Lá vamos nós. Mais uma temporada. Já fazia tempo que olhava para o ano recém-nascido e tentava imaginar o que vinha pela frente: estadual, Copa do Brasil, Brasileiro, o torneio Sul-Americano. Antes a Sula; de repente, upgrade: a Liberta. Mas sem sentimento de otimismo. Olhava para quem ficava, quem chegava. Os que saíram, morreram no ostracismo. E andava meses pela inércia. Ao apagar das luzes, lá pra dezembro, alívio, só alívio.
Ano passado foi depressivo. O mais? Não. Talvez. Foi sim. A pandemia, que diziam efêmera, estava forte. Lembra daqueles filmes que o vilão parece indestrutível? Atira-se balas, bombas, canhões, mas, ao dissipar a fumaça, o monstro continuava ali, de pé, e avançando. O monstro era alimentado pelos que assim o desejavam. Inabalável na sua caminhada assassina. Eu só queria desligar a chave e aguardar. Outros tantos, tanta gente também ficou assim. O sofrimento de muitos, muitos mesmo, crescia em doses geométricas.
O futebol se tornou quase acessório para quem o tinha como extensão do corpo. Às vezes, estorvo. Quando tudo parecia aliviar, mais ondas e ondas. Mais sofrimentos, mais deboches. De repente, surge 2022. Talvez devesse esperar para aparecer quando estivéssemos mais preparados. Mais não é assim. Sem escolhas.
Voltando ao assunto, ficarei atento para não sair mais da rota, o Fluminense recomeça com uma roupa diferente, uma tentativa de fazer diferente, uma expectativa de tempos melhores. Quem sabe? Novamente ano passado: foi duro narrar alguns jogos. Muito mais do que só alguns. Ficava esperando a melhor jogada, engatilhada para ser disparada pelo reflexo e, em segundos, talvez menos, murchava. Eu murchava junto. Alguns lapsos, mas que murchavam também. Essa roupa diferente não quer dizer perfeita para a ocasião, mas tem alguns brilhos. Não sei se capaz de causar inveja quando rodar pelo salão. Quem sabe?
Gostei de algumas contratações. Pineida é versátil. Pesquisando seus últimos passos na ex-equipe, jogava de lateral-esquerdo, mas cobria ausências na outra lateral, até na zaga. David Duarte pode colaborar ao lado de Luccas Claro, Nino, David Braz. Sinto falta da base. O Fluminense revelou tanta gente por ali. Sem pensar: Edinho, Thiago Silva, Marlon, Ricardo Gomes.
O Nathan vi ano passado. Era aquele reserva-quase-titular. Entrava quase sempre. Chamava minha atenção. Mantinha a força do multi campeão. Fugindo de uma lei tricolor por usos e costumes, ainda está na casa dos vinte. Chega para suprir uma carência que parecia eterna. Espero que Abel enxergue Matheus Martins também. Precisa de sequência, precisa se sentir capaz de fazer a diferença que o seu potencial diz que vai fazer.
Willian e Cano darão alternativas que Lucca, Abel Hernandez e Bobadilla não deram. E Fred também não. Mas quem chega iluminado é John Kennedy. Agora, não tem como ser tratado como quebra-galho. Será um dos protagonistas, se deixarem. Os demais, por antipatia, por desconhecimento ou por reticências, melhor esperar pra ver. Assim como a expectativa: melhor esperar pra ver.
Enfim, nunca se torceu tanto para que a música seja pura realidade: este ano não ser igual àquele que passou…
Parabens Mauro pela brilhante visao do seu time de coração muito profundo e realista. Só nao pode brilhar maior que o meu Galo. Forte abracos.
Valeu, Diere! Abraços.