O primeiro goleiro do Fluminense que tive como ídolo foi Félix. Aliás, o considero até hoje o melhor que vi vestir nossas cores. Depois vieram alguns outros que admirei; Wendell, Paulo Victor, Diego Cavalieri, Fábio… Houve um, contudo, que foi quase mitológico para mim; personagem de minha adolescência, integrante do time que me mostrou ser possível gritar campeão mesmo sem possuir uma Máquina Tricolor e, sua maior virtude, pegador de pênaltis cobrados por alguns dos maiores cobradores de seu tempo. Pois é, Paulo Goulart nos deixou.
Na arquibancada do Maracanã, o saudávamos como Paulinho quando o time, sob a sagrada nuvem de pó de arroz, entrava em campo. E foi lá da arquibancada que presenciei três defesas de pênaltis que valeram tanto quanto gols do Fluminense. Uma de Zico (no inesquecível 3 a 0 no Fla-Flu da FlaGay); uma de Roberto Dinamite (numa vitória de 1 a 0 sobre o Vasco, gol de Zezé, num sábado à noite); e outra de Nelinho (num empate sem gols com o Cruzeiro). Nas duas primeiras citadas, tinha meu saudoso pai a meu lado – e comemoramos com aquele abraço gostoso que tanto falta me faz.
A morte de Paulo Goulart me emocionou profundamente e escrevo essas palavras com os olhos cheios d´água. Também tive o prazer, já exercendo a profissão de jornalista, de conversar com ele, entrevistar e, principalmente, resenhar sobre as alegrias que ele me proporcionou. Na disputa de penais com o Vasco, em 1980, quando nasceu a ode a João de Deus, eu também estava na arquibancada. E Paulinho, neste dia, deu inestimável contribuição. Naquela ano, conquistamos um título carioca inesquecível para mim.
Lembrar Paulo Goulart é lembrar da minha adolescência, do meu pai, daquele Maracanã que não existe mais, daquele Fluminense que até sempre fará parte da minha vida. De um tempo feliz que passou, agora podemos crer, tão depressa. Nosso goleiro junta a tantos outros ídolos tricolores no panteão da eternidade. Jamais me esquecerei das alegrias que me proporcionou e que seguem vivas nas histórias que conto a meu filho.