O alerta para Abel Braga já foi dado (por Vitão)

Abel está convicto de suas ideias e de seu esquema. No jogo de domingo, contra a Portuguesa, o comandante Tricolor mandou a campo o que foi denominado como “time alternativo” do Fluminense. Era até esperado um novo teste com duas linhas de quatro, no caso o 4-3-3 testado no segundo tempo do jogo contra o Madureira. Abelão manteve os três zagueiros e escalou um 3-5-2 (3-4-1-2 para ser mais preciso) com Nathan na criação, Árias de segundo atacante e Cano no comando de ataque. Na volância, Martinelli e Nonato entraram nas vagas de André e Yago. Nas alas, jogaram Cris e Calegari. Tivemos Luccas Claro, Manoel e David Duarte compondo a linha de três zagueiros e, por fim, Fábio na meta. De titular, que nem deveria ser, somente Cris Silva jogou. O que era para ser um simples teste se transformou em vários alertas que Abel Braga precisa entender para não jogar a Libertadores no ralo.

O técnico do Flu parece enxergar as verdades que o campo fala, porém prefere ignorar os fatos por convicção. Contra a Lusa, por exemplo, o time iniciou com o bloco muito baixo, alas com medo da linha de fundo e os volantes restritos à marcação. Nathan, nitidamente sem ritmo de jogo, não conseguia ser o elo de ligação. Quem mais uma vez se mostrou essencial foi Árias. No primeiro tempo, ele foi atacante, meia, ala e volante. Atuou por todo o campo e, juntamente com Martinelli e Cano, foi um dos jogadores responsáveis pelos lampejos de intensidade do time. Ainda sobre o primeiro tempo, o Flu carimbou a trave duas vezes, mas teve 60% de posse com pouco trabalho de bola. Faltaram jogadas coletivas, aproximações, infiltrações e rodar a bola com sabedoria e velocidade. Ou seja, o time alternativo apresentava a mesma patologia crônica do time titular: falta de inspiração. Aliás, cabe ressaltar que grande parte da torcida achou o time alternativo mais criativo que o titular. A verdade é que a escalação agradou muita gente.

Somente no terço final do primeiro tempo que o Fluminense abandonou a posse ilusória e partiu para cima com os alas e, sobretudo, com os volantes. Nonato e Martinelli cresceram no jogo e mostraram virtudes interessantes. Importante pontuar que Martinelli começou o ano com muita intensidade, nas duas fases do jogo, sempre dando dinâmica ao meio quando convocado. No intervalo da partida, novamente surgiu a esperança de ver a equipe mais solta no 4-3-3, mas Abel manteve o mesmo time para a etapa derradeira. O Flu começou um pouco sonolento, mas rapidamente retomou a pressão, marcou mais alto e encurralou o adversário. Os volantes ativos na fase ofensiva e a movimentação incessante de Árias ditavam o ritmo da pressão Tricolor. E coube a Cano, em fase muito melhor que a do titular Fred, fazer o gol em um giro rápido e preciso, típico de um artilheiro que está em forma. Abaixo, o 3-4-1-2 do Fluminense contra a Portuguesa.

O Flu fez uma partida consistente, ativa e intensa. O time alternativo, mais técnico e leve, mudou o foco estratégico da atuação, ainda que não tenha sido a intenção do treinador. A garra e a vontade deram lugar a um coletivo com mais volume de jogo e uma sintonia mais fina. O fato da Portuguesa ser um time organizado taticamente somado a um típico dia de calor carioca, propiciaram respostas mais concisas para o nosso treinador, reiterando algumas verdades que Abel parece ignorar. Finalizando a análise do jogo contra a Portuguesa, é possível perceber que Martinelli está pedindo passagem. David Duarte também chamou a atenção com uma atuação segura, sobretudo no domínio do espaço. No campo das decepções, Manoel desqualificou muito a saída como beque central e Nathan, sem ritmo, pouco fez em campo. Outras verdades que ficaram ainda mais evidentes é a necessidade de Calegari, Árias e Cano entrarem nas vagas de Samuel, Bigode e Fred, o que irá melhorar bastante a dinâmica lenta na fase ofensiva do 3-4-3 estabelecido.

Na tarde de ontem, o Tricolor encerrou sua preparação para o duelo de hoje contra o Nova Iguaçu. Antes do jogo da Libertadores, o Fluzão ainda enfrenta o Volta Redonda no sábado, mas é certo que teremos em campo um time alternativo. Esse provavelmente será o último teste com os titulares antes do jogo decisivo contra o Millonarios. Abel deu indícios que vai mudar peças e também a formação tática da equipe. Quatro jogadores foram testados no time titular: Fabio, Luccas Claro, Martinelli e Cano. Abel também tirou um zagueiro e treinou a equipe no 4-3-3, deixando para o último teste uma análise mais completa do sistema. O que chamou atenção foi a ausência de Árias nesse time. Era uma ótima oportunidade de dar ainda mais leveza para o ataque colocando-o no lugar de Bigode pela ponta esquerda. Porém, como dito, Abelão tem o dom de ignorar o óbvio. Abaixo, o provável time para o jogo de hoje.

De acordo com matéria do GE.com, Felipe Melo e David Braz já estão sendo poupados para o duelo da Libertadores. Braz levou uma pancada no clássico contra o Botafogo e Felipe Melo sentiu um desconforto muscular nos últimos dias. Sobre os quatro jogadores que foram testados no time titular, Luccas Claro só ganha a vaga de David Braz por questões físicas. Fábio parece estar sendo inserido a conta gotas nos onze iniciais e pode ser uma surpresa para o duelo contra o Millonarios. Martinelli é outro que pode ganhar uma vaga para o duelo contra o time colombiano. Se Samuel Xavier novamente não for bem, o que é provável, Yago pode ser transferido para a ala direita, o que abre espaço para Martinelli na meiuca. Já o artilheiro Cano precisa ser o titular no duelo da Libertadores, qualquer atitude diferente dessa será insanidade. Fred é um ídolo, uma instituição, mas, até por ser um dos líderes do elenco, deve dar o exemplo de aceitar a reserva pela nítida diferença física e técnica com relação ao centroavante argentino.

Sobre o 4-3-3, com certeza é uma testagem para o famoso momento emergencial do segundo tempo em caso de necessidade. Abel já definiu o esquema a ser utilizado na Liberta e todo mundo já sabe que o 3-4-3 será o desenho tático do Fluzão. Como decidiu não aprimorar o 3-4-3 no jogo de hoje, mas sim, testar o 4-3-3, partimos da premissa que o treinador entende que a única questão a ser resolvida é uma provável mudança de peça. Se enxergasse a necessidade de evoluir taticamente a equipe, principalmente no que diz respeito ao volume de jogo ofensivo, talvez testasse o 3-4-3 com Árias no lugar de Bigode, Yago fazendo a ala direita e Martinelli pelo meio. O campo fala, a torcida clama, mas Abel Braga sempre residiu em suas convicções de forma nada maleável. Resta ao torcedor confiar e torcer para que as obviedades ignoradas não estraguem nossa temporada. Salve o Tricolor!

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