Dona Leda, minha mãe, tinha uma irmã muito querida que basicamente a criou como se fosse sua filha, já que quando ela era muito jovem perdeu sua mãe. Essa era a Tia Zita, que aliás cuidava da minha mãe, a caçula de quatro filhos, junto com outra querida tia, a Elza.
Tia Zita sempre foi muito ligada a minha mãe. Se falavam todos os dias. Aliás, Tia Zita também tinha uma relação muito afetiva comigo, pois me ensinava Matemática, Português e me cobrava nos estudos até muito mais que a minha mãe, até porque ela era uma tipo “Personal Concourser” das tradicionais Organizações Tabajara, pois preparava todos nos da família para concursos públicos.
Tia Zita tinha uma característica muito importante: como filha de portugueses, ela era torcedora apaixonada do Vasco e acompanhava todos os jogos muito de perto, com radinho de pilha, já que não ia aos estádios. Quem frequentava era seu irmão, meu outro Tio Fiandrio, que chegou até a ser conselheiro do Vasco e durante muito tempo foi ligado aos Ex-Presidentes Calçada e Eurico.
Nesse belo amor de irmãs, que logicamente transbordava para seus filhos, Tia Zita tinha um ídolo, que era um jovem goleiro de 20 anos, que foi para o Vasco, muito jovem , de nome Fábio. Me lembro de Tia Zita lamentando profundamente no ano de 2005, quando Fábio saiu do Vasco para ir para o Cruzeiro, e minha mãe sempre repercutindo aqueles comentários dela em um coro de adesão no tema que as unia, que era o futebol.
É claro que ao longo do tempo quando minha Tia Zita partiu, em 2009, Dona Leda continuava a acompanhar com muito carinho a carreira do Fábio. Para ser sincero eu até estranhava que ela, apesar de ter sido vascaína e depois ter sido transmutada por amor ao filho, para ser tricolor, continuasse sempre acompanhando a carreira dele e me falando que o Fluminense deveria contratá-lo, o que realmente num acaso do destino veio a acontecer depois da sua partida, que completou dois anos.
O futebol é algo relacionado ao sentido do amor, e até distante muitas vezes da razão. Não é um esporte como o xadrez, sem sentimentos. As paixões inexplicavelmente nos levam a torcer por times, apreciar jogadores e fazer com que eles de alguma maneira se misturem à nossa vida. O futebol é algo que se diferencia de outros esportes que são considerados bastante chatos e, por isso, desperta sentimentos coletivos e principalmente os individuais.
Eu, em relação ao Fluminense, aliás como muitos de nós leitores dessa crônica, sou bastante passional. Mesmo com Fred jogando mal, não consigo de qualquer forma pedir a sua saída. Da mesma forma, sou um grande admirador do jovem goleiro Marcos Felipe. Acho que ele fez defesas milagrosas e tem um potencial fantástico para ser um grande goleiro oriundo da base do Fluminense e agora até aprender muito com o Fábio.
Em condições normais e até se fosse dirigente do Fluminense pensando de forma racional, possivelmente não recomendaria trazer o Fábio, por sua avançada idade, mas nesse momento, que sua vinda já está anunciada, mesmo que seja por um período curto, espero que passe toda sua experiência para os jovens e que venha contribuir para o nosso Fluminense. Portanto, vamos recebê-lo de braços abertos.
Mesmo não tendo agora, Dona Leda ao meu lado, e também Tia Zita, tenho certeza de que as duas, de mãozinhas dadas, lá no céu, estão torcendo pelo Fábio agora no Fluminense, time dos seus filhos, e só esse pensamento me traz bastante felicidade em ter a certeza de que, a cada grande defesa que ele vier a fazer, as duas vão estar torcendo junto comigo pelo Fluminense, e me lembrando com saudades delas.
Que venha logo o Fábio! O ídolo de Dona Leda, da Tia Zita e agora o meu.
Como sempre, belíssima texto! Poético, transbordando amor e lembranças que fazem a vida valer a pena. Mais importante, do que as metas estabelecidas é quem nos tornamos, fruto da nossa interação com as pessoas amigas, queridas e amadas.
Avante Fluminense, vamos torcer aqui e dona Leda e Tia Zita, lá do céu
Gostei da crônica, eu também sou tricolor desde que nasci, meu pai também era, que Deus o tenha em um bom lugar, abraços e Saudações Tricolores
Victer sempre faz com maestria, excelentes crônicas,
associando episódios da vida real, com seus desejos
próximos, geralmente ligados à sua paixão.
Caro amigo, ex-colega da Petrobras, gestor público de primeira grandeza, que vive me dando dicas e orientações, parabéns pelo seu texto, irretocável! Mais que bem escrito, carrega suas emoções, seu amor pela mãe e tia. Entendi finalmente a diferença entre o xadrez e o futebol. Continue escrevendo sobre suas paixões, incluindo a engenharia, para nosso deleite. Abraço fraterno.
Parabéns Wagner pelo artigo. Excelente goleiro e, possivelmente, bom caráter, será de muita utilidade para o Fluminense, no ano de Libertadores. Os goleiros reservas muito apreenderão com ele. Saudações Vascaínas.