Terça-feira passada (31/03), em reunião do Conselho Deliberativo com casa cheia (como poucas vezes se vê nas reuniões do mesmo, infelizmente – depois da foto acima, é claro), muitos torcedores de arquibancada e membros de grupos políticos para assistir (o que é excelente, pois pulsa o clube e a torcida, que é a razão da existência desse clube), foi votado e aprovado o orçamento do Fluminense para o ano de 2015.
Orçamento este que foi apresentado prevendo um déficit de em torno de 39 milhões, o que gerou muita celeuma e crítica por parte de alguns grupos políticos de oposição à gestão.
Considero que algumas críticas são justas, um ajuste daqui outro dali poderia ser feito, talvez mais participação dos associados e atores políticos da elaboração do orçamento. Mas, sinceramente, fazer a crítica pelo simples fato do orçamento ser apresentado prevendo um déficit não me parece razoável.
É óbvio que todos querem que a previsão orçamentária seja superavitária. É chato você imaginar que estamos teoricamente planejando gastar mais do que arrecadar.
Mas, tricolores, a realidade do clube hoje é essa.
Não significa que será isso vai acontecer, principalmente porque muitas receitas não previstas podem e devem acontecer (venda de jogadores, aumento de patrocínio, novas receitas com sócio futebol, amortização de despesas com dívidas, por exemplo). O orçamento foi feito propositalmente de forma conservadora para que todos tenham a real fotografia do clube.
O que pouco vi naqueles que criticaram o orçamento foi mostrar de onde seria possível tirar mais das despesas. Um ou outro mais sério o fez e, ainda assim, não tornaria o orçamento superavitário.
Talvez se propusesse que a atual gestão não gastasse muito com jogadores; não encampasse Fred, Wagner, Jean, Cavalieri, Gum e mais oito jogadores novos. Talvez se propusesse que, em vez de encampar os que eram da Unimed – que ganham muito -, se montasse um time com jogadores fracos. Reduziríamos as despesas, não?
Talvez propusessem cortar mais ainda despesas operacionais do clube, prejudicando ainda mais a operação do dia-a-dia que ainda não funciona redondo. Seria um caminho.
Será que se iria propor corte de gastos com Xérem? Poderíamos fazer isso; quem sabe não poderíamos ter um orçamento superavitário?
Já sei, uma grande ideia: não paguemos Ato Trabalhista, REFIS e outros acordos para redução da dívida criada por um bando de incompetentes e irresponsáveis, que administraram o clube antes dessa gestão.
Vamos pelo lado do aumento de receitas. Talvez propusessem peitar a Globo e bater pé para que ou ela pagasse mais de 60 milhões ou estáríamos fora. Justamente no momento em que esta quer espanholizar o futebol brasileiro. É preciso peitar a Globo sim, mas é preciso reunir forças internas e externas pra tal. Ou esse pessoal vive no fabuloso mundo de Bob? E, acreditem, teve conselheiro que propôs isso e mais: reclamou que é um absurdo o Fluminense peitar a FFERJ, denegrir o Campeonato Carioca, produto que o Fluminense, segundo o próprio deveria valorizar e não, denegrir. Será que o Fluminense denigre este campeonato ridículo, deficitário, manipulado e dirigido por um pústula e comandado pelo mafioso presidente do Vasco? Piada.
Poderíamos já botar que vamos vender o Gerson, o Marlon e o Kenedy? Pimba, o orçamento seria superavitário e muito. Não tenho dúvidas de que teremos que vender um destes, mas é melhor não prever esta venda e sim tentar de outra forma, concordam?
Já sei: vamos fazer que nem o Vasco da Gama, que claramente maquiou seu orçamento enxertando ativos como amistosos.
Ainda bem que ninguém teve a petulância de propor isso. Pior que não… Teve sim, não na tribuna, mas nos papos das entrelinhas e nas entrelinhas.
A verdade é que cobramos transparência na gestão. Nunca um orçamento foi apresentado com tanta riqueza de detalhes no Fluminense (inclusive dividido pelas vice-presidências). E acredito que poucos no Brasil devam fazê-lo. Quando a gestão age de forma transparente com o torcedor, inclusive assumindo com sinceridade que ainda não conseguiu equacionar totalmente as finanças do clube, então batem. Surreal. Preferiam a maquiagem da mentira?
