Amigos, amigas, a expectativa para o jogo desta quarta era de uma goleada tricolor, a primeira da temporada. Tínhamos pela frente a pior defesa do campeonato, que levara cinco da Dissidência. Com base no que víramos no último domingo, contra a Portuguesa, podíamos pensar em uma noite divertida, com uma goleada tricolor.
Os primeiros movimentos do jogo mostraram que nossas aspirações encontrariam obstáculos. O Nova Iguaçu montou um ferrolho defensivo e abriu mão de jogar, algo que eu não vira no único jogo que assistira deles. Uma tentativa desesperada de conquistar pelo menos um ponto diante do líder do campeonato.
A estratégia deles começou a desmoronar com o gol de André, em uma das poucas jogadas bem trabalhadas do Fluminense no primeiro tempo, que começou em uma decisão de Martineli de contornar o adversário e criar uma linha de passe nas imediações da área adversária, algo que, embalde, se repetiu durante quase toda a partida.
Não sei se eu posso chamar de mérito perder de 1 a 0, apesar do homem a menos desde o primeiro tempo, quando teve um jogador expulso, mas o Nova Iguaçu conseguiu suportar bem a pressão do Fluminense atuando 90 minutos concentrado no último terço do campo e tentando bloquear as ações tricolores.
As oportunidades criadas, que nem foram tantas, até justificariam uma vitória mais dilatada, mas – Deus do Céu – quem entende as substituições de Abel desde o intervalo?
Abel tem o mérito de nos mostrar variações táticas e a força do elenco do Fluminense com suas experiências. É a hora de fazê-las, sem dúvida alguma. Veio hoje com algo parecido com 4-3-3, suprimindo a linha de três zagueiros para atuar com três volantes e três atacantes, como já vinha fazendo.
O Fluminense só foi ameaçado em uma única jogada, que terminou com grande defesa de Fábio, e mais rigorosamente nada. Foi um jogo de ataque contra defesa em que vencemos, mas que, de certo modo, acabou mais premiando a tática do ferrolho do que nossa proposta impositiva, já que evitaram o placar dilatado.
Acabou o jogo ficando mais com cara de coletivo, com Abel fazendo substituições confusas no segundo tempo, deixando o time mais confuso ainda, sem saber o que fazer para furar o ferrolho laranja, mas por qual razão tanto desespero em fazer mais gols, se o adversário não queria saber de enfrentamento, até por justa razão, pois estavam inferiorizados numericamente?
É claro que a torcida queria uma goleada, eu também queria e nela acreditava, mas não dá para transformar o jogo de hoje em um problema. Se o Abel quer testar variações táticas e peças, que o faça. É para isso que serve o Flamengão. O que eu não consigo entender, e provavelmente ninguém consiga, são as substituições do segundo tempo. O Fluminense virou um mexidão para testar jogadores, sem que um dos mais testados de todos, William, que jogou mal, fosse substituído.
São coisas só concebíveis em treino, mas temos, também, que reconhecer que o que vimos hoje foi um treino. O único ponto a ressaltar é nossa incapacidade de entender o que queria Abel, exceto pelo esquema inicial, trocando os três zagueiros por três volantes.
A vitória magra só me incomoda a partir do ponto de vista de quem, diante da última exibição tricolor, esperava um jogo mais divertido e uma vitória mais contundente. Mas temos que reconhecer o mérito do Nova Iguaçu, que, sendo a pior defesa do campeonato, surpreendeu em sua capacidade de neutralizar nossas ações ofensivas.
Eu não vou cornetar o Abel, porque na minha última coluna perdi as estribeiras e isso me deixa desconfortável. Trabalho de treinador não se avalia por um ou dois meses. Eu quero ver mais, porém sempre de forma crítica, que é para isso que estou aqui. Embora ainda tenhamos um compromisso no sábado, as atenções já estão voltadas para o duelo da próxima terça-feira pela Libertadores.
Não é aí que nós vamos saber se o trabalho é bom ou ruim, mas esperamos ver o time titular em campo, e já temos elementos para entender os caminhos que podemos seguir para que ele seja definido.
Saudações Tricolores!