Orgulho x indignação (por Paulo Rocha)

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Eu havia planejado (inclusive, me fora solicitado pela galera do Panorama Tricolor) escrever hoje sobre o inesquecível gol de barriga de Renato Gaúcho no Fla-Flu decisivo do Carioca de 1995. Afinal, neste sábado, completam-se 21 anos daquela vitória inesquecível. Quem esteve no Maracanã e presenciou, jamais esquecerá; quem não esteve, contudo, como diria Nelson Rodrigues, não viveu. Pois é, eu pretendia escrever sobre a mãe de todas as vitórias e a alegria que ela trouxe à nossa apaixonada torcida. Porém, a inaceitável atuação do Fluminense na derrota para o Santos, em Cariacica-ES, pelo Brasileirão, me fez mudar o foco.

Tudo bem, o  Santos tem um belo time. É a grande fábrica de talentos do futebol brasileiro. Gustavo Henrique, Zeca, Thiago Maia, Victor Bueno, Gabigol – sem citar os que já foram negociados, como Geuvânio – mostram a qualidade de um trabalho de base bem feito. Em Xerém, também é feito um ótimo trabalho, mas a transição para o profissional é péssima. Imaginem se, no Santos, Marlon seria reserva? Se Danielzinho e Pedro, só para citar dois, sequer teriam chances de entrar na equipe titular com certa frequência?

Pois é, temos um diretor de futebol, um gerente (sei lá como se chama a porra deste cargo) que se orgulha de ter trazido William Matheus (?!), Dudu (?!) e Maranhão (?!). Não é para menos, os muros das Laranjeiras terem amanhecido com pichações. É mesmo muito revoltante. Como é revoltante ver o seu time colocado na roda; o Santos só não meteu sete, oito gols, graças a Cavalieri (a quem muitos criticam, mas a quem eu, desta vez, absolvo) e à trave. Escapamos de protagonizar um vexame histórico.

Até agora vejo com simpatia o trabalho de Levir Culpi, mas já começo a fazer ressalvas. O treinador precisa intervir de maneira séria no departamento de futebol. Não adianta ficar só fazendo gracinhas nas entrevistas para ganhar a simpatia da imprensa; é preciso ser mais enérgico. Ele não bateu de frente com o Fred? Cadê a atitude firme e questionadora que exigem os momentos de turbulência? Eu e toda a torcida tricolor estamos esperando.

A verdade é a seguinte: como o Fluminense já ganhou um título (?!) este ano e o CT está  prestes a ser parcialmente inaugurado, o presidente do clube está achando que tudo caminha dentro da normalidade. É como se o ano já estivesse ganho, já estivéssemos no lucro. Isso é pensamento de time médio, não de time com a grandeza do Fluminense FC. Neste final de ano, nas eleições tricolores, os sócios terão a chance de escolher uma nova vertente de pensamento. Espero que o façam com sabedoria.

Como eu disse no início da crônica, gostaria de falar no Fla-Flu de 1995, mas o tempo não para e, neste domingo, já temos mais um Fla-Flu pela frente. O que podemos esperar? Realmente não sei. Vamos ver o que o nosso treinador fará em relação ao pífio desempenho da equipe. O time está vindo de duas derrotas, mais do que nunca precisamos encarnar o lema vencer ou vencer. Contudo, do outro lado, há um dragão ardiloso que anseia bafejar-nos com o fogo do inferno.  Será preciso mais do que lanças para batê-lo; será preciso a maior de todas as armas, tão ausente nas  últimas partidas: o coração. Que o espírito de 1995 esteja conosco.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: pro

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