Ok, tudo bem, e depois? (por Paulo-Roberto Andel)

CHUVA, certo frio e um jogo importante, onde precisávamos vencer e conseguimos. Pragmaticamente falando, o objetivo deste sábado foi alcançado. Mas o futebol tem suas nuances, de modo que sinceramente não gostei de nada do que assisti no Maracanã, exceto alguns pontos.

Ver esse rapaz Marlon jogar dá esperanças num Fluminense melhor. Clássico, elegante, sóbrio, sem rococós, é titular inconteste. A seu lado, Mattis não é tão técnico mas tem uma vibração enorme. Falar do Conca é repetir o expediente: ao lado do velho Romerito de guerra – Edinho também -, os dois jogadores que melhor aliaram talento e garra no campo nos últimos 50 anos.

Um espaço merecido à parte para o Edson. Jovem, lutador, humilde, marcou o gol da vitória com absoluta obstinação. Tem sido um dos melhores em campo quando joga.

Dos jogadores que mencionei acima, apenas o craque argentino está com o boi na sombra em termos de riqueza material – mas corre maravilhosamente como se fosse um juvenil em busca de afirmação. Os outros buscam a consagração, o que talvez seja a diferença num time recheado de jogadores badalados, milionários e, diversas vezes, tratados com exagero superlativo.

Dominar o clássico, o Fluminense dominou. Só que da intermediária adversária para trás. Como resultado, um milhão de chuveirinhos, nenhum aproveitado. O gol de Edson, no segundo tempo, salvou mais uma atuação opaca, com mexidas previsíveis e francamente burocrática, diante de um adversário implodido pelo momento, mas que teve as chances mais perigosas de gol da partida.

Uma pena que o provável último Clássico Vovô em campeonatos brasileiros até 2016, no mínimo, fosse um jogo de escassez técnica tão visível a olhos nus.

Ao menos valeu o espírito de luta de alguns e os três pontos tricolores.

No entanto, é preciso encarar uma realidade irrefutável: este mesmo time, que pode sim nos dar a sonhada vaga para a Libertadores, caso não seja modificado pode nos fazer de meros figurantes na competição internacional.

Ainda teve as duas belas jogadas do Walter, como brinde à diversão. Nada do que Roger Maradoninha não tivesse feito melhor no passado, ou mesmo o Carlos Alberto – que teve tudo para ser um dos melhores do mundo e agora se arrasta pelo Alvinegro. A do Conca também foi linda, normal.

É bom vencer, é bom ter chance de ratificar o G4. E depois?

No placar, a simulação vintage de grandes tempos, hoje distantes demais.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

o engenheiro e a esfinge 14 11

1 Comments

  1. Justa a homenagem ao Edson. E o texto, perfeito como sempre. Parabéns!

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