Os 60 dias do apagão da imprensa (por Paulo-Roberto Andel)

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Lá se foram 60 dias.

O promotor Senise quer salvar a Portuguesa de qualquer jeito, diz que as provas estão à mão, depois diz que a investigação poderá ser demorada.

A imprensa esportiva marrom, outrora arrogante, agressiva e criminosa contra o Fluminense, faz o clima de “Bom, deixa pra lá…” – achando que o assunto pode ser esquecido ou varrido para debaixo do tapete como se fosse uma reles papeleta amarela modelo 1986.

A turminha que nunca primou pela ética baixou a cabeça e anda pelos cantos a lamuriar. Afinal, a CBF acabou de divulgar a tabela do Brasileirão 2014 e, como não poderia deixar de ser, o Fluminense está entre os 20 clubes da Série A de acordo com a irregularidade da Portuguesa na maior coincidência da história do futebol brasileiro.

Qualquer bípede racional sabe que a escalação de Heverton não foi um acidente.

Qualquer bípede racional sabe o que aconteceu na véspera da escalação de Heverton, 8 de dezembro: de forma irregular – fato amplamente divulgado em jornais de todo o país na sexta-feira -, André Santos entrou em campo para enfrentar o Cruzeiro. Com isso, a perda de pontos de seu clube era inevitável. Mas provando que é muito fácil um raio cair duas vezes numa mesma rodada de campeonato, a santa Portuguesa salvou o santo Flamengo.

Relatos das rádios cariocas dão conta de bate-boca no vestiário, do ataque de nervos de Paulo Pelaipe e do natural desespero que tomou a Gávea depois da presepada, que poderia custar-lhe simplesmente o rebaixamento no domingo, dependendo dos outros resultados.

No maior apagão da história da imprensa esportiva do Brasil, NENHUM jornalista do eixo Rio-São Paulo – o maior da América Latina – tocou no assunto no domingo. Nenhuma manchete, nenhuma matéria, nenhum debate em rádio e TV. TODOS se esqueceram do óbvio: “André Santos joga irregularmente, Flamengo perderá pontos no STJD e pode ser rebaixado.”

São centenas de profissionais que lidam com o futebol 24 horas por dia. TODOS tiveram um lapso de memória a respeito de uma notícia que poderia mudar todos os rumos do campeonato brasileiro. TODOS?

Uma coincidência antes só vista em casos como o do ex-deputado cassado João Alves, lembrado aqui no PANORAMA.

http://www.panoramatricolor.com/pedra-flor-e-espinho-por-paulo-roberto-andel/

E se coincidência pouca é bobagem, piorou: não é que justamente o time que poderia “salvar” o Flamengo de seu desastre, caso cometesse um erro de escalação irregular, acabou realizando o feito e desafiando estatísticos do planeta Terra? O caso Heverton.. e se não fosse a Lusa…

O primeiro passo da imprensa marrom foi sugerir a participação da patrocinadora do Fluminense no processo de um possível suborno ao Canindé. Piada: o Tricolor teria que ganhar um jogo dificílimo em plena Fonte Nova lotada contra o Bahia e ainda torcer contra outros dois resultados negativos de Coritiba (que não aconteceu) e Vasco (que aconteceu em situação suspeitíssima depois de um caos de violência em Joinville). O que o jogo da Portuguesa teria a ver com o Flu sem os resultados paralelos? Nada. Então o Flu subornou todo mundo? Façam-me o favor!

