O Fluminense e o clima de não acontecimento (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, a gente pensa no jogo de amanhã e a previsível, porém ausente, angústia, deu lugar a uma certa sensação de vazio, algo que eu chamaria de clima de não acontecimento.

Tirando a capa do Lance! e a desnecessária resposta institucional do Fluminense, o que, por si só, já é um desacontecimento, parece que nada aconteceu ou pretende acontecer, exceto o jogo.

O jogo com o Fortaleza não pode sequer ser tratado como ponto de interrogação, porque não tem nada a nos responder. No máximo, em caso de vitória, venha como vier, será um acontecimento, algo do que falarmos.

Parece que o futebol brasileiro caminha a passos firmes, nem lentos nem acelerados, mas resignados, para um destino programado. O Fluminense apenas cumpre seu papel nessa caminhada.

Enquanto a torcida se mobiliza, reclama, planeja, opina e até comparece aos estádios, a gestão Mário Bittencourt faz uma curva para baixo. Tirando algumas boas políticas para atrair o torcedor, como os descontos nos planos de sócio, todos os demais passos foram descendo a escada:

  • contratação política de profissionais para o departamento de formação e futebol profissional;
  • venda mal explicada de Leandro Espadácio;
  • demissão de Fernando Diniz;
  • contratação de Osvaldo de Oliveira;
  • eliminação da Sul-Americana;
  • venda criminosa de Pedro com alto grau de depreciação e ainda com pagamento parcelado.

É o que eu tenho visto do Fluminense. Colocar salários em dia para apagar incêndios, Abad também fazia. Tentar renegociar com credores para alongar perfil da dívida, o Abad também fazia. Vender jogadores para cobrir o rombo no fluxo de caixa, idem, assim como anunciar patrocinadores de curto e médio prazo, que mais parecem anunciantes do que patrocinadores.

Aliás, falta de transparência também não é novidade. O Abad também era mestre nisso.

Ou seja, não temos nada a comemorar, nada o que esperar e tampouco o que temer, porque piorar é impossível. Nada mais há a temer no fundo do posso que o tempo e a inércia.

Não há projetos no horizonte, não há dinheiro para uma grande contratação, não há novidades na escalação, simplesmente não há. A impressão que eu tenho é de que estamos esperando por um milagre, não aquele que vai nos levar à terra prometida, mas um que tão somente nos mantenha vivos e boquiabertos. Desorientados, mas vivos.

Esperamos por um acontecimento, que oriente nossa percepção, nosso pensamento e nossas reações. Porque não há como perceber, refletir sobre e reagir ao não acontecimento. Até porque eu acho que já não há mais nada de ruim para acontecer, pelo menos entre aquelas coisas ruins que já conhecemos.

Sendo assim, o que nos resta é esperar, sem saber exatamente pelo que esperamos. É o vazio de um clube sem ideias, que se repete ano a ano, como preso em um rolo, mas agora nós nos damos conta de que nada do que foi feito até aqui vai solucionar o problema.

Eu fico impressionado, sobretudo, com a ausência quase completa da manipulação de arbitragem contra o Fluminense em tudo que leio e ouço. Tenho quase a impressão de que é coisa da minha cabeça.

É como se reconhecer o problema fosse denunciar a estupidez da solução encontrada. É mais importante manter a empáfia do que salvar o clube do iminente rebaixamento.

Eu vejo tudo isso como produto da sede obscena de poder, que produziu um processo eleitoral sem ideias e sem debate, apoiado na sede de mudança como solução, sem que houvesse um diagnóstico claro da necessidade de mudar, tampouco dos possíveis caminhos a serem seguidos.

A verdade é que o Fluminense não tinha razão alguma para trocar Pedro Abad antes do final de seu mandato, mas o Fluminense tinha a necessidade de vivenciar um longo processo eleitoral, de debate intenso,  maduro e propositivo, enquanto Abad, com seu jeito Abad de ser, estaria nos levando por um caminho seguro e até promissor, combinando boa gestão financeira e boa gestão futebolística.

Talvez, ao contrário desse clima de não acontecimento, estaríamos envolvidos no debate do futuro do Fluminense, mas nós antecipamos o futuro substituindo o presente pelo passado.

Talvez, diferentemente desse clima de não acontecimento, estaríamos nos preparando para as semifinais da Sul-Americana e aguardando ansiosos pelo próximo show do Fluminense do Diniz, muito provavelmente, em posição melhor que a atual na tabela.

Sendo assim vamos continuar fazendo o que nos cabe, porque nem ir ao estádio torcer nós podemos pelas próximas duas ou três semanas.

Com os que foram relacionados para amanhã, eu ia de 3-1-4-2: Muriel; Nino, Digão e Frazan; Daniel; Gilberto, Zé Ricardo, Ganso e Caio Henrique; Yony e João Pedro.

Libera os alas para armar jogo e atacar, com cobertura dos zagueiros, coloca o Daniel para organizar a saída de bola, o Zé Ricardo para fortalecer a marcação, sem perder qualidade de passe, fazendo o vai e vem no meio com o Ganso e os dois atacantes flutuando pelo centro e pelos lados do ataque.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

1 Comments

  1. Atualmente tenho sentido vergonha do meu clube. É preciso que o ex-treinador, que foi demitido na véspera de um jogo de um torneio onde o Flu vinha muito bem, fizesse a defesa do clube em relação ao VAR, porque a diretoria tem ficado calada.

    Como é possível, que o presidente do Flu, um advogado renomado, conhecido pela sua habilidade nos tribunais, nem ao menos faça um pronunciamento decente sobre o modo como o Flu está sendo operado pelo VAR?

    Como é possível, que um sistema que foi…

Comments are closed.