Semana passada, na reunião do Conselho Deliberativo do Fluminense, Marcelo Teixeira – gerente das divisões de base do Fluminense – e Ivan Proença – gerente do departamento de futsal do clube – expuseram o trabalho que está sendo feito lá. Vale a pena conferir. Absolutamente espetaculares o alto nível do projeto e os objetivos que vão sendo conquistados ano após ano.

Vou tentar resumir aqui um pouco do que entendi da exposição, para que vocês tenham alguma ideia do que vem sendo feito lá.

O trabalho não começou agora, mas desde a gestão Fischel; com Peter Siemsen ele se intensificou e ganhou a forma que está agora. Uma das primeiras ações da gestão foi reformar Xerém, que estava abandonada pela péssima gestão Horcades. Lembro-me que o presidente falou à época que seu maior esforço seria o de não faltar dinheiro para Xerém. E, com muitas dificuldades, vem cumprido o prometido.

Marcelo Teixeira é um apaixonado por divisões de base e formação de jogadores. Com formação na área de TI, foi auditor e depois foi trabalhar com scout do Manchester United para a América do Sul por três anos. Desde 2011 trabalha como gerente das divisões de base no Fluminense.

Ivan Proença, formado em Educação Física e filho do grande benemérito Ivan Proença, assumiu recentemente o projeto do futsal do Fluminense ligado às divisões de base, e também para que o clube tenha um time de  futsal profissional.

Para começar, o objetivo deste projeto é “modesto”. Ser o maior da América do Sul e um dos maiores do mundo em termos de gerar revelações. O Flu já possui uma das três melhores divisões de base do Brasil – senão a melhor – e caminha para ser uma das maiores do continente.

O projeto hoje consiste no trinômio Xerém-futsal-Guerreirinhos. Cada um tem sua estrutura e orçamento, mas caminham lado a lado e entenderemos o porquê.

A infraestrutura de Xerém conta hoje com 153 profissionais, o futsal com 27 e o Guerreirinhos com cinco.

Xerém está localizada numa área de 107.000 metros quadrados e possui um mini estádio, cinco campos de grama natural e um campo de grama artificial, mais um hotel para 48 pessoas e alojamento para 92 atletas.

O futsal caminha junto com Xerém, hoje, na busca e formação de grandes atletas, uma vez que ajuda muito no cognitivo, pensamento rápido e dribles. Alguns atletas que vieram do salão na base do Flu foram Roger, Toró, Marcelo, Kenedy, Gerson e Marlon. Antes que torçam o nariz pro Toró: todos os tricolores e não tricolores que conhecem as bases do Brasil afirmam que o Toró seria um cracaço. Mas com 14 anos de idade estourou os dois joelhos.

E o Fluminense começa o salão desde os sete anos. É trabalho de longo prazo, mesmo. Aliás, Ivan Proença não só comanda o futsal em termos técnicos, mas contribui com um projeto pedagógico fantástico na formação dos atletas.

O Fluminense conta a partir já deste dezembro com a presença de um cara do Michael Johnson Performance (o melhor instituto de pesquisa e treinamento para obtenção de alto rendimento no esporte). Aliás, é um dos primeiros clubes de futebol do mundo a contar com essa expertise em seus quadros.

Existe um plano de jogo adotado em todos os times da base e que em breve será estendido para o futebol profissional.  O plano consiste em seis pilares básicos do jogo e a ideia é que, se colocarem dois times de futebol sem camisa, saibamos reconhecer quem é o Fluminense pelo estilo de jogo que prima pela posse de bola, toque e deslocamento e ofensividade. Este aspecto técnico está sobre a supervisão do excelente Marcelo Veiga, em conjunto com os profissionais técnicos da base do Fluminense.

Outra questão fantástica é o projeto “Faça uma pessoa melhor e teremos um jogador melhor”. Sensacional. O Fluminense está formando atletas e cidadãos. O projeto pedagógico é voltado para isso. As famílias chegam junto. Os jogadores recebem aulas, palestras, participam de projeto de cidadania, enfim, um sem número de ações para formar cidadãos. Tanto que, na base, normalmente somos os times mais disciplinados. Há um projeto com a Defensoria Pública do Rio, onde os atletas são chamados para participarem de um júri em um julgamento fictício e coisas do gênero.

Aliado a isso, Marcelo Teixeira sacou a importância da troca de experiências internacionais. Jogadores são emprestados para clubes internacionais, para viverem em outra cultura e sozinhos. E o método comprova que eles voltam melhores jogadores e cidadãos. Técnicos da base vão a toda hora passar alguns dias em clubes como Barcelona, Manchester, para aprender os métodos lá. Sem contar os constantes torneios internacionais que a base do Fluminense disputa (e ganha) títulos).

Tem coaching com alguns atletas, aula de inglês, enfim, muita ação mesmo na formação do atleta.

O projeto Guerreirinhos atua como uma linha auxiliar na captação de jogadores, além de gerar renda para o clube. Está no Brasil inteiro sob forma de franquia, onde os franqueados têm que passar por uma série de exigências do Fluminense, tudo isso assinado em contrato.

Além disso, o Fluminense possui cinco olheiros profissionalizados espalhados pelo país e, em 2016, já pretende subir para oito.

Esse é um resumo do resumo que o Marcelo Teixeira e Ivan Proença fizeram no conselho. Vale dizer que quando você ouve os dois falarem sobre os projetos nota-se claramente paixão naquilo que fazem. Óbvio que são remunerados por isso, mas quando você tem a excelência profissional aliada àquilo que se faz por amor, só pode dar em objetivos grandiosos conquistados.

Vida longa a Xerém.

Esse trabalho não pode parar.

Não é mais o futuro. É o presente, como notamos nos vários jogadores de qualidade no time profissional e nas vendas realizadas esse ano.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: Rivais do Rio

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