Para Enderson virar Cuca (por Crys Bruno)

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Oi, pessoal.

Ao ser contratado na terceira rodada do Brasileirão, “bastava” Enderson arrumar a casa, defensivamente, falando. Com duas derrotas em dois jogos, o Fluminense tinha que romper qualquer flerte com o rebaixamento. O novo treinador tricolor conseguiu e o time reagiu.

Com os novos reforços, subimos de patamar em qualidade, palavras admitidas e ditas pelo nosso comandante. Verdade. Mas falta ainda o desempenho conforme isso. Desempenho que é crucial para a reguralidade. Resultado sem bom desempenho é ilusão e não sustenta uma regularidade.

Além disso, o Fluminense não pode jogar como o Sport-PE se quer brigar pela vaga na Libertadores e título. Por que afirmo isso? O Sport joga como azarão: fechadinho. Inclusive em casa, o seu técnico Eduardo Batista não abre mão de atuar com oito jogadores atrás da linha da bola – popularmente, a conhecida retranca.

Se o elenco subiu de patamar, palavras do Enderson, o time ainda não. Não me lembro de nenhuma atuação do Fluminense em que o vimos se impondo ao adversário. Na derrota alarmante para um time inferior, o Avaí, mesmo fora de casa, não foi diferente. 

A análise sobre capacidade e característica, superioridade ou não, de todo e qualquer time passam na característica e recursos dos jogadores de meio-campo. Setor que é o cérebro e motor de uma equipe.

Por isso, sempre bato nessa tecla, lógica e simples: escalou-se dois jogadores ofensivamente nulos ali, Edson e Pierre, para segurar a pressão do adversário. A proposta falhou logo aos sete minutos, quando sofremos o gol. 

Então, atrás no placar, o Fluminense passou a ser o time que deveria tomar a iniciativa, mas nosso comandante optou por manter Edson e Pierre, que não sabem nada de criação, armação, deslocamento ofensivo. E o pior: só sacou o Pierre nos quinze minutos finais e ainda colocando em campo um jogador ofensivo nulo, Lucas Gomes.

Não pode, Enderson. Não pode. Não se vence retranca com Pierre e Edson no meio-campo nem com Lucas Gomes, na frente, por ser um atleta sem o mínimo de recurso técnico, os dois principais exigidos para essa situação – furar retrancas – o drible frontal e o passe. 

Drible frontal e passe que igualmente já não são o forte do Marcos Jr. Corredores precisam do corredor. Tornam-se inúteis contra retrancas se não têm o drible. Magno Alves acabou sendo o único com noção; ao menos, tem o passe.

A derrota, terceira nos últimos cinco jogos, lança o desafio contundente sobre o nosso treinador: conseguirá Enderson dar o pulo do gato que poucos técnicos brasileiros conseguiram – o último foi o Cuca – e saber armar um time ofensivo sem o batido truque dos oito atrás da linha da bola?

O comandante tricolor já provou ser mais competente que seus antecessores – Renato Gaúcho, Cristóvão Borges e Ricardo Drubscky – pelo simples fato de saber posicionar o time, organizando minimimante os jogadores em campo.

Arrumar defensivamente uma equipe de futebol é, aliás, ato básico ou mínimo para qualquer técnico. Enderson, agora, precisa subir de patamar e dar ao Fluminense uma dinâmica ofensiva que não existe. Ou depende-se do Fred guardar uma bola ou, como agora, do Ronaldinho.

Isso é pouco. Até porque o campeonato avança a passos largos para definir os times que deverão ser batidos e temidos e num elenco com Fred, Ronaldinho Gaúcho, Osvaldo, Cícero, Jean, o Fluminense não pode jogar como time pequeno.

Que patamar você nos colocará, Enderson? É como no carteado de buraco, quando você tem os coringas mas precisa saber usá-los. O momento exige saber atacar. 

Cuca, que teve uma trajetória parecida com a de Enderson, de se destacar no Goiás e passar por alguns grandes clubes, antes de provar que sabe montar um time além da esfera comum, tanto o Fluminense azarão de 2009, quanto o Atlético-MG, em 2012-2013, que se impôs ofensivamente para conquistar a Libertadores.

O Fluminense precisa desse pulo do gato do Enderson, à la Cuca, para voltar a ser o time a ser temido, que briga pelo título. Não mais como um azarão, caso de 2010, mas, sobretudo, como um time grande.

TOQUES RÁPIDOS

– Hoje, no Beira-Rio, não teremos ainda Fred e Osvaldo. Ainda bem: fiquei preocupada em se antecipar o retorno deles, especialmente o Fred, e dar creque. Tivemos sorte em pegar o Internacional em frangalhos, catando os cacos. DEVEMOS aproveitar.

