Com nove anos, meu ídolo era o Branco, jogador do Fluminense que defendeu a Seleção Brasileira na Copa de 1994 e fez o antológico gol de desempate contra a Holanda, em uma semifinal emocionante. Branco já não era um garoto, tinha 30 anos e uma história linda pelo Tricolor de Laranjeiras.
Um ano depois, meu ídolo era o Renato Gaúcho. Veio desacreditado para o Flu, tinha identificação com o Flamengo. Ninguém queria, diziam que estava acabado para o futebol. Fora campeão mundial de clubes pelo Grêmio, jogou Copa do Mundo, rodou a Terra com seu jeito malandro, até chegar à Álvaro Chaves para fazer história. Tinha 32 anos quando fez o mais famoso gol de nossa história na final do Campeonato Carioca de 95.
Cheguei aos 18 anos com um amor pelo Fluminense que só crescia. Sobrevivi aos anos duros de rebaixamento, torci por vários jogadores, mas não tinha um ídolo. O mais importante era aquele grupo que assumiu a missão de levantar um dos maiores clubes do país. Talvez o ícone desse período tenha sido Parreira, o técnico que abdicou dos altos vencimentos para comandar seu time de coração.
Foi assim que em 2002 chegou Romário. Dia dos pais, Maracanã cheio para a chegada do craque de 36 anos. Melhor jogador do mundo em 1994, campeão mundial pelo Brasil, mas carregando a desconfiança da idade e da vida boêmia. Não ganhou nenhum campeonato, mas deu alegrias para uma torcida cansada de sofrer.
Estes craques levaram mais torcedores para os estádios, aumentaram o número de fãs do Fluminense no Brasil inteiro, fizeram o nome do clube repercutir na imprensa mundial. Vocês entendem a importância deles? Era muito mais do que a participação em campo. Era a idolatria infantil/juvenil. Em comum, a idade mais avançada para o velho esporte bretão e a desconfiança de adversários e imprensa. Nada incomum quando se trata do Flu. Todos duvidam de nós. Nossa sina é assombrar os incrédulos. Somos especialistas em quebrar tabus, desafiar a matemática.
É neste cenário que chega Ronaldinho Gaúcho. Um craque que ajudou o Brasil a conquistar o pentacampeonato em 2002, foi escolhido o melhor do mundo em 2004 e 2005, que levou o Atlético Mineiro ao título da Libertadores em 2013.
Um jogador polêmico pela vida extra-campo, mas que dentro das quatro linhas é um assombro para as defesas adversárias. Não voltará a ser o craque do Barcelona. Essa comparação é injusta. Vive a cobrança de ser o mesmo de dez anos atrás. Seu talento é capaz de transformar uma equipe.
De que forma chegará ao Fluminense e como marcará seu nome no clube, só o tempo irá dizer. A história do único tricolor legítimo (diferente do que o revelou) mostra que este é o melhor lugar no mundo para ele provar que a desconfiança é um medo disfarçado dos rivais.
Prefiro o Ronaldinho jogando a favor do que contra. Os outros pensam o mesmo. Sorte a nossa.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @nestoxavier
Imagem: Twitter R10
Ernesto, hoje num grupo de amigos tricolores, citei algo muito parecido. Bads Boys que costumam mudar de atulitude usando o Manto Tricolor. Cito 3:
Renato, Edmundo e Romario.
Espero que a historia se repita!
Qze Ronaldo “case” bem com Fred, esse sim, hoje, e’ a referencia.
Que incorpore o espirito dos gerreiros pu pelo menos não atrapalhe.