Tricolores de sangue grená, testemunhamos mais um início de ano no mínimo pitoresco para o nosso esquadrão tricolor. Participando de mais uma edição do torneio conhecido como Florida Cup (que deveria mesmo se chamar Disney´s Cup), tornamos a exibir quase nenhum futebol nas duas partidas realizadas. Aliás, excelente fórmula esta: duas partidas definem o campeão. Lembra-me a Taça Brasil da década de 1960, excetuando-se o formato.
Não há dúvida de que é normal que uma equipe em início de temporada seja claudicante, ainda tentando encontrar a melhor formação para o restante do ano, com o treinador organizando as novas peças em seu esquema – ou melhor ainda, treinando-as em variações de esquemas que vão se adaptar ao estilo de jogo de cada adversário. Jogadas ensaiadas e posicionamento são a bola da vez, enquanto o comandante busca conhecer as características individuais dos novos contratados.
O problema é quando se tenta associar tudo isso à exposição da marca. No passado, o Fluminense disputou vários “torneios de verão” e papou várias e várias taças. Isso – o fato de ser campeão em várias dessas disputas – é que internacionalizou de fato a marca Fluminense. Tenho certeza que o foco do time em todas estas competições era vencer, não ser coadjuvante apenas, utilizando cada um dos certames como mera preparação de pré-temporada. A celeuma não é a competição, e sim a mentalidade.
A Florida Cup certamente foi muito boa para o Atlético-MG, por exemplo, que recentemente venceu a Libertadores, disputou o Mundial e agora volta a figurar no cenário internacional com este título – guardadas as devidas proporções. Ou está ótimo ter ficado à frente do tradicionalíssimo Fort Lauderdale Strikers? Esse era o objetivo? O Fluminense não pode ser coadjuvante de nada, nem de torneio de porrinha! A premiação pela participação é tão boa assim para nos sujeitarmos a essa situação?
Se todas as pré-temporadas forem desta forma, com passeios à Disney e oba-oba com ex-jogadores em atividade, é melhor que o ano seja proveitoso, com títulos ou, pelo menos, disputa de títulos. Caso contrário, será melhor nos enfurnarmos em Mangaratiba e encararmos alguma baba em jogo-treino após os dias de pré-temporada. Pelo menos, se rolar algum vexame, não será transmitido para centenas de países.
Em nenhuma competição o Fluminense pode entrar para ser como as chuvas de janeiro, de forma passageira. Ele tem que entrar para fazer história e marcar seu nome nela. Se essa não for a mentalidade, melhor não disputá-la. O Fluminense é o Sol, tem brilho próprio e não pode se esconder atrás das nuvens do oportunismo de quem o dirige. Que entremos na Primeira Liga (se é que vai rolar mesmo) como a estrela que somos.
Panorama Tricolor
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