Os dois times de Roger (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, se eu lhes dissesse que Muriel, Calegari, David Braz, Manoel e Danilo Barcelos, Wellington, Martinelli, Nenê, Luiz Henrique, Cazares e Ganso seria o time que iria a campo contra o Sport nesse último sábado, vocês provavelmente dariam risada de mim. Mais ainda, se eu lhes contasse que, mesmo assim, Lucca sairia do banco no segundo tempo para decidir o jogo, virando a partida sobre o Sport, com duas assistências de Danilo Barcelos, vocês provavelmente iriam querer me internar num hospício. O mesmo Lucca, que contra o Ceará deu um show de falta de habilidade, contabilizando quinze perdas de bola, ou seja, matando quinze jogadas de ataque do Fluminense, que não conseguiu sair do zero contra a equipe nordestina, foi o grande destaque na Ilha do Retiro, responsável direto pela conquista de três pontos que pareciam improváveis após o placar adverso no primeiro tempo. A vitória, importantíssima para nos manter próximos do G6, embora ainda a 8 pontos da liderança, nos dá moral para o que realmente interessa, que é a partida contra o Cerro Porteño nessa terça-feira pela Libertadores.

Sim, após um nem tão longo nem tão tenebroso inverno, o Flu volta suas atenções ao que a torcida realmente quer ganhar esse ano. Claro que teremos um jogo pelo Brasileirão nesse ínterim (partida contra o Grêmio, atual lanterna da competição) e, logo após as oitavas da Libertadores (e antes da Copa do Brasil) um compromisso dificílimo contra o atual líder Palmeiras fora de casa. Contra o Sport, vimos que o time reserva não é um desastre completo, mesmo mal escalado de início e com jogadores de qualidade duvidosa, e isso tem uma explicação: esse time TREINA. Normalmente discordo frontalmente da maioria dos comentários feitos nas transmissões dos jogos da mídia esportiva “padrão”, mas esse em específico me chamou a atenção, e passei a refletir a respeito. O time que jogou nesse sábado foi o que Roger mais conseguiu treinar até aqui. Posso ter diferenças com o técnico e achar que talvez Marcão fizesse um trabalho melhor que o dele, mas terá sido o aproveitamento de Lucca no time reserva mero acaso, ou fruto de um entrosamento maior com os jogadores com o qual ele sempre treina? Afinal, vimos o mesmo Lucca atuar de forma desastrosa contra o Ceará ao lado dos titulares.

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O ponto onde quero chegar é simples: talvez valha a pena repetir esse time que venceu o Sport pelo menos contra o Grêmio. Isso dará tempo para Roger treinar os dois times e talvez melhore o desempenho do time titular nas decisões importantes que temos, evita desgaste desnecessário, entre outros problemas. Afinal, queridos… estamos começando a ficar na conta do chá em algumas posições (zaga e centroavância, por exemplo). A lesão de Fred e a convocação de Nino para as Olimpíadas nos deram um grande desfalque, principalmente considerando que Abel Hernández e Bobadilla não estão recuperados ainda, e John Kennedy só começou a treinar com o grupo nesse domingo. Antes de considerar loucura a minha ideia, note que isso abre espaço para mais garotos no banco no Brasileirão. Poderemos ver nomes como Matheus Martins, João Neto, Higor e Wallace com mais frequência (além de Jefté, quando estiver recuperado), só para citar alguns. É assim que eles podem finalmente ter chance para se firmar no elenco principal e escantear alguns jogadores que já estamos de saco cheio de ver jogar com a nossa camisa.

É claro que, se não der certo e começarmos a perder partidas em sequência no Brasileiro, sempre dá pra desistir dessa ideia, mas a verdade é que não há como manter o time principal jogando com a frequência que estava, sem treinamento e com vários jogadores a ponto de estourar (e alguns estourando, como Fred). Libertadores e Copa do Brasil voltaram à pauta e o time precisa avançar em ambas. Como não trouxemos mais ninguém, Roger terá que encontrar jogadores que se adequem às situações que aparecerão, e já sinalizou que vai usar a base para isso. Ter duas equipes aumenta o escopo de jogadores que podem ser utilizados, descansa os titulares e lhes dá tempo pra treinar, dá rodagem aos reservas e os estimula a competir por um lugar ao sol… enfim, são várias vantagens. Lógico que, esportivamente, é difícil dizer se é uma boa ideia, mas penso que escalar uma equipe reserva que tem entrosamento para esses jogos é melhor que um time misto. Posso estar redondamente enganado, torcedores, mas talvez seja a saída para continuarmos disputando tudo esse ano. Não existe fórmula mágica para continuar vencendo, só trabalho, estratégia e coerência. Espero de Roger os três.

Curtas:

– Palmeiras, Bragantino, Atlético-MG e Athletico-PR formam o G4 no momento em que escrevo a coluna. Palmeiras ainda joga a Libertadores, Bragantino ainda joga a Copa Sul-americana e os dois Atléticos jogam outras duas competições além do Brasileirão. Fortaleza, quinto colocado e Bahia, sexto, ainda jogam a Copa do Brasil. O Santos, que está logo atrás do Flu, ainda joga tanto a Copa do Brasil quanto a Copa Sul-americana. O Atlético Goianiense, nono colocado, também avançou na Copa do Brasil. E por que estou citando todos esses times? Porque os nove primeiros colocados estão todos numa maratona similar à do Flu. Vai se sobressair quem tiver elenco e planejamento. Talvez o Palmeiras consiga se manter nas duas competições jogando em alto nível, mas o Atlético-MG vai ter que se desdobrar, e os outros também. Dá pra continuar bem no Brasileirão se tudo for bem pensado daqui pra frente.

– Foi bom ver que algumas peças corresponderam quando foram necessárias. Muriel fez boas intervenções, Manoel jogou o fino, Danilo Barcelos teve sua noite de garçom e Lucca, de matador. Os meninos Matheus Martins e João Neto também entraram com fome de bola e animaram a partida.

– Por outro lado, David Braz e Wellington… Luan (Higor) e Wallace estão pedindo passagem…

– Palpites para os próximos jogos: Cerro Porteño 0 x 2 Fluminense; Fluminense 2 x 1 Grêmio.