Amigos, amigas, sabe aquela criança que está perdendo e mela o jogo jogando tudo para o alto? É inacreditável o show de indignidades que vimos hoje no Nilton Santos.

O Fluminense, com um time dito alternativo, jogou disparado seu melhor primeiro tempo na tarde de hoje. Um futebol de intensidade, com volume de jogo, imposição e qualidade. O gol só não saiu por coisas que só o futebol não explica.

Eu imagino que Abel, se lhe resta algo de seriedade, tenha tido um curto circuito mental vendo as atuações de Calegari e Nathan. Nem vou falar de Arias, que esse já mostrou todas as credenciais, muito menos de Martinelli, que, no meu humilde entendimento, é craque.

Vou falar de Manoel, que exerceu com surpreendente precisão o papel de Felipe Melo. Isso é muito importante para o restante da temporada.

Cano, que mal tocava na bola, marcou o gol da vitória logo no início do segundo tempo. Um gol de artilheiro, de quem domina a grande área. Um gol de titular.

Vou falar, mais uma vez, do Cris da Moldávia. A cada jogo mostra mais. Foi hoje sua melhor atuação disparada e isso é muito bom, porque precisamos de gente qualificada.

Nosso início de segundo tempo, até o gol, seguiu a rotina do primeiro tempo. Diminuímos o ritmo depois, mas sem deixarmos de ser ameaçadores. Luís Henrique entra no time e faz passe espetacular para John Árias. Na hora de finalizar, já dentro da área, foi deslocado. Pênalti, que o árbitro não deu porque não quis.

Era um jogo cheio de excelentes notícias para o Fluminense. Eu confesso que minha cabeça entrou em parafuso. Arias e Nathan atuando como atacantes de lado, embora nem tanto, parecia mais um 3-6-1, foram taticamente deslumbrantes e tecnicamente muito bons.

Tudo bem, eu deveria me aprofundar mais nisso, mas a minha alegria acabou faltando menos de cinco minutos para o jogo terminar. O que era satisfação virou revolta, indignação e vergonha. Uma vergonha atenuada pela atitude da torcida, que comemorou efusivamente a entrada de Paulo Henrique Ganso, mesmo faltando menos de cinco minutos para terminar o jogo.

Eu confesso que escrevo com o estômago embrulhado e com inclinação para perder todo o respeito que tenho pela pessoa do senhor Abel Braga, a quem tantas vezes defendi. Porque sacanagem tem limite e ele sabe que já foi sacaneado. A ética tem que ser o limite para as atitudes de um homem.

Estamos diante de uma grande oportunidade, com um elenco que pode alçar voos gigantescos, como mostrou hoje. Estávamos felizes com a exibição do Fluminense, mas fomos surpreendidos por um episódio que nos deprime profundamente. O saldo do domingo, que era positivo e desafiador, se torna desolador.

Ter colocado Paulo Henrique Ganso, num jogo em que atuamos com um suposto time reserva, faltando menos de cinco minutos para terminar o jogo, um jogador da envergadura de Ganso, é passível de demissão sumária. Porque é uma atitude perversa, desumana e autoritária.

Se isso foi para humilhar o atleta, Abel, você desceu ao mais baixo patamar que um ser humano pode descer. Se não foi, desculpe as minhas palavras, mas explique esse desrespeito pelo jogador e pela torcida do Fluminense, para que você possa sair na rua de novo com o mínimo de dignidade.

Não basta para um homem dizer que tem caráter. Caráter não é da boca para fora, mas reconhecer na ética e no respeito à dignidade alheia paradigmas inalienáveis e incansáveis. Incansáveis, Abel!

Eu estou profundamente chocado e constrangido com o que vi na tarde de hoje, sem mais vontade de analisar o jogo, embora haja análise para fazer.

Não há indignidade que harmoniosamente habite uma tropa que veste as três cores!

Força, Ganso!

Saudações Tricolores!