Depois, cofiando os bigodes virtuais ou reais, alguns jornalistas travestiram-se de divindades supremas, senhores absolutos da verdade e da inteligência (apagadas) para, com verborragia extremamente oca e difusa, tentar convencer alguém que as supercoincidências foram obra do acaso, que se busca pêlo em ovo à toa, que era uma conversa de Papai Noel. Subitamente, com o passar dos dias, começaram a desconversar sobre o tema, exceto um ou outro deslumbrado teimoso e petulante numa incansável guerra defendendo uma probabilidade menor do que a de um raio cair duas vezes num mesmo lugar, como se todos os leitores fossem idiotas e incapazes de estabelecer o contraditório. Gênios do jornalismo 140 caracteres…

No campo, o Fluminense venceu, o Coritiba venceu, o Vasco perdeu (numa situação absurda e mal explicada em termos da retomada do jogo), a Portuguesa cometeu um erro crasso e o azarado Flamengo tinha cometido erro similar à véspera. Chega de hipocrisias: as irregularidades foram cometidas dentro das quatro linhas! Campo tem regras e regulamento.

O show de coincidências poderia ter dado certo e gerado total silêncio caso Samuel, num gol inesperado a minutos do fim, não “quebrasse a firma” (aka MC Magalhães). Se não tivesse marcado, a bomba iria sobrar para o Vasco, futuro 17º colocado do campeonato. Mas Samuel foi a pedra no sapato sem saber. Ninguém sabia. “O time inteiro do Fluminense e a torcida choraram num ritual de teatro”… patético é quem afirma isso.

E se o óbvio prevalecesse, com a partida do Vasco remarcada depois da absurda violência sem polícia, e o time conseguindo uma difícil – mas possível – vitória sobre o Atlético-PR – que poucos dias antes tinha jogado pessimamente contra o … Flamengo… nas duas partidas finais da Copa do Brasil -, o que seria?

Quem cairia depois da óbvia goleada de 13 x 0 no STJD?

O completo silêncio da imprensa esportiva marrom no domingo da rodada 38 a respeito da irregularidade de André Santos, bem como a mudança de tom contra o Fluminense nos últimos dias, – depois de um ataque insano, leviano e irresponsável – ajuda a explicar muita coisa que ainda pode parecer confusa para alguns – não é o caso dos racionais, que já captaram todo o enredo com extrema facilidade.

Com certeza absoluta, a IEM não fez vista grossíssima ao problema de André Santos para beneficiar o Fluminense. E nem estaria amuada agora se tivesse provas evidentes de algum crime relacionado ao Tricolor – pelo contrário: assim fosse, um ataque de Hiroshima já teria sido disparado contra as Laranjeiras.

Nem para ajudar o Vasco ou o Coritiba.

E o Criciúma? Óbvio que não.

Todos os fatos acima elencados demonstram o total esquecimento (ou seria a generosidade?) da IEM em abordar a simples hipótese de uma tragédia relacionada ao Flamengo, através de manchetes, notícias e debates – embora isso fosse o óbvio.

A coincidência dos preços extorsivos que vão ser cobrados para o Fla-Flu de logo mais, afastando a torcida do Fluminense e, principalmente, minando a possibilidade de um mosaico-denúncia para todo o mundo via internet, é mais um componente neste fantástico modelo probabilístico que se desenha no futebol brasileiro desde dezembro, digno de corar um Poisson ou um T-Student. Qualquer estudante de segundo grau com boas notas na matéria sabe da improbabilidade de tantas coincidências num mesmo tempo.

Lá se foram 60 dias.

Ninguém toca uma vírgula no apagão de 8 de dezembro.

Resta saber se por cinismo ou leniência.

Caro(a) leitor(a), você acredita em incríveis coincidências múltiplas sucessivas ou em imprensa marrom?

Nunca é demais lembrar o inesquecível João Alves, precursor do “acaso” elencado nesta publicação, no vídeo abaixo.

PS: Não perca as perguntas do Coronel Paúl, que nenhum jornalista esportivo responde…

Panorama Tricolor

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Cp

3 Comments

  1. Neste momento os jornalistas que ainda vivem no mundo da lua propositalmente são Milton Neves, seu pupilo Paulinho do Blog do Paulinho e Fábio Sormani. Os três foram escalados para defender o indefensável. Os três disputam o prêmio para saber quem escreve artigos mais medíocres e sem credibilidade.
    A ESPN parece até que saiu do ar. E com ela sumiram, os “defensores” da ética e da moralidade.

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