Em horário de Corujão, durma bem.
Em horário quase proibitivo para os trabalhadores, que embora precarizados e uberizados ainda correspondem à maioria da população desse país, injusto, retrógrado, atrasado e excludente. Submeter as pessoas a isso que foi oferecido nesta quarta-feira é sadismo puro. Quem ainda sobrevive torcedor é porque realmente se permitiu inebriar e se apaixonar de modo quase insano.
Dito isto, o jogo foi exatamente na mesma linha de desconexão entre quem deveria promover o espetáculo e seu público pagante, explorado e vilipendiado, jogo após jogo, minuto a minuto, jogador a jogador, contratação a contratação. É uma tortura presenciar o que fazem com o futebol brasileiro, tendo o Fluminense como uma síntese quase perfeita do que tem sido o Brasil, tanto no geral quanto no esporte bretão.
O jogo do primeiro tempo foi ao melhor estilo Abel/Fluminense, apenas especulado. Quem quebrou essa ordem natural das coisas, como pediria Moska em sua música “Contrassenso”, foram Luiz Henrique e André, que realizaram boa trama pelo miolo de ataque (local onde residem as maiores terras improdutivas Tricolores há bastante tempo), em uma deixadinha de calcanhar do onze para o nosso sete dar um tapa lindo de pé direito, fazendo a bola carinhosamente beijar o barbante e fechar o placar do jogo, para a tradicional goleada de um a zero Tricolor.
Poucos minutos depois, em um arranca-rabo, o volante Gabriel Santana da equipe laranja – que nos forneceu Gustavo Apis e outras coisitas mais – foi expulso, depois de dar um pontapé e falar algo que o árbitro Grazianni não gostou.
Com um a menos em campo, o Nova Iguaçu (possível fornecedor de novos pseudo-craques) deixou de explorar contra-ataques, sua única arma para tentar trocar tiro com o – que deveria ser – poderoso Fluminense, de Mário & Angioni & Abel & Uram, juntos e shalom now. Mesmo assim, Abel foi incapaz de propor algo a mais em campo, fosse para poupar alguns jogadores ou para tentar aniquilar o adversário fraquíssimo, que fora goleado pelo nosso rival que veste preto e vermelho por cinco a zero.
O que vimos a partir da expulsão, mesmo com as mudanças no segundo tempo, foi uma espiral de durma bem, antigo incenso espanta-mosquitos, muito utilizado em épocas passadas pelas famílias para proporcionar uma possível noite de sono sem os zunidos e picadas dos carapanãs, que já habitavam nossas terras antes de nós.
Eu me lembro bem quando minha mãe incensava a espiral verde, que enquanto queimava e espalhava uma fumaça desagradável no ar, hipnotizava com sua chama caminhando no sentido no centro final. Eu admirava o rastro da queima até que o danadinho se apagasse, quase em transe, sem me preocupar com o que estava ao meu redor.
Assim – quase – foi o Fluminense em campo, não fosse pela mancha de persistência do lado esquerdo, não por serem jacobinos guiados mormente por Robespierre, mas sim porque por ali desfilaram Cristiano na primeira etapa, e Caio Paulista na segunda. Me pareceu mais um projeto, um plano, insistir em dar bolas a esses, para que tentassem acertar alguma coisa, um cruzamento, um passe, uma assistência, e quem sabe, receberem os louros do triunfo. Não rolou. Mesmo sendo os elementos mais acionados, foram incapazes de criar qualquer coisa que não fossem bolas aleatórias na área para que alguém pudesse concluir.
Não sei se o Fluminense jogou com o mesmo sem-vontade com que José Régio nos apresentou em seu poema Cântigo Negro ou se há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia, como nos disse William Shakespeare. Não sei. Só sei que foi assim.
ENFIM E APÓS TRINTA DIAS NO GANCHO DOS PREPOSTOS DO MARCK POR HAVER SEGUNDO ELES VIOLADO AS REGRAS E AS NORMAS DA PLATAFORMA DESSA BIG TECH HABITUADA A CENSURAR E A AMORDAÇAR OS QUE LHE INCOMODAM QUANDO CRITIQUEM COM ABSOLUTA PRESTEZA OS YANKEES COBIÇOSOS E ASSIM A OBRIGAR – ME A UTILIZAR E A LANÇAR MÃO DOS EUFEMISMOS A ABRANDAR E A ATENUAR AS CRÍTICAS CUJA PROFUNDEZA E PERTINÊNCIA REVELEM VERDADES INQUIETANTES A ESSES IMPERIALISTAS COMPULSIVOS COMO ALIÁS SE COMPORTARA NESSE PRIMEIRO TEMPO ESSE TIME DO FLUMINENSE CONTRA UM NOVA IGUAÇU QUE AMIÚDE ABRE SUA CAIXA DE FERRAMENTAS E BATE DURO COMO…