São dez anos de trabalho voluntário, de janeiro a dezembro, diariamente, neste PANORAMA TRICOLOR.
Mais de quinze mil páginas escritas e 700 programas de TV. Mais de 100 colaboradores.
Começamos gravando em empresas que nos emprestavam seus espaços. Passamos pelo Centro, Tijuca, Botafogo, Jardim Botânico, Catete e outros. Para viabilizar tudo, dois nomes foram fundamentais: o saudoso Seu Limão (Carlos Alberto de Lima) e Silvio Almeida. Tudo era muito mais difícil de fazer sem Streamyard, acreditem. Ah, e Zeh Augusto Catalano, que criou este site.
A ideia sempre foi fazer um grande diário do Fluminense, um grande livro escrito por pessoas que tivessem simplicidade e qualidade. Assim foi feito, assim tem sido, dia após dia. Mas não são textos quaisquer: é certo que reunimos a nata da crônica tricolor, reconhecida em todo o Brasil – nenhum outro clube do país tem um site com tanto material de cunho próprio, produzido sem clipping e sem investimento financeiro. Nenhum outro site.
Independentemente de eventuais rusgas pelo caminho, que acabam às vezes afastando as pessoas indevidamente, bem como outros desígnios da vida, todos os que aqui colaboraram foram importantes neste processo, cada um a seu modo e possibilidades.
Mantivemos a linha mestra: amor ao Fluminense, independência, ética, informação, crítica, história, arte. Não somos o número 1 ou 2 (cada um escolhe o que preferir); somos o PANORAMA TRICOLOR e esta é a nossa marca: um jeito de fazer as coisas, sem acordos ou conchavos, sem esculhambação do caráter, dizendo e escrevendo o que tem de ser dito. Jornalismo, crônica e opinião não podem significar leniência. Jornalista, repórter e cronista que se preze não combina perguntas com quem quer que seja. Num ambiente onde likes costumam vir acompanhados de situações eticamente reprováveis, passamos ilesos. E se dirigentes do clube se incomodaram conosco, nunca foi por questões pessoais mas sim por ideias.
Ah, sim: fizemos muitos livros, vários de graça. O Fluminense é um dos líderes de títulos literários entre clubes de futebol da América Latina, e parte admirável desta produção nasceu aqui. A maior defesa institucional da história do Fluminense nasceu aqui: o livro “Pagar o quê?”. Somados, os antigos e atuais integrantes desta casa reúnem mais de 30 livros sobre o Flu. Portanto, quando chamam o PANORAMA de “A casa da literatura tricolor”, só ri quem acusa o golpe com a bandeira do recalque.
Combatemos o machismo, o racismo e a homofobia, a gordofobia e o etarismo: em todos esses campos, o PANORAMA é pioneiro, é bandeirante. Quando você lê em muitos lugares os parênteses do título que começam “por…”, saiba que isso começou aqui. A valorização da mulher como cronista e comentarista, também.
Não foi nada fácil e um projeto voluntário sempre corre riscos, inclusive de extinção, mas chegamos até aqui. Dez anos sem parar. Dez anos de luta. É difícil dizer se continuaremos em 2032, mas seguiremos até onde for possível. Quem sabe do futuro? A única certeza é: o PANORAMA TRICOLOR não arredará um milímetro de seus propósitos. Fluminense em primeiro lugar.
Muito obrigado a todos os que nos apoiaram nestes dez anos, são milhares de pessoas. Aos detratores, deixamos os números já registrados nos parágrafos acima.
Não resta dúvida: vencemos.
E se você chegou até aqui, percebeu que tudo foi escrito na primeira pessoa do plural. Nada mais representativo deste projeto coletivo do que o plural.
Saudações ao nosso parceiro Cantinho do Laranjal.
Por fim, minha pequena manifestação individual: para dirigir o PANORAMA, abri mão de centenas de horas de sono e diversão, arrisquei meu emprego, sofri com o luto pela família sobre os ombros, fui vítima de uma pilantragem judicial tramada dentro do próprio clube, passei a ter inimigos gratuitos e até os estranhos seres chamados haters, fui deliberadamente sacaneado por vários “influenciadores” tricolores (que mais se locupletam do clube do que propriamente influenciam alguém…) e muitas vezes tive meu trabalho literário invisibilizado na propalada internet tricolor.
Vinte e um livros depois, a resposta já foi dada.
Acho que já posso morrer em paz.
Panorama Eterno. Nunca esqueci, nunca esquecerei e terei orgulho para sempre.
Valeu demais, Paulo! Valeu demais, Zeh! Caldeira, Seu Limão, Vivone, Léo e todos que se juntaram ao longo desses longos anos. Panorama de Salto, Panorama Nikity… Se fosse citar todos os nomes, ficaria maior que as crônicas.
É sobre isso. ST!