Um ou dois conselheiros falaram que é um absurdo apresentar um orçamento deficitário e que, se fosse uma empresa… só que o Fluminense NÃO é uma empresa, assim como um São Paulo F.C. não é uma empresa, a prefeitura não é uma empresa e por aí vai. Nem todos os setores da sociedade têm que ser regidos como empresa. Empresa vive para dar lucro. E aliás, por conta disso, muitos diretores de empresas apresentam orçamentos irreais (veja se algum deles apresentará prejuízo?) e depois têm que mascarar contabilidade para esconder o prejuízo. Quantas vezes já vimos isso? Querer comparar um clube de futebol, regido por uma lei de clubes sociais arcaica, com uma empresa é inaceitável.
Votei a favor do orçamento e fui um dos dois que fui à tribuna para defender a aprovação (o outro foi o conselheiro Fábio Dib e mais outros dois conselheiros foram defender a reprovação).
Defendi pela seriedade que vejo nessa gestão principalmente nas figuras de Peter Siemsen, Mário Bittencourt, Pedro Antônio, Fernando Simone, Marcelo Teixeira e outros. Defendi porque creio na seriedade do Conselho Fiscal, que deu parecer favorável à aprovação por dois votos a um. Aprovei e defendi porque tenho a noção exata da realidade do futebol brasileiro com mercado em retração e das condições que deixaram o Fluminense para esta gestão. Aprovei e defendi porque quando muitos decretavam a morte caso a Unimed saísse, ela saiu e esta gestão soube dar a resposta.
Defendi e aprovei, porque sei da seriedade dessa gestão no trato das coisas do Fluminense (com erros aqui e outros acolá), mas com a determinação de dar um norte financeiro e administrativo ao clube. Aprovei e defendi porque transparência é fundamental. Chega de orçamentos maquiados e contas maquiadas como faziam no passado do Tricolor! Aprovei porque a gestão teve a hombridade de colocar no orçamento gasto com comissionamento por trazerem patrocínio, enquanto muitos de forma politiqueira batem num ato totalmente normal no mercado do futebol. Aprovei porque no orçamento está previsto o gasto fixo com o escritório do Mário Bittencourt, que muitos chiam ser alto (R$ 84.000,00/mês para dar toda sustentação jurídica ao Fluminense), mas não falam que antes ele ganhava por comissionamento em vitórias e tirava mais.
Defendi e aprovei porque há um conselheiro que, com o Conselho vazio e sem a presença do Conselho Diretor, acusa pessoas de enriquecimento e quando cobrado a dizer quem são publicamente, se cala. E pior: no dia em que se discutem as finanças do clube e se pode fazer a denúncia na presença do Conselho Diretor, nem toca no assunto. Com a plenária vazia e sem o Conselho Diretor é um leão, com a plenária cheia e com a presença do Conselho Diretor, um cordeirinho. Não poderia votar ao lado deste.
Defendi e aprovei porque houve uma conselheira da oposição que subiu à tribuna em reunião com a plenária vazia e “chorou” a saída do Unimed dizendo “O que será do Fluminense agora?”. E, óbvio, votou contra o orçamento, ontem. Não poderia votar ao lado desta.
Tenho certeza que dias melhores virão em termos financeiros, mesmo com toda as safadezas do futebol brasileiro e contra o clube. Que em 2016 a gestão apresentará um orçamento real superavitário. E já antecipo: muitos dos que votaram ontem alegando ser um absurdo votarem um orçamento deficitário, ano que vem votarão contra o orçamento superavitário alegando o oposto do que disseram ontem. A picuinha é o câncer da alma.
Que essa gestão siga seu propósito de sanear o clube e dar um norte administrativo e financeiro ao Fluminense.
Que a mesma gestão seja humilde e ouça alguns bons quadros da oposição, que apresentaram críticas contundentes ontem. Ninguém é dono da razão. Somos todos tricolores.
Que paremos com picuinhas políticas que só levam ao fracasso.
Nossos adversários perigosos são outros. Com um deles nos encontraremos no domingo.
Vejo vocês lá.
O Fluminense é eterno.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @mvinicaldeira
Imagem: mvc
#SejasóciodoFlu