Lá vai o Fluminense para mais uma decisão, a de vaga para a final da Taça Guanabara – e esta, por sua vez, não garante presença na final do Estadual. Vá entender. Bom, é o que temos por ora, é o que temos a superar, seja em que campo for.
Antigamente era bem mais fácil: turno, returno, os campeões de cada turno mais o time com o maior número de pontos na competição, estava resolvida a decisão do campeonato. Jogos de ida e volta, cada um na sua casa, o que garantia o equilíbrio e certa emoção na disputa. O Fluminense utilizava o Maracanã e, em determinadas épocas, Laranjeiras. Quando havia algum problema, São Januário.
Em certo tempo, o futebol passou a ter tantos jogos e campeonatos que, aos poucos, o público foi rareando e migrando para a televisão, este fantástico invento que hoje é o principal sustento das agremiações – é que, curiosamente, parece não se importar tanto com os estádios esvaziados onde transmite seus jogos, contribuindo para a valorização do dito esporte bretão. Ao mesmo tempo, o Rio teve seu estádio maior como objeto de rifa política, até virar o trambolhão de agora. Se alguém dissesse há 30, 20 ou 15 anos que o Maracanã não seria o palco principal do futebol carioca, os interlocutores dariam ao comentarista o papel de louco. É.
Foram destruindo o campeonato do Rio. Por outro lado, cria-se uma liga onde grandes clubes jogam com seus times reservas. Por aqui, todos os jogos são deficitários, além de agora disputados em qualquer lugar.
Para piorar, a situação do Estado é caótica, com a capital também sentindo as consequências dos descalabros.
A confusão de ontem, onde em certo momento não se sabia quem ia jogar onde, é um reflexo da situação. Não tem polícia, não tem garantias, tem o que mesmo?
Há muito tempo, inventaram de colocar jogos no sábado de Carnaval, mesmo que para amistosos. O objetivo era claro: encher o Maracanã de torcedores e turistas, numa cidade onde a festa ainda era para pouca gente, vivida nos salões dos bailes e nas arquibancadas do desfile. Hoje, encher que Maracanã? O Rio com um milhão de blocos nas ruas – e foliões durangos por conta da crisis -, hábito retomado na cidade no começo dos anos 2000.
Se nada mudar nos próximos minutos, decidiremos a vaga contra o Madureira no simpático estádio de Los Larios, onde não se chega por transporte público sem baldeação. A terceira partida que faremos lá em um mês. Neste momento, como faz falta o estádio alugado de Edson Passos! Mais falta uma reforma vigorosa nas Laranjeiras. Do Maracanã, restam a tristeza e a saudade, mesmo que ele não seja mais o que os cariocas aprenderam a amar (diz o mais querido dá imprensa que joga lá em março).
A Federassauro? Uma bobagem enorme.
O caminho é manter a atitude em campo, o momento da equipe tricolor, atropelar respeitosamente o adversário de Conselheiro Galvão e esperar um dos rivais na grande final. Este é o objetivo do Fluminense, este é o foco. O resto, discutimos depois. Agora, não era para ser nada desse jeito que aí está, justamente quando o nosso time parece tão legal e azeitado.
Em tempos de folia de Momo, que haja polícia para quem precisa de polícia. Se a mortandade for um pouco menor nesta guerra surda que toma as ruas, é um prêmio de consolação.
Panorama Tricolor
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Imagem: rap/curvelo