Amigos, amigas, obtivemos duas vitórias diferentes nas duas últimas rodadas do Flamengão 2019. Contra o Americano, um passeio espetacular do Fluminense, que atuou de forma irrepreensível. Como já fizera com o Volta Redonda, mas agora sem ceder contragolpes, o Fluminense sufocou o Americano e tomou conta da partida, com atuações excelentes de Daniel e do estreante Yony González.

Na partida deste domingo, contra a Portuguesa, parece que tivemos um adversário mais qualificado pela frente e sofremos muito para ganhar. Nosso sistema defensivo não cedeu contragolpes, mas não foi eficiente quando a Portuguesa teve ousadia para atacar. Só no final do primeiro tempo, foram três chances de gol. Durante a segunda etapa, mais três oportunidades.

Além da superioridade da Portuguesa em relação ao Americano, parece que o calor acabou prejudicando o futebol de alta intensidade do Fluminense na partida de ontem. Errou Diniz, ao meu ver, que demorou muito a substituir e tirou logo o termômetro do meio de campo, que era Daniel, optando por acelerar o jogo, colocando Bruno Silva mais avançado ainda do que já estava atuando. Verdade seja dita, acabou dando certo no final, com a entrada de Matheus Gonçalves. A Portuguesa foi ousada, mas acabou, ela própria, perdendo capacidade física e o Fluminense, com as substituições, recuperou a intensidade no final, matando o jogo com roubadas de bola e contra-ataques rápidos.

Temos duas grandes notícias oriundas dos últimos compromissos. A primeira delas é Mascarenhas, que já atuara bem na estreia, mas joga um futebol maduro em todos os fundamentos. A outra, sem dúvida, é o Yony González, que é um jogador de inúmeros recursos. Quase saiu mais uma vez com dois gols de campo, depois de um primeiro tempo apagado. No segundo, quando o jogo ficou veloz, encontrou sua função em campo.

Não sei se chega a ser surpresa, mas Bruno Silva fez uma partidaça, que terminou na assistência que deu para o terceiro gol, marcado por Luciano. Um dos mais velhos do time, parecia ter 18 anos, dando piques, desarmando e indo ao ataque como se não houvesse amanhã. Desequilibrou o jogo na parte final do segundo tempo. Quanto a Daniesta, esse a gente não tem muito o que falar. Já são três assistências para gol, numa média de uma por partida.

Sobre a venda de Ibañez, se for por menos de 30 milhões de euros, é inaceitável. Jogador importantíssimo para o esquema do Diniz, que o Nathan Ribeiro não parece capaz de substituir. Quem, ao contrário, fez as investidas à Ibañez foi Matheus Ferraz, com mais uma ótima atuação. É um daqueles jogadores que dá equilíbrio nas ações defensivas e na saída de bola. Ezequiel, não só pelo gol marcado ontem, pode-se dizer que é um dado positivo. Everaldo, se deixar os momentos “peladeiro”, vai se tornar um jogador extremamente importante. Depois de deixar Mascarenhas de mãos abanando, livre, chutou uma bola na arquibancada. Pouco depois, fez a grande jogada do segundo gol. Diniz precisa erradicar esses “momentos Everaldo” do Everaldo.

Ainda sobre a venda do Ibañez, é inaceitável a lógica de que pagou 600 mil, se tem uma oferta de 20 milhões tem que vender. Esse é um pensamento mesquinho. Quando a gente fala que futebol deve ser pensado como um negócio, isso não quer dizer que o futebol seja para fazer negócios. O valor de um jogador, embora inclua a evolução do seu preço no mercado, não pode ser aferido só por esse aspecto. Ao contrário, o principal é qual o seu valor para o elenco. O segundo, quanto ele pode ser valorizado. Tirando isso, é estupidez ou outra coisa que eu não sei o nome.

Lá para o meio da semana, o pessoal anuncia o Ganso, e todo mundo esquece da venda do Ibañez, que surgiu na mídia em meio à concorrida Assembleia Geral, que, de tão concorrida, teve a presença de menos de 10% do quadro social. Isso só mostra o desprezo que a maioria dos sócios têm pelas ginásticas políticas e pelos deploráveis jogos de poder, onde está valendo de tudo sabe-se lá para quê.

Já que parece inevitável que tenhamos uma eleição antecipada para presidente do clube, espero que haja, pelo menos, alguma chapa que valha a pena ser apoiada e que, mesmo com o pouco tempo, se possa debater os projetos. O futuro do Fluminense não resistirá a essa mesmice que nos assola desde o final do século passado, que só foi rompida pelo dinheiro da Unimed e não por uma gestão digna da grandeza do Prêmio Nobel do Esporte. Nós não chegamos ao século XXI, porque somos um clube politiqueiro, flagelado pelo compadrio, sem políticas de governança e transparência, onde quase ninguém tem compromisso com o passo que precisa ser dado, que é a profissionalização total e irrestrita.

Eu espero que aqueles que realmente pensam no Fluminense, que querem dar o suor pelo clube, mas que entendem que suor sem inteligência não serve nem para correr os 100 m rasos, se unam. Para ser muito sincero, temo muito mais essa eleição antecipada do que alguns estranhos hábitos da gestão Abad. O risco que nós corremos é trocar algo medíocre por mais 11 meses por algo devastador nos próximos três anos. A minha visão é de que o Fluminense está gravemente ameaçado por um processo que já nasce cheio de vícios, sem uma avaliação realista da situação atual e com um eleitorado inebriado por uma pintura distorcida da realidade do clube.

O toque de bola continua bonito e o time muito disciplinado. Que continue assim, mas aí os caras vão e vendem o Ibañez. Assim fica muito difícil.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

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