Novos rumos? (por Marcelo Vivone)

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Ontem caiu Renato Gaúcho e foi contratado Cristóvão Borges. Gostei de ambos os anúncios. Diferente de quando foi anunciado Renato Gaúcho, tenho boa expectativa sobre a chegada de Cristóvão.

Felizmente gastando meus últimos parágrafos para comentar essa infeliz passagem de Renato Gaúcho pelo Fluminense, foram três meses à frente do elenco em que nosso antigo treinador não conseguiu dar um padrão mínimo de jogo à equipe. O retrato do time do Renato Gaúcho é a atuação do Fluminense nos jogos decisivos contra o Vasco, principalmente o último.

Temos carências, muitas, no elenco. E disso Renato foi mais uma vítima, como têm sido os últimos treinadores que passaram pelo clube. Prova disso é que Portaluppi é o quarto treinador a ser demitido no curto espaço de tempo de um ano. Não é razoável pensar que nossos seguidos fracassos são consequências apenas de erros dos treinadores.

Mas é culpa do treinador sim, qualquer que seja ele, um time sem padrão tático, sem jogadas simples de ultrapassagem, sem jogadas ensaiadas, que passe 180 minutos dando chutão para frente, seja a partir do goleiro ou dos zagueiros. É também total responsabilidade do treinador o aproveitamento do período de treinamento, esse, um calo antigo no Fluminense: desde a época de Abel, especificamente quando a coisa começou a desandar, tento acompanhar (à distância) a grade de treinamentos divulgada pelo clube. Minha constatação é que o time treina pouco demais! E, no caso do Renato, o que já era ruim, ficou ainda pior, pois, além de poucos turnos de treinamento, o dia a dia do clube passou a ser permeado de peladas, os chamados rachões, que nada têm a ver com preparar um time tática e tecnicamente.

Que se faça uma placa nas Laranjeiras para o jogador Renato Gaúcho, que além de ter proporcionado ao torcedor tricolor um dos momentos de maior felicidade dos seus 112 gloriosos anos de história, ainda foi importante nessa mesma época até ao pagar salários de funcionários que passavam fome e de companheiros de profissão.

Mas o treinador, infelizmente, está longe de ser o que um clube da grandeza do Fluminense precisa. Por isso, acho muito justa a sua demissão e considero que essa foi uma ação crucial do presidente para recomeçar o ano do futebol do clube. Na verdade, é necessário que se recomece do zero ainda o ano de 2013!

Já Cristóvão tem um bom perfil para o momento que vive o clube. Tem identificação com o Fluminense, consegue arrumar muito bem taticamente os times que dirige, conseguindo, por vezes, tirar água de pedra, é comedido e parece ter estrutura para enfrentar a perseguição que o Fluminense viverá a partir do início do Brasileiro.

Mas, como disse ontem o amigo Rodrigo César aqui no Panorama, trocar o treinador é somente o primeiro passo para que se viva novos tempos no clube. É preciso muito mais. Há ainda três aspectos macros que considero que precisam ser revistos e remodelados: a relação do Fluminense com a Unimed (assunto de minha coluna de amanhã), o trabalho no futebol e a reformulação do elenco.

Uma expectativa (grande) que tenho com a chegada de Cristóvão é que o nosso departamento de futebol e o presidente tenham finalmente compreendido que não se ganha nada sem que haja muito suor, muita labuta, muito trabalho. Espero (muito) que eles tenham diagnosticado que, há tempos, no futebol do clube finge-se que se treina e que o resultado de tanta negligência são jogadores mal preparados, física, técnica e taticamente para os jogos.

É, portanto, premente que o Cristóvão, com o fundamental respaldo da diretoria, imponha a todos os jogadores esse novo paradigma de muito trabalho e, mais, que permaneçam no clube apenas aqueles que estejam realmente dispostos a abraçar a causa de fazer do time do Fluminense novamente um time de futebol. Que permaneça somente aquele jogador que se comprometa a fazer jus a ser chamado de profissional. Quem não estiver de acordo com essa nova ordem, seja ele o jogador que for, que seja dispensado, vendido, emprestado ou encostado. Chega de a torcida ser violentada ao assistir sanguessugas vestindo a sua camisa. O torcedor não tolera mais jogadores fingindo que treinam e que jogam e que ao final dos jogos ainda têm o desplante, a desfaçatez, de dizerem-se tristes e que irão treinar mais (SIC) para reverter o quadro.

Outro ponto fundamental se refere ao plantel de jogadores. A mudança de treinador adiantará muito pouco se o elenco não for reforçado. E para ser reforçado, é necessária a dispensa de muitos e a contratação de outros. Não dá mais para aturar Gum, Leandro Euzébio e vários outros. As contratações precisam acontecer, no mínimo, para reforçar determinadas posições, como é o caso da zaga, e para dar velocidade ao time. Esse é o mínimo (há ainda outros problemas a serem resolvidos) para que o Fluminense seja um time pelo menos competitivo.

Não há mais margem para erros. A diretoria e o presidente não podem continuar sendo permissivos ao aceitarem que jogadores e treinadores façam das Laranjeiras uma espécie de centro de recreação (muito bem) remunerado.

Que o dia de ontem tenha sido um marco e o primeiro passo para uma mudança de 180º nos rumos do futebol do clube. Quando está tudo errado, o que é o caso do futebol do Fluminense desde 2013, faz-se necessária uma mudança radical.

É preciso que o trabalho e a competência voltem a ser vistos nas Laranjeiras. As vitórias e o sucesso somente retornarão a Álvaro Chaves quando esses dois aspectos fundamentais em qualquer atividade profissional se fizerem presentes.

O dia de ontem trouxe alguma esperança de que o processo de retomada do Fluminense esteja se iniciando, mas há muito mais a ser feito.

O torcedor quer poder voltar a torcer (de verdade) pelo Fluminense!

Na coluna de amanhã dou meu “pitaco” no assunto Unimed.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @MVivone

Foto: http://jornaldehoje.com.br/

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