Na terça-feira retrasada, 17 de setembro, Mário Bittencourt e Celso Barros completaram 100 dias à frente do Fluminense. Os dois deram uma entrevista coletiva em que falaram de suas ações nesse período. Discursos à parte, o que a dupla apresentou até aqui para o coração do Clube, o futebol?
No Brasileirão, foram 3 vitórias, 2 empates e 7 derrotas. 11 pontos em 36 disputados* ou 30,55% de aproveitamento. Até então eram 7 pontos em 8 jogos (29,11% de aproveitamento). Uma evolução quase imperceptível, um desempenho medíocre e um aproveitamento de time credenciado ao rebaixamento.
Na Sul-Americana, a classificação imponente sobre o Peñarol e a eliminação dolorosa contra o Corinthians, com o Maracanã lotado. Apesar do revés, a eliminação nas quartas de final é um resultado razoável para as pretensões do Clube. Afinal, apesar de almejar o título e alimentar esse sonho no imaginário tricolor, com o elenco construído em maior parte pela gestão anterior, dificilmente um resultado melhor viria.
Para além dos resultados nas quatro linhas, saíram jogadores como Pedro, Luciano e Bruno Silva. Além destes, saíram, também, Paulo Ricardo, Marlon, Léo Arthur e Kelvin.
Pedro é uma perda irreparável. Por mais que se justifique a venda pelas dificuldades financeiras, nenhum argumento convence a aceitar abrir mão de um dos maiores ativos da história da base do Clube sem nenhum retorno esportivo.
Luciano e Bruno Silva, por sua vez, eram muito questionados por grande parte da torcida. O primeiro, até hoje, é o artilheiro do time no ano. Até o momento de sua saída, representava 25% dos gols do time na temporada. Já o segundo, mais questionado ainda, saiu sem nenhuma reposição. As tentativas de substituição no time, até agora, foram Caio, Dodi e a improvisação de Ganso. Logo, apesar de não ser um primor técnico, deixou um vácuo no elenco.
As outras saídas são totalmente justificáveis e foram um acerto da gestão que abriu espaço na folha salarial e economizou com jogadores que não deram nenhum retorno técnico. O que não é justificável é a contratação de caras deste nível técnico. Por outro lado, foram feitas algumas contratações: Muriel, Luccas Claro, Orinho, Nenê, Nem e Lucão.
Muriel foi um grande acerto. O Fluminense perdeu inúmeros pontos pelo caminho por falhas de algum dos arqueiros anteriores: Rodolfo e Agenor. Nenê se tornou titular. Não é unanimidade, mas tem sido uma das peças mais participativas nesse time que vem desagradando a cada rodada. O Wellington Nem mostrou que pode ser uma opção, mas que não vai ser aquele jogador de 2012.
Já as outras três contratações, são daquelas apostas de baixíssima probabilidade de acerto. Mas ainda não tiveram tempo de agradar ou enervar o torcedor tricolor. Os dois primeiros sequer jogaram. Já Lucão entrou alguns minutos, mas sem nada a agregar.
Da beirada do gramado veio o grande erro da dupla eleita em junho. Não com a saída do Diniz. Esta saída gera amores e ódios nos torcedores. Qualquer opção seria contestada. Há quem entenda que a troca era necessária, assim como o contrário.
O erro monumental está no substituto. A vinda do Oswaldo foi unânime: ninguém queria. Como diz um áudio que circula pelas redes sociais: [como é que pode] quatro pessoas reunidas numa sala, levantam o nome do Oswaldo e ninguém diz que a ideia é péssima?
O resultado da escolha tem sido visto nas partidas. O problema que já existia se tornou incontornável. Oswaldo de Oliveira transformou o que era bom em algo ruim e o ruim em péssimo. Trágico.
De positivo no futebol tricolor sob a batuta de Mário Bittencourt e Celso Barros, o que merece todos os aplausos, foi o acerto no pagamento dos salários. Mês a mês, o débito com o elenco vem diminuindo e as contas vêm sendo pagas. Os meios para atingir estes objetivos podem ser questionados (venda de mando de campo, venda de jogadores do sub-20, venda do maior ativo do Clube), mas o mérito está lá e o objetivo desta coluna não é questionar essas decisões que ultrapassam a mera gestão do futebol do Clube, ou seja, são decisões de toda a instituição.
Feitas todas estas considerações, a gestão do Mário e do Celso, até aqui, não apresentou nenhum diferencial substancial em relação ao que a gestão anterior vinha praticando no futebol. Se o objetivo era foco total no futebol, ainda deixam a desejar. Há muito espaço para melhora. Mas, estão flertando com o risco de Série B e isso joga toda e qualquer gestão no lixo.
*consideraram-se os jogos contra Corinthians e Goiás que aconteceram após os 100 primeiros dias de mandato, mas antes da publicação desta coluna.
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