Poucas torcidas do Brasil são tão esperançosas e apoiadoras no Brasil quanto a do Fluminense.

No passado, esse apoio muitas vezes ajudou em grandes conquistas nos últimos minutos, quando os adversários já comemoravam.

Em tempos atuais, o otimismo tem escorregado. O motivo? Esperar apaixonadamente que o time encardido e fatigado de 2014, já fracassado em 2013, seja o mesmo do tetra em 2012.

Os nomes estão lá. O espírito, não. O gás acabou.

Confesso que a derrota não me surpreendeu ontem, nem mesmo a inacreditável goleada frente à modestíssima Chapecoense.

Longe de ser um pessimista. Muito longe.

Apenas não esqueci de derrotas para o Horizonte e para o América de Natal.

O que aconteceu nesta quinta no Maracanã podia ter sido o mesmo contra o Botafogo, o Atlético Paranaense ou o Goiás. Não houve diferença de padrão. As vitórias vieram em lampejos individuais, chuveirinhos, imponderáveis e tudo muito distante do conjunto de outrora, até mesmo do enganoso começo tricolor deste campeonato brasileiro.

Agora, com a cabeça quente, é natural que se aponte os bodes expiatórios. Os nomes preferidos são o de Cristóvão (que merece críticas mesmo), Chiquinho (fraco tecnicamente, mas longe de ser o Barbosa tricolor) e outros menos cotados. Cada um a seu tempo e gosto. Semideuses? Poupados.

Perder jogo de futebol não é vergonha, até mesmo ser goleado. Isso acontece. Placares às vezes são enganosos, vide os que celebraram as recentes vitórias tricolores, alimentadoras da esperança de G4, falecida ontem não por probabilidades matemáticas, mas pelo estado de espírito.

Ressalte-se, contudo, a realidade desta goleada sofrida para a Chapecoense.

Sinceramente, é de se esperar sucesso numa eventual primeira fase de Libertadores – ou mesmo a pré – com a pegada atual desse time, cujo arranque lembra as veteranas barcas Rio-Niterói deslizando nas águas da Baía de Guanabara?

Num campeonato longo como o brasileiro, não basta ter alguns jogadores de reconhecida capacidade técnica, currículo ou glórias passadas. O rali exige regularidade, não arroubos midiáticos e supervalorização marqueteira que não engana as análises minimamente sóbrias.

O padrão ruim desta vez se deparou com um péssimo sinal: um adversário humilde mas rápido e disposto. Assim sucumbiu o time mais lento e previsível da série A. Conca, Edson, Marlon e Mattis não mereciam o nocaute. A Chapecoense goleou como quis.

Os torcedores no estádio, com todo direito à ira pelo desrespeito que sofreram, ao menos foram poupados de (mais) uma constrangedora cena de TV: a (mais recente) infeliz participação do comentarista Fred, com seu uniforme impecavelmente limpo, tentando jogar na conta da torcida o seu débito como jogador, capitão e homem. Mas, pensando bem, talvez a sorumbática declaração faça até um improvável sentido: de tanto ser anestesiada por engodos e superlativos da informação, parte da massa tricolor talvez conceda status demais ao reconhecido artilheiro, mas superestimado megacraque, que coleciona um histórico de desastres quando abre a boca para comentar a arquibancada. Precisa aprender que ser capitão não é botar pano no braço e xingar árbitros. Mas não será fácil: Fred tem a vocação para rechaçar críticas. Torcida é boa se o baba da cabeça aos pés; caso contrário, vagabundos. Não foi um time de torcedores que exibiu mais esse vexame no gramado do Maracanã.

Conca, exemplo de ídolo, visivelmente triste com a sua atuação e a do time, saiu calado como sempre. O bom senso faz parte de seu comportamento como jogador de futebol.

Bom senso, talvez o que mais possa se desejar para o futuro Fluminense.

O cheiro do ralo: onze meses, 27 milhões de reais.

Sétimo lugar.

O resumo é de cada um.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

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