O branco do céu (por Paulo-Roberto Andel)

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Tarde perfeita, noite perfeita. Talvez seja possível dizer que foi a melhor deste ano avaliando todo o conjunto. Reencontrando-se com o velho novo Maracanã, o Fluminense fez o que tinha de melhor dentro e fora do campo, dentro e fora do estádio; por isso, venceu com sobras, unido de ponta a ponta.

Não creio ser a hora de precipitações. Já as cometi ano passado. Vejamos jogo a jogo. No entanto, é claro que com o incansável Conca e a chegada de Cícero o Fluminense é outro time.

Num primeiro tempo em que caiu matando de cara e fez 2 x 0 em vinte minutos, tudo ficou mais tranquilo. Duas jogadas muito velozes e a segunda um primor da garra do Sobis, mostrando que ainda tem lenha para queimar. O time do Goiás, principalmente na segunda etapa, levou seus perigos, mas ai você tem Cavalieri e Henrique, impecáveis, tudo resolvido. O zagueiro em nada lembra o começo chinfrim na Gávea. De resto, um time vigoroso no primeiro tempo e tranquilo no segundo. Podia ser até de mais. Fred entrou e deu um ótimo passe. Conca quase marcou mais dois.

Impossível não se emocionar com o branco do céu das arquibancadas com a volta do pó de arroz. As cores da vitória e da tradição. Também não deixo de falar da orquestra heavy metal da Young Flu, mil gritos de Derrick do Sepultura juntos que contagiaram a torcida inteira – não é hora de vaidadezinha pueril em não admitir. Quando o Fluminense é unido de cima a baixo, ninguém segura.

Queria falar mais coisas de Assis e Washington. Muitas. Não os vejo mortos, sequer antigos. Tudo aquilo que passou nas telas é presente e atual demais. Você vê um grande gol, ele fica na retina e na memória com facilidade por dez, vinte ou trinta anos. Os gols dos títulos são bandeiras eternas. Aquele toque do Washington por cobertura, desmontando o invencível Acácio, parece outro dia daqui. O Vasco tinha um timaço, nós vivíamos a renovação. Ia demorar muito até gritarmos como campeões, mas que grito seria: Renato 3 x 2.

Não foi a noite do futebol estrambótico e nem precisava ser. Foi a de um grande e mortífero Fluminense liquidando a fatura cedo, depois mais calmo, já no retrovisor cruzeirense e causando um tremendo mal estar nas redações de ontem e hoje. Mas o Vieirinha riu, claro. Depois jantamos no rodízio de crepes e também rimos das pequenas grandes glórias do domingo. O Fluminense ainda precisa melhorar; quando isso acontecer, saiam de baixo. São noventa dias para o fim do campeonato, cada um deles é um minuto.

Não podia esquecer de dizer de mais risos ainda com os gestos freneticamente rígidos de Heber na arbitragem. Teve uma ou outra confusão, mas tudo bem. Estava sumido, voltou com paetês.

Assis, Washington, o branco do céu com pó de arroz, Young Flu, vitória. Que noite, hein Seu Armando?

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

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