O melhor do Fluminense tem que começar (por Paulo-Roberto Andel)

SEJA LUZ PARA O LUIZ. COLABORE.

Foi bom demais ser campeão de novo, depois de tanta espera.

E daí que o Carioca não é mais como antigamente? O grande rival foi o mesmo.

Imagine a garotada de 18, 19, 16 anos, que só tinha esparsas lembranças do Fluminense vencedor, ou os idosos temendo o inevitável sentido da vida sem um gran finale da paixão?

E os cinquentões feito eu, criados com muitos títulos e que, já adultos, encararam quase duas décadas na seca (1986/1994 + 2013/2021)?

Foi um dos campeonatos mais difíceis que o Fluminense já conquistou, simplesmente porque havia um adversário a mais: ele mesmo. Ser campeão com uma gestão estapafúrdia, contratações muito duvidosas, titularidades por decreto e a teimosia de um treinador (ainda que muito amado) esteve longe de ser fácil. Mas vencemos. Quando foi preciso, as três cores da vitória foram desfraldadas. Foi um título de grupo, coletivo, por mais que Cano tenha sido decisivo nas horas capitais.

Vencemos. Somos os campeões. Comemoramos com todo merecimento e o gosto do título ainda adoça nossas bocas. Ok, mas passou. Precisamos seguir em frente.

O melhor do Fluminense tem que começar.

O protagonismo no Brasileiro, jogar as copas para ser campeão.

O grande desafio já começa na quarta-feira, ainda que a Sul-americana seja uma espécie de consolação pela eliminação na pré-Libertadores.

Com todas as críticas que se possa fazer à montagem do elenco tricolor – e não são poucas -, temos material humano suficiente para aposentar a condição de figurantes. Mas copas, sabemos, é vida ou morte e acidentes acontecem; agora, o Brasileiro é rali de regularidade. Disputar o título depende da nossa competência. Dos três grandes pré-favoritos, já mostramos do que somos capazes com um.

O tempo dirá, mas dependemos exclusivamente de nós.

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Parabéns a todos os torcedores do Fluminense que mostraram plena lucidez. Torcer e muito pelo título, além de comemorá-lo idem, não é nem pode ser sinônimo de abanar o rabo para dirigentes. Felizmente também fomos poupados da coreografia trash realizada em Volta Redonda. A cadeira da presidência do clube não rima com melancia no pescoço.

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Torcedores rivais, com o tradicional faniquito da derrota, acusam Fred com os piores palavrões, como se o Fluminense não tivesse dado um banho no Flamengo nos dois jogos e o título tivesse sido decidido numa confusão de três minutos.

Se tiverem vergonha na cara, os mesmos nunca mais vão comemorar o título roubado de 2017, com a escandalosa falta de Rever em Henrique que mudou a história no fim do jogo.

Em tempo: a confusão não teve nada de bom, mas é algo que acontece quase semanalmente no futebol brasileiro – não é bom, mas acontece. Os vídeos já mostraram onde começou o conflito.

Melhor chorarem na cama, que é lugar quente. Chororô no dos outros é refresco.

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Um dos grandes momentos da decisão foi ver a felicidade discreta de Gerson no segundo gol de Cano. Deley comemorando como um garoto nas redes sociais. Gilberto, campeão de 1980, com vídeos divertidíssimos.

Temos muitos ídolos e histórias. O presente abriu as cortinas do passado no triunfo.

Dos registros das grandes feras, um deles é especial para mim. O maior zagueiro da história do Fluminense, sentença que confirmo mas que não criei, pois é de Seu Pinheiro, ídolo eterno do clube.

Sempre foi um crítico desde garoto, um perfeccionista. Em campo, criticava até nossas goleadas enganosas. Não foi o melhor de todos à toa. Quem viu, sabe. Por causa de jogadores como Edinho, aos 12 anos de idade eu já era um torcedor com seis títulos cariocas, um brasileiro e vários torneios internacionais.

Obrigado por tudo.