Num clube cheio de ídolos, um garoto de favela e que veio da base de Xerém, fez o gol mais importante da história do Fluminense. John Kennedy completa 22 anos com a marca de ter na sua vida esse mérito. Se estava escrito no universo, ninguém sabe. Ele faz aniversário, mas poderia ser mais um a não ter sobrevivido às esquinas tortuosas.
E eu que poderia simplesmente parabenizá-lo por mais um ano de vida, vou além: com todo histórico de indisciplina e confusões, ainda assim, ele está vencendo. Não deve ser fácil ser bem sucedido vindo das camadas mais humildes dessa sociedade excludente. É preciso lutar diariamente para ter uma chance e desviar dos olhares desconfiados. É quando se aproximam as “amizades” por interesse, as ofertas de prazer fácil e o consumo desenfreado de tudo, tudo mesmo. Muitos se perdem no caminho. JK, o nosso urso, está aí.
Completar mais um ano de vida para ele deve ser bem mais relevante do que aquele gol da final da Libertadotes. É uma vitória sem fim, da vida sobre todos os fantasmas que enfrentou desde criança. A maior vitória daquele menino rei que correu para as arquibancadas, só querendo comemorar. O que deve ter passado por sua cabeça naquele momento? Toda a dificuldade, a falta de opção, os raros momentos de alegria até então.
JK tem a cabeça de jovem, porque é jovem. Alguns lhe dão conselhos e abraços sinceros. Muitos, porém, querem tirar proveito de sua fama repentina. Assim é o mundo.
Meu desejo é de que ele consiga escapar das armadilhas, que seja forte o bastante para colocar seu futebol como prioridade. Que o moleque de Xerém se transforme aos poucos num homem que rejeite com determinação as tantas ofertas de falsos prazeres e de que a vida agora é fácil porque a fama chegou. JK não deve esquecer de suas origens, pois isso lhe fará mais forte na hora da luta e nunca o deixará esquecer que está aqui pelo seu talento.
Parabéns, garoto, urso, moleque bom de bola! Seja feliz e tenha juízo!