A Valle Express, empresa de cartões, não é mais patrocinadora do Fluminense. Os dois anos de contrato se encerraram em oito meses, e de forma litigiosa, por descumprimento contratual da empresa que deixou de pagar ao clube por quatro meses. O Flu terá de se socorrer do Judiciário para tentar reaver o que é seu de direito, tarefa que deve durar para lá de uma década, e se encontrar a empresa solvente ao fim. Dinheiro praticamente perdido.
Indagado sobre mais um parceiro que deixa o clube por inadimplência contratual, o vice comercial passou panos quentes, afirmando à imprensa que o Tricolor, agora, avalia alternativas de patrocinadores, desde convencionais até propostas inovadoras, como criptomoedas (moeda digital) e companhias digitais. Afirma, ainda, que o clube está buscando aproximação com o mundo árabe e a China.
Ao que parece, o novo parceiro comercial, se houver, não fugirá muito do estilo dos anteriores: empresas desconhecidas, sem reputação no mercado, procurando visibilidade de marca sem lastro para a contrapartida. Quando o vice fala em proposta inovadora, “criptomoedas” e “companhias digitais”, sinto calafrios. Parece que o Flu tem sido um outdoor gigantesco para empresas de terceira linha que, alcançando a visibilidade pretendida, dão o calote esperado. Só o incauto dirigente Tricolor, infelizmente, não percebe o golpe – não foi o primeiro, nem o segundo – de que o Fluminense tem sido vítima.
Talvez porque não doa em seu bolso, nem no dos demais dirigentes que se concentram apenas em manter-se no poder, agarrando com unhas e dentes seus cargos na Administração Tricolor. Imagino que antes de fechar um acordo de patrocínio, é de bom alvitre que se avaliem os riscos do negócio. É evidente que o risco faz parte da atividade empresarial, mas é possível obter garantias, analisar o histórico da empresa, suas relações anteriores, a capacidade financeira, ou seja, minimizar a chance de prejuízo.
Pelo jeito, as últimas tratativas nem de longe passaram por uma prévia e acurada análise do perfil das patrocinadoras. Quem fecha o negócio, quem autoriza? É preciso apurar responsabilidades. O dinheiro do Fluminense é sagrado, é escasso e deve ser tratado com responsabilidade. Perder quantias milionárias por irresponsabilidade e incompetência da gestão é crime contra a instituição.
Nenhuma empresa está livre de problemas financeiros, sobretudo em períodos de crise como este, mas algumas estão mais suscetíveis que outras, e algumas, realizada uma análise prévia e séria, não poderiam sequer estabelecer-se como pessoas jurídicas, sequer contratar. Destas, o Fluminense precisa manter distância, e também de dirigentes inescrupulosos, irresponsáveis e incompetentes que autorizam negócios fadados ao insucesso.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @FFleury