Numa rara hora de folga, ligo a TV antes do trabalho para saber o que iam falar de Fluminense e Audax. Redação SporTV com o Marcelo, o Simas – um camarada admirável – e o Tim Victery. Mesmo tendo estado lá e visto o show de horrores, queria uma contraprova.

Depois de muito Corinthians e muito Flamengo, vem a análise do nosso jogo.

Sinceramente, custo a acreditar que tenham visto algo além dos esparsos “melhores momentos” do match.

A conversa descambou para uma sentença absolutamente mentirosa: a de que a torcida tricolor vaiou e xingou Abel exclusivamente por conta da não entrada de Paulo Henrique Ganso no campo, podendo haver cinco substituições.

Em primeiro lugar, alguns apupos já eram ouvidos desde o primeiro tempo, salvo pelo oportunismo de Cano – que não pode ser reserva de Fred neste momento.

Em segundo: a paciência da torcida foi até grande, tamanha a quantidade de erros na hora do último passe e do cruzamento. Se o time titular ainda é desfocado, imaginem o suposto reserva.

Terceiro: era nítido que o Fluminense estava completamente anêmico de armação de jogadas e, aí sim, o único jogador disponível no banco com capacidade para mudar aquele cenário era Ganso, isso por escolha do próprio Abel ao elencar os relacionados para a partida. Podia ter sido qualquer outro jogador que tivesse alguma qualidade mínima para o necessário. Ganso não é ídolo e está muito longe de qualquer unanimidade dentro da torcida, mas mesmo com suas evidentes limitações físicas… Amigos, era um jogo contra o Audax pelo Carioca.

Com 1 a 0 chocho e o Flu sendo ameaçado pelo humílimo ex-Sendas, que só não foi mais longe devido à sua aridez técnica, porém bem armado e saindo direitinho da defesa para o ataque, a gota d’água foi a entrada de Wellington O Baiana – e a torcida, que tinha pedido Ganso uma única vez por 15 segundos, então explodiu de vez. Mas não era exclusivamente pelo meia e sim pela conjuntura toda. O fato é que o Fluminense foi mal nos três primeiros jogos, não apresenta nada além de chuveirinhos e os erros são tamanhos que os jogadores, titulares ou não, parecem que nunca se viram antes.

E aí o Redação muda completamente o enfoque, dando a entender que uma vitória magra, com má atuação e diante de um adversário cujo único objetivo é não cair no Estadual, é motivo suficiente para aplausos. Venceu, está tudo bem. Ganhou dois jogos, estão reclamando de quê?

De tudo.

Faltou pouco para dizerem que a torcida tricolor presente era composta por idiotas.

Chega a ser curiosa a análise do SporTV sobre o Fluminense, de uma generosidade rara e súbita na história. Muito curiosa.

Em tempo: Abel é um ídolo, o segundo treinador que mais comandou jogos do clube na história. Nos últimos anos, um dos poucos momentos em que o Flu venceu e convenceu nestes anos foi justamente com ele, no primeiro quadrimestre de 2017. Merece tudo. Só que o cenário atual é outro.

As vaias e xingamentos foram tristes na Ilha. Muito tristes mesmo, porém compreensíveis diante dos acontecimentos. Quem foi à Ilha nas duas quintas-feiras passadas merece um prêmio pela paciência.

No final, Abel deu uma entrevista inacreditável falando que o importante não é fazer o segundo gol, mas segurar o 1 a 0. Amigos, até aqui o Fluminense jogou contra Bangu, Madureira e Audax. Faça-me o favor…

Agora, observemos: não foi o treinador que montou o elenco. Contudo, encher a lista de volantes e insistir com o 3-5-2 por casuísmo, para manter Fred e Cão no time, são questões que podem custar mais caro na frente.

Quem inventou as besteiras eleitorais de SeleFlu e nova Máquina? Precisamos ter respeito com o passado do clube.

Alô, SporTV: idiota é quem banca uma narrativa peculiar para suavizar problemas a troco de não sei o quê. Os do Fluminense são muito nítidos e não vão ser resolvidos com retórica oca.

Idiota é quem compara Crissilva com Marco Antônio ou o saudoso Rodrigues Neto.

Sinceramente, torço mesmo é para que Abel caia em si. A disputa da pré-Libertadores é logo ali.

Ainda há tempo, mas não muito.