol. Não tenho certeza se é mesmo um ponto positivo, mas fica assim combinada a maneira como é percebida a gestão. Segue o texto.
Sendo assim, o clube não vai mal quanto à sua gestão. Há um evidente planejamento e parece-me que, de alguma forma, ele está sendo seguido. A direção nitidamente lança mão de outras ferramentas modernas, como Balanced Scorecard, entre muitas outras cujas ações revelam a influência. Há o problema tributário – quase insolúvel no Brasil –, mas com a certeza de que se está seguindo um determinado caminho de forma bem pensada. Neste ponto, aplaudo de pé a gestão Peter Siemens.
E vem o futebol. Na série histórica recente, conseguimos muito: saímos de um virtual rebaixamento em 2009, para uma marca fortalecida, mais identificada com a torcida, três participações em sequência na Libertadores, um título carioca e dois títulos nacionais em pontos corridos. O ciclo parecia funcionar e nossos gráficos apontavam uma tendência de crescimento, ainda que houvesse alguma baixa momentânea. Havia reposição de peças, recursos humanos de qualidade e padrão tático, entre tantos outros fatores.
Aí veio 2013. Nosso planejamento para o período indicou que não havia necessidade de reforços de peso, apenas alguns ajustes. Perdemos Nem e Thiago Neves (na verdade, perdemos esse ainda em campo), Deco aposentou-se depois de desfalcar o time inúmeras vezes. Se não os três, dois deles eram prováveis candidatos a não terminar o ano no elenco. Olha que nem pus Berna nesse conjunto! Isso é erro básico no planejamento. Não analisamos perder mais jogadores para a Seleção e com contusões? Conseguimos ficar sem ter três goleiros no elenco?
Alie-se a essas falhas no planejamento de pessoal, a falência tática por que passamos. Será que Abel desaprendeu a montar o time? Por que ele teria “perdido o comando”? Teria sido Abel parte do planejamento? Ou vítima dele? Ora, quando se demite o treinador, admite-se um erro no planejamento que deve ser corrigido. Por certo, ao chegar Luxemburgo, haveria de vir junto do Bruxo um mínimo de correções de elenco.
Mas não. O cofre fechou, a torneira secou. Vamos com os garotos. Sim, Xerém é um excelente celeiro, mas jogar os garotos na roubada, na responsabilidade, é pedir para queimar o próprio patrimônio. A quem interessa isso? Como chamar de responsável esse tipo de decisão? Não planejamos bem. Verificamos atrasados. Mudamos objetivos ou maquiamos metas. As ações corretivas não vieram. Perdemos o timing do ano. Fomos ultrapassados pela concorrência, perdemos campo, mercado.
Ignoramos os riscos ao nos assoberbarmos. Ignoramos os riscos ao subestimar as competições. Ou subvalorizá-las. Ignoramos os riscos quando verificamos problemas táticos e de reposição de pessoal qualificado. Ignoramos os riscos quando expomos nosso material de valor futuro à desvalorização. Ignoramos os riscos e estamos correndo todos eles. Tomara que risquemos as ameaças. Mas será sorte. Pura sorte. E que planejemos 2014 de verdade.
Ei Deming! Dá uma luz!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @wcestari
Imagem: fastsolucoes.com.br
http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1184&idProduto=1216
Que este ano sirva para pensarmos num futuro sem a Unimed. Sem dinheiro, nem planejamento, o fracasso é inevitável.
O Peter até ensaiou uma área de PE com o Ademar Arraes Filho, mas jogou fora logo depois, pois salvo melhor informação, não o substituiu. No futebol a política é a da joint venture, joint é o catso, se Celsão é quem paga a conta de cabo a rabo; Como pode ser joint? CB faz e desfaz a seu bel “prazer”, pois ninguém irá defender os interesses do FFC, se é o CB quem paga meus régios salários e o FFC quiz assim? O R$ investido e os resultados, entre o céu e o inferno nesses 10 anos, haja pdca…