Dia desses, escrevi por aqui sobre o genial Moacy Cirne, papa das histórias em quadrinhos no Brasil, uma das referências intelectuais do Rio nas décadas de 70, 80 e 90, com o seu fanzine Balaio. Um monstro da comunicação, felizmente vestido com as roupas e armas do Fluminense da cabeça aos pés.
Ao descobrir que tinha lançado um livro sobre o nosso time, imediatamente fui à busca do mesmo. O lançamento foi em fevereiro de 2013, em Natal, com grande sucesso no Bar dos Doidos, um ano antes da passagem do mestre. Mais Cirne, impossível. Mas um sucesso cult. O mestre das HQs já estava aposentado, em sua terra, quando lançou seu último livro, justamente o do time que lhe encantou desde criança em pleno sertão. O livro não veio para as majors e nem foi relançado aqui no Rio.
“Maraca Maracanã que te quero Fluminense” é um livro diferente de todos os outros recentemente lançados sobre o Fluminense. De tamanho pequeno, pouco mais de 90 páginas, poucas fotos, ele também fala de amor, conquistas e craques. Mas o seu grande barato está justamente no estilo único do autor: foi editado como um de seus Balaios, com fontes e alinhamentos diferentes mais poesia, memorabília, ecos de grandes partidas, as melhores escalações, as referências literárias e os vínculos dos grandes títulos tricolores com os lançamentos culturais dos mesmos anos.
Resumindo: mais do que um livro para ler, é um livro para ver e principalmente sentir. Nele, o gênio de Cirne revela-se com toda a sua força. Falando de suas lembranças, ideias e experiências pessoais com o Fluminense, ele soa tremendamente universal – e faz com que o leitor se inspire a fazer o mesmo. Merece ser lido pelos tricolores que gostem de literatura e – principalmente – aqueles que não buscam uma leitura convencional, óbvia.
Uma pena que Cirne não esteja por aqui. Todos merecíamos mais livros seus, mais genialidade sem empáfias ocas ou obviedades. Um dos mais atuantes intelectuais contemporâneos era um Fluminense de corpo e alma. E escolheu o gran finale para celebrar as nossas cores de arquibancada.
De toda forma, a passagem do mestre em 2014 fez sentido: em tempos de egoísmo, tenebrosas transações e tricolores sem noção, querendo decidir como os outros tricolores devem torcer, pensar e agir, sua verve contestadora seria um passarinho engaiolado. Abrir as portas, ganhar o céu e se perder no horizonte foi o mais coerente.
Por causa de craques como Cirne, o Fluminense é cheio de charme, poesia e sofisticação literária. Porreta!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: pra
Andel, moro em Manaus. Você tem alguma informação onde poderia encontrar esse livro?
Grande abraço e saudações tricolores !
Irio, você acha em https://www.livronauta.com.br/ – Abraço.