Pensando sobre o jogo de logo mais, me lembrei de um Fluminense e Santos que vi no Maracanã – aquele outro – em 1985.
Faz tempo. Tudo passa rápido. Gastamos tempos com ódio, inveja, rancor e intolerância. Tudo inútil diante do caminho inevitável para a morte, bem registrado na poesia de Gilberto Gil.
Para economizar a mesada, fui de geral. Fazíamos assim: nos jogões, clássicos locais, geralmente íamos de arquibancada; nos outros, de geral. Outra tática era também nos dias de chuva, com menos público: ir de geral e, no segundo tempo,subir para a arquibancada – a Suderj liberava, preocupada com as pessoas debaixo d’água. Se fosse hoje…
Mais geral: fizeram uma obra e elevaram o piso em 60 centímetros. Melhorou muito na ocasião.
Jogo no sábado à noite, começo de temporada, vi o primeiro tempo sentado no chão do setor mais popular. Um a zero pro Santos, gol de Lima, artilheiro revelado pelo Operário de Mato Grosso (do Sul). Não nos estressávamos: o Flu, campeão brasileiro e bicampeão carioca, tinha um timaço e podia virar qualquer partida. Logo me levantei: Vica empatou na saída do segundo tempo, marcando de cabeça. Lá pela frente, o velho Assis de guerra virou o jogo para variar.
Eu me lembro de ter comido o maravilhoso cão Geneal, que lá está até hoje – no show do Roger Waters tinha um duplo, com o sabor de sempre, a 18 golpes, bem suculento.
Da torcida não lembrava direito, achava que não tinha ninguém. Fui pesquisar e descobri que tinha “apenas” 28 mil pagantes, daí a minha impressão de solidão na geral. E no dia seguinte, domingo, tinha America x Internacional no Maracanã. Saudade lancinante.
Enfrentando o timaço do Flu, craques como Lino, Humberto, Mário Sérgio e Zé Sérgio. É que o Santos vinha em má fase. A gente não ia arrumar nada no Brasileirão, eliminados no último minuto do último jogo da primeira fase, mas o primeiro passo da trilha para o tri do Rio já tinha sido dado.
Éramos felizes.
Panorama Tricolor
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