Todo bom tricolor sabe que nossas primeiras cores foram o branco e o cinza. Sabe também que não duraram muito, nem chegando aos dois anos de uso. É quase impossível imaginarmos hoje que, naquela época, era dificílimo de se conseguir um uniforme alvi-cinza. Para piorar a situação, não havia produção nacional e o produto tinha que ser comprado na Inglaterra, após uma longa viagem de navio.
Pois bem, já em Londres, o eterno Oscar Cox e Mário Rocha enviaram uma carta relatando essa dificuldade e também sugerindo a mudança de cores para o verde, brando e encarnado (grená). Pasmem, as três cores eram de fácil obtenção. Somando-se isso ao fato de que branco e cinza estavam bem longe de ser uma unanimidade entre os sócios, a mudança foi, sabiamente, colocada em votação. Assim, na assembleia do dia 15 de julho de 1904, por decisão unânime, o Fluminense se tornou tricolor.
Assim, a camisa tricolor do Fluminense entrou em campo pela primeira vez no dia 7 de maio de 1905 e entrou já com um placar histórico. Em amistoso, Fluminense 7 x 1 Rio Cricket. Goleada com dois gols de Horácio Costas Santos, dois de Félix Frias e três de Emile Etchegaray.
Ou seja, neste último sábado, completou-se 111 anos da alegria que a camisa tricolor nos traz. De lá pra cá, surgiram: a faixa diagonal, a sempre linda camisa branca, a laranja, a que homenageava o alvi-cinza original, a grená e a verde. Algumas marcantes e outras apenas de passagem, mas a tricolor sempre esteve lá. Tanto é que quando tentaram deixá-la meio “diferentona”, em 2012, a torcida pressionou e tivemos um ano com quatro uniformes.
Imagino que cada um de nós tem boas lembranças das primeiras camisas tricolores. Me tornei tricolor durante o tri de 83-84-85 e o Brasileiro de 84. Em 1986, eu, com oito anos de idade, tinha total convicção do meu amor pelo Fluminense. Lembro-me bem de dizer ao meu pai que eu precisava comprar a camisa nova. Era a estreia da Penalty, fornecedora que nos acompanharia por oito anos.
Fomos ao Conjunto Nacional, primeiro grande shopping de Brasília, até uma loja esportiva que o nome me foge à memória. A exposição dos produtos era muito diferente da de hoje em dia e ali mesmo na vitrine, o que se via eram as camisas embaladas e empilhadas, identificando-se o uniforme do Fluminense por suas cores e o papel colado com durex. Meu pai pediu a camisa ao vendedor e disse pra mim: “Vê se é essa, filho”. Peguei, abri, sorri e perdi a conta de quantas vezes a usei.
Infelizmente, essa camisa se perdeu no tempo e não consta na minha coleção. Mas ficou guardada na minha memória com todo o carinho do mundo. Hoje, espero que as diversas camisas que hoje habitam meu armário, e me acompanham nos jogos, durem o máximo possível e que vistam, também, tricolores que ainda estão por vir.
A Oscar Cox e Mário Rocha fica meu muito obrigado por esse presente dado a toda torcida tricolor, que só é tricolor graças a eles.
ST!
Panorama Tricolor
@Panoramatri @Rods_C
Imagem: Rods / PRA e Arquivo Panorama Tricolor
Belo Texto!
Belíssima história… Não imaginava.
Valeu, Felipe!
São detalhes da nossa história que, se não formos nós tricolores, ninguém mais contará.
Abraço e ST!
Gostei da matéria.
Me lembrei de quando estava com meu pai no calçadão de Nova IGuaçu e passamos em frente a uma loja de esportes e entramos, tinha uma bancada com algumas camisas do Fluminense todas brancas mas quando eu vi uma única tricolor ali no meio foi a maior doidera, era a camisa mais linda do mundo! Fiz meu pai, sem dinheiro, comprar pra mim!
Obrigado, Márcio!
A sua história é muito boa também. Quando tem uma camisa tricolor na jogada, o bolso de alguém tem que entrar em campo.
Um abraço e ST!
Alguém sabe quando foi a primeira vez que o Botafogo usou a sua camisa alvinegra?
http://www.panoramatricolor.com.br/a-primeira-vez-por-alexandre-berwanger/
Berwanger, nossa enciclopédia viva!
Um abração pra vc, camarada!
Parabéns pelo belo texto.
Muito obrigado, Allan!
Um abraço e ST!