Início de temporada com o Campeonato Carioca ainda morninho, o Fluminense já olha ali na frente a disputa da Recopa, em fevereiro. Algumas contratações e muitas especulações. O time titular voltou a treinar e logo vai estar em campo. Aí começa a temporada, de fato.
Nesse recesso com descanso e férias, andei pensando que nunca na história o Fluminense deixou de produzir ídolos. Isso explica a renovação etária da nossa torcida. Jamais se viu tantas crianças nos estádios. Os tricolores sempre levaram seus filhos e netos. E esses fazem o mesmo agora. É uma dinastia de guerreiros. Se não tivéssemos ídolos, a torcida não cresceria tão apaixonadamente como a nossa.
E quando o assunto é ídolo, cada torcedor tem sua lista específica, encabeçada pelo seu preferido. Temos e tivemos muitos ao longo da história.
O meu maior de todos vem da minha memória afetiva naquele sábado de Carnaval de 1975, quando triturou o Corinthians na sua estreia com a camisa tricolor. Foi esse 10 que me encantou e foi idolatrado por Diego Maradona. Jogou com a 11 na Copa do México em 1970, a maior seleção de todos os tempos com o tri mundial.
Ele desconcertava seus marcadores com o drible do elástico e seus lançamentos preciosos. Roberto Rivelino (sim, com um L apenas) é a minha referência de ídolo. Naquela época nada midiática e tecnológica, sua técnica rodava o mundo. O “Bigode” era um malabarista com a bola nos pés. Anos depois, eu fazendo a cobertura do Vasco pelo Jornal dos Sports, perguntei ao saudoso Alcir Portela como foi aquele drible histórico…num sorriso de canto da boca na sua simplicidade e simpatia me respondeu: “até hoje procuro aquela bola”.
Não existe mais ídolo ou menos ídolo. Cada um na sua época. Rivelino nunca foi de falar muito, preferia cuidar dos seus curiós nas raras folgas. Não era chegado à noite, gostava de acordar cedinho e jogar xadrez. Tranquilão fora de campo, uma explosão nas quatro linhas: o dono da patada atômica.
Rivelino não era de muitos sorrisos, com ele não tinha bajulação. Não gostava de cobrar pênaltis e falava isso para seus treinadores. Mas falta na entrada da área pelo lado esquerdo da meia lua, era com ele mesmo.
Que me desculpem os que vieram antes e depois dessa época. Meu 10 e ídolo eterno sempre foi e sempre será Roberto Rivelino.
Os craques não bajulam!