O Fluminense de 2022 (por Paulo Rocha)

Gostaria de dedicar a coluna de hoje aos torcedores do Fluminense que, assim como eu, colocam o amor às nossas cores acima de tendências políticas, interesses pessoais, seja lá o que for. Àqueles cuja devoção é pura, legítima e, por isso mesmo, inquestionável.

Acompanho o Fluminense nos estádios (e também nos treinos, quando estes eram realizados nas Laranjeiras, bairro de quase toda minha vida) desde os anos 1970. Vi a Máquina, o tricampeão carioca do Casal 20 e Romerito, o Gol de Barriga, atravessei os anos de chumbo e os das vacas gordas da Unimed.

Presenciei o Tricolor também como profissional, jornalista que sou. Vivi momentos que marcaram minha vida em todos os sentidos. Herdei a paixão de meu pai e a transmiti ao meu filho. O Flu está no meu sangue, no meu coração, no ar que respiro ao acordar cada manhã.

Portanto, até pelos meus 58 anos de idade, posso garantir: não sou – para usar uma gíria atual – “torcedor nutella”. Conquista de título carioca e terceira colocação no Campeonato Brasileiro não são o nirvana, longe disso. Mas não devemos menosprezar o que conseguimos.

Para mim, 2022 foi um ano digno. Embora tenhamos vacilado nas competições internacionais (e como vacilamos…), não passamos vergonha. Voltamos a ser campeões do Rio impedindo uma conquista inédita de vocês sabem quem; não fomos sacaneados pelos arquirrivais como havia se tornado costume há alguns anos atrás. Nos classificamos para a fase de grupos da Libertadores. Tivemos um admirável artilheiro do Brasileirão.

Nossa torcida voltou a lotar os estádios provando que a ridícula pesquisa de tamanho encomendada pela Globo para diminuir nossas cotas numa liga de clubes que se desenha para os próximos anos (e à qual não aderimos por não concordarmos com os critérios desiguais) é mais uma maldosa invenção para iludir os incautos. Para beneficiar os espertalhões e dar migalhas aos necessitados (alguns deles que conhecemos bem de perto e que venderam suas almas com um discurso hipócrita de suposto pioneirismo).

É pouco para um clube como o Fluminense? Talvez, mas é preciso avaliar o momento. Creio que estamos trilhando um árduo caminho de volta ao sucesso. Portanto, aplaudo o desempenho tricolor nesta temporada e projeto algo melhor em 2023. Seja qual for o presidente.

Como dizia Nelson Rodrigues, o Fluminense é eterno. E a eternidade possui desígnios que desconhecemos; porém, com amor e intuição, podemos concluir que estamos no caminho certo. Sem pretensão de ser o dono da verdade, este é o meu pensamento. Saudações Tricolores e um abraço a todos.