Desde sempre o mundo do futebol reclamou do calendário esportivo. Muitos jogos e tal. Com o tempo, encurtaram os campeonatos para criar outros. Resultado: tem futebol todos os dias na TV. Ou quase.
Depois de uma tabela avassaladora, chegou a final do Campeonato Carioca. Porém, com um gap de quase 15 dias devido à Data FIFA, onde seleções do mundo inteiro se esbaldam em confrontos internacionais, inclusive a Seleção Brasileira – também no YouTube com Galvão Bueno e a patota toda.
Portanto, tricolores e rubro-negros estão diante do Fla-Flu mais demorado da história. Estamos há dias enchendo linguiça, ainda falando da fantástica exibição sobre o Volta Redonda. Hoje é quinta-feira e a primeira partida da final é somente daqui a dois sábados.
O que fazer? Dar uma de Chico Buarque e deixar nossas cabeças rolando no Maracanã, de preferência quando Edinho dava suas arrancadas irresistíveis rumo ao gol, ou um passe magistral de Rivellino. Do Assis e do Renato Gaúcho a gente já disse quase tudo – pensando bem, os dois temas são inesgotáveis. Os mais velhos não se cansam de falar do espetacular Flávio Minuano em 1969, num tempo em que o Fluminense ganhava tudo e passava o rodo.
Que tal um pouco de Fla x Flu underground? Você lembra do golaço do Dirceu, volante em 1997? E do Nildo, 3 a 2 (para variar)? E aquele gol de Ézio no Ítalo Del Cima em 1992? Amauri em 1982, gol no último minuto depois do Andrade – craque – escorregar e cair.
Devo ter ido a outros, mas o primeiro Fla x Flu que me marca é em 1978. Eles entraram com o título da Taça Guanabara na mão, tinham 90% da torcida e o Fluminense só reverteria o quadro com uma goleada astronômica. No fim do jogo fizemos 2 a 0. Do domingo à noite até o resto da semana só se falava em “água no chope”, expressão utilizada para zombar do vitorioso. No caso, o Flu teria colocado água no chope da comemoração flamenga, alterando a qualidade e o gosto. Aquilo ficou na minha cabeça. Água no chope.
[Raul fez pênalti em Edinho, Fumanchu bateu com categoria. A seguir, Nunes acertou o ângulo e Raul mandou a corner. Na sequência, Pintinho cruzou, Raul falhou soltando a bola e Nunes cabeceou para o gol. Água no chope!
Enquanto sonhamos, os times treinam secretamente, ninguém sabe o que está sendo feito mas cada equipe confia no título. Temos bons motivos. Na hora H, o Fluminense parece em decolagem e o Flamengo em pouso. Contudo, ninguém pode minimizar um jogo que nunca termina há quase 121 anos. Queremos o bicampeonato, mas provavelmente teremos que suar muito por ele dentro e fora das quatro linhas, se me permitem o palpite.
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Muita libra já pesou: começam as notícias de natural desvalorização do Fluminense para a decisão. Assim tem sido nos últimos oitenta ou noventa anos.
Algumas beiram o patético. Exemplo: o extraterrestre Mauro Cezar somar as onze partidas de cada time na Taça Guanabara com as duas das semifinais, isso para dizer que seu time foi “superior”, mesmo tendo perdido a Taça Guanabara. Casuísmo barato. Perdeu na pontuação com todos os times em disputa, perdeu no confronto direto. Aí o sujeito busca uma gambiarra para acender sua lâmpada com uma melancia na cabeça.
Se vale o casuísmo, então pegue as semifinais e veja quem massacrou quem, ora.
Os traumas de Flávio, Assis, Renato e Cano doem paca. Sequer disfarçam.
PS: minhas desculpas aos extraterrestres pela infeliz comparação acima.
E olhe que você nem falou da tal vaquinha, mala.branca, para entusiasmar o Volta Redonda …