O panorama tricolor (por Felipe Fleury)

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O três-cinco-dois de Abel Braga parece ter sido a estratégia ideal encontrada para proteger o combalido elenco Tricolor de ser fulminado pelos ataques adversários, ainda que, exceto pelos confrontos contra o Avaí e nos clássicos regionais, não tenhamos sido efetivamente testados. A consistência defensiva evoluiu de forma visível, embora erros individuais ainda ocorram. Tais erros, porém, têm causado menos desastres ao setor defensivo do Flu, uma vez que a cobertura tem sido eficiente.

Além disso, o novo esquema libera Gilberto e Ayrton para funcionarem como verdadeiros alas. Gilberto, questionado em todos os clubes pelos quais passou, tem vivido a sua melhor fase no Fluminense, justamente porque, tem feito menos o que faz pior, que é defender. Ayrton, por sua vez, se consolida a cada dia como uma das principais opções ofensivas da equipe.

Jadson e Richard jogam o feijão com arroz, e quando é só feijão com arroz que jogam, se saem relativamente bem. O primeiro, principalmente, tem abusado de tentar jogadas difíceis em locais perigosos, perdendo vez por outra bolas que geram perigosos contra-ataques aos adversários. Se errarem menos passes, podem ser mais úteis ao time, tanto na frente quanto atrás.

Sornoza é a cabeça pensante do Flu, o qualificado. Mas é o único. Se for bem marcado, e será, perderemos a criatividade no meio, o que significa chances mínimas de vitória. É preciso um companheiro à altura, que divida as atenções do adversário. Não acho que seja Douglas ou Robinho, este último, aliás, já mostrou que tem qualidades, mas lhe falta mais constância dentro de campo.

No ataque, Marco Junio tem sua oportunidade de ouro jogando mais centralizado. Tem feito os gols, é o artilheiro da equipe, mas é outro que, se bem marcado, tenderá a sumir e tornar a cair pelos lados para fugir da marcação, como aconteceu contra o Vasco. Pedro, seu companheiro, não está no ponto da titularidade. Serve como reserva, mas é preciso presença de área, um atacante insinuante, forte, goleador, algo que não temos.

A defesa, com os três zagueiros Gum, Renato Chaves e Ibañes, vem dando conta do recado, justamente porque quando um erra, e alguém sempre erra, há a cobertura. Isoladamente os três são fracos, menos fraco talvez o Ibañes, que embora tenha errado muito contra o Vasco, me parece promissor.

Nosso goleiro tem se saído bem, muito em decorrência do forte sistema defensivo armado por Abel, que o deixa menos vulnerável.

Não é minha pretensão exaurir as qualidades e os defeitos de cada jogador, apenas revelar que o esquema de Abel é preponderante para que os erros individuais não se sobreponham ao sentido de jogo coletivo implementado no Fluminense, que tem sido determinante para que o time venha sofrendo poucos gols. Esquema de jogo que vem funcionando, mas certamente não se adequará a todos os adversários, podendo sofrer variações de jogo a jogo, dependendo da necessidade de Abelão.

Nosso treinador, por sua vez, tira leite de pedra, mas às vezes azeda o próprio leite que tirou, como na partida contra o Avaí, quando matou o time com a saída de Sornoza. Abel precisa parar de inventar em certos momentos.

Somos, assim, uma equipe na conta do chá, com elenco limitado e fraco, mas que, jogando coletivamente e sob uma orientação competente, pode surpreender um e outro e mostrar-se competitivo em alguns momentos.

Talvez isso seja suficiente para salvar-se da degola no Brasileirão, mas não é para conquistar as primeiras posições nas tabelas de classificação, o que significa mais um ano sem títulos e classificação para a Libertadores. Para tanto é preciso contratar e com qualidade. Se não tem dinheiro, dispensa o Autuori, o CEO e quem mais esteja no clube recebendo sem que se constate efetivamente sua necessidade. O Flu precisa de bons jogadores em campo, fora dele apenas de gente desinteressada e competente, apta a gerir o clube com isenção e responsabilidade. Chega de jogar dinheiro fora, sobretudo quando não se tem.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

#Juntos Pelo Flu

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