O Fluminense e a Unimed encerram uma parceria de 15 anos. A relação, já desgastada, deu sinais, durante o ano, de que já estava com os dias contados. Foram constantes as notícias de que a empresa de planos de saúde “fecharia as torneiras” e de que contratos poderiam ser revistos. Avisos, assim, houve.
Esses quinze anos tornaram o Fluminense e a Unimed quase que indissociáveis. As marcas se amalgamaram de tal forma que, quando se lia Unimed, via-se o Fluminense e, quando se falava em Fluminense, automaticamente se pensava em Unimed. E foi bom para os dois. Alavancou os associados da empresa de planos de saúde e deu ao Fluminense aporte financeiro invejável para a formação de grandes times e os títulos Brasileiros de 2010 e 2012, a Copa do Brasil de 2007, os campeonatos cariocas de 2002, 2005 e 2010, o título da série C em 1999, além de vice-campeonatos na Libertadores da América e na Copa Sul-Americana.
Não se pode, assim, reclamar do investimento do patrocinador. Pode-se questionar, talvez, a interferência, muitas vezes despropositada, do seu presidente, Celso Barros, menos por sua culpa do que pela culpa de quem a permitia. Celso é um grande tricolor. Seus investimentos lhe deram, segundo seu ponto de vista, o direito de interferir em contratações de jogadores e comissão técnica. Se as asas lhe tivessem sido cortadas desde o início, talvez o Fluminense, hoje, tivesse contabilizado mais títulos.
Mas não se deve chorar sobre o leite derramado. No todo, valeu a pena.
Chegou a hora, contudo, de mudar; não por iniciativa do Fluminense, mas em decorrência da grave crise financeira por que passa a empresa investidora que, unilateralmente rescindiu o contrato de parceria. Esse momento chegaria um dia, e o Fluminense deveria estar preparado para ele.
É claro que o Flu não poderá trilhar seu caminho com tranquilidade, honrando seus compromissos e formando um time competitivo sem um novo investidor, ou novos investidores. A administração tricolor já sabia do rompimento com certa antecedência, tanto é que já engatilha um novo patrocinador, segundo consta, a Viton 44, empresa do ramo de bebidas – leia-se Guaraviton.
Não exigirá exclusividade e acena com o pagamento de cerca de quatorze milhões anuais, podendo o Clube, através de seu Marketing, preencher os demais espações restantes na camisa com outros patrocínios – mangas, costas, número. Parece, assim, que a era dos patrocínios-masters exclusivos terão um fim. Num quadro de economia estagnada, grandes empresas que utilizavam essa forma de aporte financeiro deixaram de patrocinar seus clubes, como o BMG, por exemplo, que deixou as camisas de São Paulo, Palmeiras, Santos, Atlético-MG e Cruzeiro, segundo o blog “Dinheiro em Jogo”.
Portanto, a época é de vacas magras, mas não é apenas para o Fluminense. Tínhamos jogadores que recebiam salários fora da realidade. Agora, pisaremos o chão, o chão onde pisam todos os demais. Um bom time dependerá muito mais de boas escolhas e apostas certeiras do que de nomes consagrados. O Flu terá que descobrir talentos e montar times adequados não apenas à sua realidade, mas à realidade do futebol nacional e a torcida precisará compreender isso.
Novos investidores deverão valorizar a grandeza do Fluminense e o potencial econômico de sua torcida. É um belo filão que não pode ser desconsiderado por nenhuma empresa que ambicione divulgar a sua marca.
Não se pode olvidar, também, que a associação de seu torcedor é engrenagem fundamental para que, um dia, o clube atinja a autossuficiência. Enquanto isso, será um fator minimizador de prejuízos e ainda poderá contribuir para o pagamento de despesas menores. Mas há potencial para mais e, se o torcedor se imbuir desse espírito, um dia, quem sabe, será, com orgulho, o maior investidor de seu próprio clube.
O Fluminense é uma instituição centenária e sobreviverá sem a Unimed; será preciso, todavia, adequar-se aos rigores dos novos tempos.
Foi o fim de uma era, não será o fim do mundo.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: google
Na década de 80, jogadores da base subiam para os profissionais e tornavam-se importantes na conquista de títulos,é desnecessário citar nomes, hoje são moedas que visam a aquisição de jogadores que as vezes são de nível intermediário , não agregam ao Fluminense o respeito e dedicação que o Clube merece, quero dizer com isto que não podemos ficar a merce de um patrocinador, devem os gestores modernizar suas gestões revendo conceitos e administrando como empresa os recursos do patrocinador.
Impressionante,foi .só a Unimed rescindir o contrato,não foi o Fluminense.Começaram os Festivais de besteiras,especulações e vários chupadores de sangues,ou melhor de dinheiro que a Unimed fornecia para dizer que o Paitrocinador saiu mas ficou magoado,sentido,amuado por ter terminado com o Patrocínio.Começaram a Falar da omissão,despreparo do Presidente em lidar com o Patrocinador.Me dá vontade de chorar e arrumar um empréstimo bancário e levar para o Dr Celso e pedir para ele voltar .
Parece, caro Mauro, que desconhecem a grave crise econômica por que passamos, e não apenas no Brasil. Patrocinadores-master, como o BMG, deixou o São Paulo, Palmeiras, Santos, Atlético e Cruzeiro. As vacas estão magras e, mesmo assim, conseguiu-se a Guaraviton. Nestes tempos sombrios, penso que devemos antes agradecer do que reclamar…um fraternal abraço!