A culpa é da torcida na cabeça dos patetas (por Edgard FC)

“Você merece, você merece”

Nem bem terminara a primeira partida do Fluminense em campo tendo de volta sua torcida (ao menos os que conseguiram vencer a gincana maluca por ingresso) nas bancadas, alguns periodistas que dão pinta nas internets que habitam nosso cotidiano, de forma sutil porém paupérrima, tanto no abstrato como no lúdico, aviaram por defender a gestão do clube e danaram por tentar ligar a presença da cerca de três mil almas abastadas e/ou abnegadas ao péssimo desempenho, resultado e ausência de ideias que fomos submetidos – mais uma vez – a ver em campo.

Posiciono esse tema desagradável porque acho substancialmente perigosa essa narrativa em tentar, mesmo que por ‘vício de linguagem’ ou ‘força de expressão’ associar e culpar o torcedor, em seu direito sagrado, ocupante (mesmo com tantos obstáculos) de seu lugar de pertencimento, pela pífia apresentação ofertada nesta noite de quarta-feira, em um bucólico dia de um Rio de Janeiro que mais parecia um “pano verde-abacate, com botões cor de tomate, meio outono meio inverno”.

As lacunas que o ambiente virtual jamais hão de preencher se solidificarão nos jogos em casa, com o torcedor se manifestando livremente, como é de costume, como queira. Afinal temos represados muitos sentimentos que o “odairismo”, “rogerismo” e o “marconismo” vêm nos proporcionando. Há muitas vaias acumuladas, que hão de ser distribuídas ainda a vários jogadores, por várias circunstâncias e momentos em que, através das telas, telinhas e telões, nos proporcionaram e seguirão proporcionando.

Para essa estirpe de asseclas e claques “você deve estampar sempre um ar de alegria e dizer: tudo tem melhorado”, mesmo sem ter melhorado de fato. “Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre: muito obrigado”.

Pois aqui vai uma lição, senhores: nós sabemos o que vocês fizeram nos verões passados, mas também nos outonos primaveras e invernos, sobretudo no inferno que colaboram e promovem com a paciência e paixão do torcedor. Somos o conjunto que banca toda a brincadeira, somos juntos, mesmo que separados, o grupo que faz todas as máquinas funcionarem. Neste tentáculo específico, nunca é demais lembrar e salientar, que os aparelhos de um gigante também podem ser desligados e todo carnaval se acabar em quarta-feira.

Essa construção de narrativa é demais auspiciosa, tentar calar nossa voz e único meio que temos para manifestar nossos sentimentos revoluteados ou não, mesmo sabendo que o que querem é nos impor o mantra: “você merece, você merece, tudo vai bem, tudo legal, cerveja, samba e amanhã, seu Zé, se acabarem teu carnaval”.

De verdade em verdade vos digo: haverão de fazer muito mais que feixe de capim e um jumento para contar uma boa história. Terão de realizar bem mais esforços dos até aqui empenhados, pois o Fluminense (e sua torcida em especial) é o que tem a vocação para a eternidade.

RODA VIVA 7 – DOWNLOAD GRATUITO