Nesta sexta, saiu uma crônica minha no Correio da Manhã sobre a UERJ. Foi uma experiência muito importante em minha vida, compreendida entre 1988 e 1995.
Já cheguei até a escrever parte de um livro sobre essa época, mas descartei por não achar o material à altura do merecido. Um dia vai acontecer, espero.
Bom, na UERJ posso dizer que tive uma vida fascinante. O começo da juventude, a perspectiva de redemocratização do país com eleições presidenciais, a vida cultural intensa, a camaradagem, tudo isso se aliava ao curso e lhe dava um sabor diferente.
Agora, um ponto crucial desta vivência estava em estudar em um lugar que eu via há anos, em quase todas as semanas, bem ao lado da minha paixão de infância: o Maracanã. Saltava do 434 a cada domingo, olhava para o prédio, atravessava a rua e pensava: será que vou conseguir estudar aí?
Consegui e, com tudo isso, ainda tive o grande prazer de sair da aula para assistir inúmeros jogos do Fluminense, fossem decisões como em 1993 ou partidas absolutamente humildes, como em 1994, quando meu amigo Flavão me convidou para as cadeiras num dia de muita chuva e o total de torcedores presentes não passou de 700.
Nem preciso dizer que, ainda calouro, pude testemunhar a incrível tarde em que o Maracanã foi aberto exclusivamente para uma disputa de pênaltis entre Fluminense e Botafogo, assunto já muito explorado por aqui.
Era o período do Fluminense sem títulos, tanto quanto agora, mas com uma diferença: só não ganhávamos porque batíamos na trave. Entre 1986 e 1994, chegamos às semifinais dos Brasileiros de 1988 e 1991; às finais do Campeonato Carioca em 1990, 1991, 1993 e 1994 e à final da Copa do Brasil de 1992. Às vezes fomos batidos pela superioridade técnica do adversário, noutras fomos muito prejudicados pela arbitragem, mas o fato principal é que, mesmo com equipes que pudessem ser consideradas abaixo de sua tradição, o Fluminense jogava para ganhar, para vencer, como time grande que é.
É curioso: enquanto vivi o Flu da UERJ, o Fluminense só foi campeão em minha última temporada, mas lembro daqueles tempos com enorme saudade. Eram a juventude e todo o futuro pela frente. Era o Flu de muita luta e um sofrimento que nunca tínhamos visto. Vivíamos mas sem aceitar. Ninguém cogitava usar a conquista da Taça Rio nem os expressivos torneios internacionais para encobrir os anos sem título. Por sinal, nem sabíamos direito os nomes de dirigentes – o que para alguns pode ser alienação, mas era apenas entender que o Fluminense era muito maior do que qualquer anônimo em busca de promoção pessoal – dirigentes, “formadôris de openeão”, “tuiteiros” e outros seres exóticos. Vida que segue.
Os tempos mudaram, mas continuo procurando o Flu da UERJ, o Flu das Laranjeiras, o Flu do velho Maracanã e os Flus que cabem num só coração. Agora é hora de prosseguir no Carioca (que já foi tão grande no passado) e no sonho de chegar à fase de grupos da Libertadores. Torçamos com tudo, pois parece que não será fácil.
Mesmo assim, que neste 2022, ano do bicentenário da Independência, o Fluminense ponha fim à seca de títulos expressivos mais longa de sua história profissional.
Que 2022 seja um ano de títulos do Fluminense
Saudações Tricolores!.❤️