Fim de um treino qualquer no Fluminense na semana passada. Cristovão, após ser perguntado pela enésima vez sobre Fred e a Copa do Mundo, “se queimou na parada” (pequena homenagem a João Saldanha) e resolveu responder à altura. Criticou a indigência da imprensa esportiva por chover no molhado e procurar e promover picuinhas. Disse que, quando no Vasco, só era perguntado sobre se Juninho e Felipe poderiam jogar juntos. E que agora, no Flu, só é perguntado sobre Fred.
“As perguntas são de uma pobreza absurda”.
A reportagem (já ácida) sobre o assunto não demoraria a ser comentada nas redes sociais. Dez minutos depois de sua publicação online, cardeais da imprensa esportiva do Rio já repercutiam o assunto, criticando duramente Cristovão e defendendo a classe.
Curiosa a atitude corporativista dessas pessoas. Não vejo políticos se indignando porque os coirmãos são chamados de bandidos ou corruptos. Não vejo jogadores se reunindo para se defenderem da acusação de indigência reinante no futebol brasileiro. Dirigentes se defendendo de serem chamados de amadores ou mal-intencionados.
A única classe que se defende dessa forma é a imprensa esportiva. Sem nenhuma autocrítica. Mesmo cientes da atuação vergonhosa de alguns expoentes do time, que fazem uso dos seus espaços nobres para torcer, conspirar e divulgar aquilo que lhes interessa.
Por isso, acabam sendo piores do que esses sem-vergonhas escancarados. Sim, pense naquele jornalista-torcedor que você tanto detesta. Ele não é o pior da classe. Pior é o em cima do muro, o morde-e-assopra que posa de bom-moço e defensor da causa. O cara que não tem coragem de falar a verdade. Porque o bandidão não tem pele de cordeiro. Ele está ali em sua postura desafiadora e tem a pachorra de defender seus pontos de vista absurdos ante a fúria de quem o lê e sabe que aquilo pode ser tudo menos jornalismo. Essa postura inconcebível conta com a vista grossa de seus pares. E a defesa intransigente de todos contra o inimigo que os “ataca” com críticas, como a de Cristovão.
E ele apenas criticou a pobreza das perguntas.
Os não-jornalistas são outra pedra no sapato desse povo. Somos a maior ameaça à reserva desse mercado desses cidadãos, que se acham melhores que quem escreve na web sem um diploma pendurado na parede. Nossa independência incomoda. Não há um editor ou dono de canal a ser respeitado.
Nós podemos criticar livremente, por exemplo, jogos às dez da noite, horário que está ajudando a matar o futebol nos estádios brasileiros. Muitos desses profissionais têm de rebolar e elaborar teorias mirabolantes para falar de estádios vazios driblando esse item fundamental. Nós não precisamos.
Claro que há gente boa. Claro que existe gente séria. Mas esses assumiriam a culpa ao invés de criticar Cristovão.
Um técnico pedante e um atacante decadente, culpado pela eliminação da seleção da Copa. Ambos num time que vira mesas. É isso o que esses caras vendem e os incautos bebem. Eles conseguem que muita gente acredite nisso.
Cristovão foi corajoso e vai pagar por isso. Por um bom tempo.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Ótima coluna! Vc podia, semanalmente, postar aqui perguntas para q a imprensa “bisonha” esportiva utilize nas entrevistas coletivas.
Parabéns!
#fechadocomCristóvão
Muito bom o texto! Em perfeita consonância com a excelente entrevista do Cristovão. Alem dos aspectos já referidos no texto, seria importante ressaltar também a menção, na entrevista, da relação existente entre todas as mazelas, sempre apontadas, do futebol brasileiro e a baixíssima qualidade da imprensa esportiva nativa. É impressionante como, mesmo diante da péssima qualidade de nossa imprensa como um todo, o seu segmento esportivo consegue se destacar negativamente!
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Clap, clap.
Excelente!