Orgulhoso por ter passado a fazer parte da equipe do Panorama Tricolor, estreio neste espaço dando minha opinião sobre a participação do Fluminense no Torneio da Florida. Seremos capazes de conquistar algo em 2016? Não sei, afinal, o futebol é o único esporte que tem o imprevisível como ingrediente. Além disso, o Fluminense possui uma mística que o conduz ao sucesso mesmo na adversidade. Ainda vamos ter que esperar um pouco mais para ver se esse time vai dar caldo ou não.
Certos aspectos, contudo, estão claros. Apesar de os dois gols que sofremos terem ocorrido em consequência de falhas da defesa, creio que teremos uma retaguarda mais sólida. Pudemos constatar mais uma vez que Gum já cumpriu seu ciclo nas Laranjeiras, ao menos como titular. Além disso, Marlon, apesar de ser extremamente promissor, não pode levar o rótulo de principal zagueiro do time – é jovem demais para tal. Para mim, a zaga titular do Fluminense tem que ser formada por Henrique e Renato Chaves. Em que pese a falta de ritmo do primeiro, afinal, não atuava há muito tempo. O entrosamento surgirá naturalmente. Renato me impressionou por sua calma e sua técnica nos minutos em que esteve em campo contra o Internacional.
Nas laterais, incógnitas. Wellington Silva é esforçado e está marcando melhor – porém já foi mais eficiente no apoio ao ataque. Além disso, não tem um reserva imediato especialista na posição – considero Jonathan um ex-jogador. Na esquerda até estamos melhor servidos: Léo Pelé ainda precisa amadurecer, possui potencial e vale a pena apostar nele; Ayrton, por sua vez, me parece bem melhor em relação ao ano passado e também vale a aposta. Já quanto a Giovanni, não sei o que dizer. Voltará bem da lesão? Mesmo que volte, não é essa coisa toda também. Posso até estar enganado, mas levo mais fé nos garotos.
No meio-campo, negociamos Jean. Sua saída era iminente, foi forçada pelo antigo patrocinador e pela falta de tesão que ele vinha exibindo com a camisa tricolor. Não era corpo mole não, era mesmo falta de motivação pelo tempo que estava no clube e pelo desejo de voltar a morar em São Paulo. Além de volante com ótima saída de bola, atuava também como lateral-direito e, neste aspecto, nos deixou carentes. O que me preocupa após sua saída é fazer com que Edson (jogador com muitas virtudes) permaneça mais calmo em campo. Não pode ficar recebendo cartão em todo jogo. Ele é o Edson, não é o Pierre. Já Cícero, atuando como segundo cabeça-de-área por mérito do técnico Eduardo Baptista, mostrou que pode ser um dos pontos mais fortes desta equipe. Mas é preciso que tenha mais liberdade (com a devida cobertura) para ir ao ataque.
Na criação de jogadas, precisamos evoluir. Diego Souza ainda está acima do peso ideal e não é aquele armador habilidoso. É um jogador de força – conheço bem seu futebol desde que atuava nos juniores do clube, sempre foi um terceiro volante com boa chegada e chute forte. Evoluiu bastante com o decorrer de sua carreira e será importante por sua experiência. Mas não pode ser colocada nele a responsabilidade de criar usando uma habilidade que não possui. Quanto a Gustavo Scarpa, esperamos que continue crescendo e se tornando importante para a equipe.
Ainda sobre o meio-campo, Felipe Amorim me surpreendeu por sua movimentação e seu jogo “vertical” mostrado contra os ucranianos e contra os gaúchos. E gostei muito da incorporação da Daniel ao elenco principal. Jogador baixinho, rápido, com boa saída de bola e passes que desmontam o setor defensivo adversário. Ainda é um menino, mas será um grande armador, sem dúvida. Torço para que não seja trocado por Wellington Nem – até porque Nem não está jogando absolutamente nada.
E chegamos ao ataque. Fred não jogou e vou falar sobre os outros. Marcos Junior é importante e não se omite, mas está longe de ser um craque. O velho Magno Alves, mesmo aos 40 anos, ainda é muito mais perigoso que muito garoto e faz por merecer o carinho da torcida. Osvaldo, por sua vez, ainda não justificou até hoje a sua contratação. É rápido, porém previsível e todo jogo acaba substituído. Finalmente chegamos a Richarlison: com apenas 18 anos, mostrou que pode vir a ser, um dia, o substituto de Fred. É ousado, tem técnica e apenas uma coisa o atrapalhou: o isolamento no ataque. Um problema, aliás, que temos desde o ano passado, quando o jovem atacante sequer tinha chegado às Laranjeiras.
Ou seja: Eduardo Baptista terá muito trabalho pela frente. Torcemos para que ele, com sua calma, possua a sabedoria necessária para fazer as escolhas certas nos momentos certos. E que disponha de tempo para implantar a sua filosofia de trabalho.
É isso: uma boa semana a todos e Saudações Tricolores. Volto no próximo sábado falando sobre a estreia tricolor na Primeira Liga, contra o Atlético-PR (se ela acontecer mesmo…) e a expectativa para o primeiro jogo do Carioca, contra o Voltaço, no Raulino.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: p.rocha