Voltei. E parece que escolhi justamente após uma semana intensa, como foi esta do caso da transferência de Fred para o Atlético-MG. Poderia ter escolhido esse assunto como pauta, mas, em relação à saída, não consigo agir de outra maneira a não ser a mais direta possível: sou extremamente grata por todos os momentos em que nos ajudou, mas a decisão já foi tomada. Vida que segue.
Talvez parte da torcida tenha até ficado feliz, mas eu não: sentirei falta do orgulho em vê-lo vestindo nossa camisa. No entanto, a vida continua e o Fluminense é bem maior do que qualquer atribulação. Ela não para.
Dizem que samba, futebol e mulher formam a combinação mais bela que existe e, falando nisso, difícil é não lembrar a beleza que invade as arquibancadas em cada jogo do Tricolor. Com a volta do campeonato brasileiro, recomeça também a corrida pela faixa mais desejada por quem almeja representar o seu clube de coração. Nesta semana começa a disputa do título de Musa de Fluminense e, consequentemente, representante no concurso Musa do Brasileirão 2016.
Aos que me conhecem ou acompanham, mesmo que aleatoriamente, a coluna, sabe o quão chata sou em relação a qualquer assunto que envolva o Fluminense. Meu respeito pelo clube talvez seja o mesmo que tenho pelos meus pais, e isso explica o porquê de minha batida na mesma tecla de que uma musa precisa ser muito além de beleza física. Afinal, também conta como imagem para a instituição.
Existem vários motivos do porque alguém querer entrar nesse tipo de concurso: o pensamento de que possa haver convites para trabalhos, a busca pelos minutos de fama, uma saudável vaidade etc. Talvez uma pequena porcentagem entre pelo motivo que deveria ser o pensamento de todas: elevar o espírito do torcedor e mostrar a força da mulher dentro do esporte. Procurando esse diferencial (que deveria ser a normalidade), tive a atenção voltada à história que segue abaixo:
Naiana de Souza, 29 anos, nascida na Tijuca, passista e modelo. Há 12 anos como componente da T.O. Young Flu, acompanha o Fluminense de norte a sul desse país e luta para que a nossa imagem perante o futebol seja muito mais do que apenas beleza e sensualidade.
Ela descobriu-se Tricolor graças a um namorado que era fã do Romário, na época em que jogava pelo nosso clube. E quem diz que o fato de não ter descoberto o amor pelo Fluminense tão cedo, não a faz ter esse sangue correndo pelas veias? Foi gerada com orgulho por um ventre que já vestia desde sempre três as cores; a descoberta foi só uma questão de tempo.
A mulher, tanto dentro do esporte quanto dentro das torcidas organizadas, ainda sofre certa discriminação, infelizmente pelo fato de que algumas são levadas por companheiros, sendo tachadas de que estão nos estádios apenas por esse motivo, sem se considerar que a mulher pode amar e entender de futebol tanto quanto um homem. Os núcleos femininos dentro das organizadas, além de tornarem a torcida mais bela, têm dado o espaço necessário para a permanência feminina, além de claro, ajudar a garantir cada vez respeito.
“O Fluminense mudou a minha vida. Sem duvidas é muito mais do um time de futebol. Me fez não só amar o futebol, mas entender de fato o que é torcer. Ter a certeza de que somos além da arquibancada, que somos nós, que levantamos o time quando ele esquece de suas forças. Nós somos a garganta, a alma e o coração”, diz Naiana.
Um ambiente historicamente masculino, hoje sendo dividido de forma esplendorosa, faz com que eu me orgulhe de cada história de superação de preconceitos – onde vemos esse alguém servindo ao clube e não se servindo dele.
Para muitos, a competição pode ser apenas futilidade, mas para algumas dessas meninas pode ser o começo de uma nova imagem. A que a torcedora fiel sempre quis: a de que a mulher está para o futebol assim como o Fluminense está para a tradição.
O concurso se inicia neste dia 13 de junho e já sou declaradamente #TeamNaiana.
Panorama Tricolor
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Imagem: dei z/naiana