– Edson não joga, suspenso. Jean volta de suspensão. Que tal, Enderson, abrir mão do volante zagueiro Pierre, mesmo numa partida fora de casa? Coragem!

– Se o Gustavo Scarpa fosse meu irmão, lamentaria muito em vê-lo engessado para a lateral esquerda. Até porque o Breno Lopes não está abaixo do nível médio do que vemos na posição nesse Brasileirão. A questão mesmo é lhe dar ritmo. Depois daí, sim, compará-lo ao lateral “do momento”, o Gefferson, do Inter. Fale aí quem é o lateral esquerdo do time líder do Brasileirão? 

– Douglas Costa ou Pedro Botelho. 

– Considerar Breno Lopes abaixo desse nível é ridículo.

– Não adianta cuspir na minha cara que ganhamos em 2010 e 2012 sem desempenho. Tivemos bom desempenho, sim. Só que meramente defensivo. Em contrapartida, o Fluminense tinha um leque de qualidade individual patrocinado pela Unimed que ajudava nos momentos decisivos. E olhe lá! Porque mesmo com Dario Conca, Emerson, Fred e Washington, CINCO ANOS MAIS NOVOS, foi um suplício conseguir achar um gol diante de um Guarani rebaixado.

– Sem o leque dos jogadores da Unimed, precisamos mais do coletivo. Assim como não adianta ter o melhor finalizador do país, Fred, recebendo bolas de laterais e meias medianos; também não adianta ter um Ronaldinho Gaúcho armando para Marcos Jr, Magno Alves (com 39 anos) e Lucas Gomes. Como isso não é claro, por favor, me explique?

– Vamos hoje, ao Beira-Rio, sem medo, conquistar a vitória que deveríamos ter conquistado sobre o Avaí, este, um time tecnicamente inferior. Vamos, lá, Enderson! Acho muito possível e provável, pela sua inteligência futebolística, que você consiga subir de patamar como treinador. Assim como Cuca. E nos dar muitas alegrias.

Abraços fraternos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu 

Imagem: uol

6 Comments

  1. Grande Crys!

    Muito pertinentes suas colocações sobre o Enderson e nossas necessidades para almejarmos o penta. É tudo que eu tenho cobrado.

    ST!

    1. Pois é! Não foi que vimos. Enderson drubsckou. …
      Um grande beijo, obrigada pela leitura e comentários.
      ST!

  2. Oi, Gaia.

    Será que Enderson é tão ruim assim? risos. Vamos ver! rs Ele não me parece mto de segurar emprego não. Peitou a pressão de empresários e dirigentes no Santos para escalar Gabriel, não choramingou em ser demitido do Patético-PR após só 8jogos. Enfim. Acho ele com mais personalidade nesse sentido.

    Sobre Gum e Euzébio, temos que lembrar, eu acho, que estavam cinco anos mais novos e na melhor fase deles, então, funcionaram.

    Obrigada pela leitura e comentários!

    ST4!

  3. Admiro sua confiança no Enderson, pode ser que um dia ele se firme no pelotão de primeira de treineiros tupiniquins……mas não creio que seja agora, treinador de meio de tabela…..mais que jogadores de ponta, precisaria ter coragem para arriscar mais, não acgo que tenha, assim como Cristovão e Drubsck……tem medo de perder emprego.

    Rumo ao Penta…eu quero acreditar

    Em 2010 tínhamos Euzebio, Gum e Digão na zaga não foi???

    ST

  4. Muito pertinente sua observacao, e devo dizer que em minha opiniao o fluminense de Cuca aquele mesmo de 2009 fez partidas memoraveis tanto na luta para nao cair quanto na Sulamericana daquele ano.E eu digo sem a menor duvida que exceto em 2008 ao menos nos ultimos 20 anos eu nao me lembro do nosso time ter jogado um futebol tao vistoso e incisivo , aquele time simplesmente nao tomava conhecimento dos adversarios!Nem o flu campeao de 2010 e 2012 jogaram tanto!

    1. Oi, Roberto. Não temos dúvidas quanto a isso. E tenho impressões a respeito: o Fluminense de 2009 tinha a obrigação de vencer. Não podia jogar com oito atrás da linha da bola, contando com uma jogada individual no contra-ataque.

      Foi assim com Muricy e Abel, aliás. Só que, pela qualidade individual do time, ainda vimos boas atuações.

      Nesse ano, não. E o que espero é que Enderson, agora com um elenco melhor, seja mais Cuca que Muricy e Abel. rs Pq o Flu não é mais azarão.

      ST4!

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