Raimundo Dias Jácome nasceu em 1925, Carolina-MA, e morreu em 1985. Nesse período, além da vida de estudante e comerciante, foi fanático por futebol. Seu time foi o Fluminense, mas nas cidades em que morou, adotou uma simpatia. Gostava de ir ao “campo”.
Para se ter uma ideia da paixão pelo futebol, casou-se em 1954 em São Paulo e passou a lua-de-mel no Rio de Janeiro. Lá, foi ao Maior do Mundo. Acredito que foi Fluminense e La Coruña pelo Torneio Internacional do Rio de Janeiro.
Em São Paulo, via no tricolor paulista a oportunidade de torcer nas arquibancadas. O Fluminense existia no rádio e nos jornais. Teve dois ídolos no São Paulo: José Poy e Mauro Ramos de Oliveira. Com o goleiro argentino fez amizade e do zagueiro, que levantou a Jules Rimet pela segunda vez, guardou o nome para me registrar.
Em 1956, mudou-se para Anápolis. Na cidade goiana, a Anapolina tornou o seu time. A Rubra, como era conhecida, apanhava quase sempre, mas ele estava no Jonas Duarte todos os domingos. Eu também, a partir dos meus quatro anos. Com tão pouca idade, ia para comer amendoim, pipoca, tomar refrigerante e dormir no colo dele. Na volta, perguntava o resultado para mostrar que já era mais que uma criança, que era um torcedor.
Viemos para Brasília em 74. Aqui, o futebol sempre foi pobre e, na Capital Federal, estreitamos nossos vínculos com relação ao Fluminense. O rádio, a TV, o Jornal dos Sports e a revista Placar eram nosso dia-a-dia. Era comum assistirmos aos jogos pela TV e ouvirmos, simultaneamente, o rádio com Waldir Amaral, Jorge Curi, José Carlos Araújo, João Saldanha, Luiz Mendes.
Uma passagem marcou nossos últimos anos de convivência: o Fla x Flu de 83. O jogo chegava ao fim e o 0 x 0 eliminava o tricolor. Desde o início do campeonato, ele afirmava que o Fluminense seria campeão. Eu duvidava. Afinal, um time com jogadores até então desconhecidos não dava certeza a ninguém. Só a ele.
Perto dos 45’ do segundo tempo, olhava para ele e dizia: “já era”. Ele falava “vai dar. Vamos ganhar”. Irritou a previsão improvável. Aos 45’15”, Delei lançou Assis, que correu nas costas de Junior. Nessa fração do tempo, tudo parou. Não pensava, não sentia, não falava, não ouvia, não respirava. Gol. Gritava, alucinado, sacudia as grades da janela. Irracional, pulava. Voei para meu pai, que chorava. Abraçados não sei quanto tempo. Não me lembro das horas seguintes. Acho que alguma parte daquele tempo foi engolida pelo gol do Assis.
Aquelas lembranças são, praticamente, as últimas do Seu Mundico. No entanto, sinto sempre ele ao meu lado, inclusive, neste momento. Parece que os olhos dele ficaram comigo quando assisto a um jogo de futebol.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @MauroJacome
Imagem: mj
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Parabéns, Mauro, por partilhar conosco a tua história.
Obrigado, Sergio.
Foi um dia emocionante para nós, tricolores! Eu estava com amigos no Maracanã e sofri até os 46′. Parabéns Mauro!
Verdade, Marcio. Estava lá com o Ricardo e Danni.
Errei. Não nesse jogo. Confundi com o de 95.
Emocionante!!!!!
ST
Até hoje, quando lembro…